sexta-feira, 31 de julho de 2015

25 ANOS DE UM SIM A DEUS



25 ANOS DE UM SIM A DEUS
25 ANOS DE ENTRADA NOS APÓSTOLOS DE SANTA MARIA

Faz hoje 25 anos que entrei para a comunidade e seminário dos Apóstolos de Santa Maria. Em dia de Santo Inácio de Loyola, hoje fundador dos Jesuítas, nada melhor que fazer minhas as palavras de tão grande mestre!

Tomai, Senhor, e recebei
toda a minha liberdade,
a minha memória,
o meu entendimento
e toda a minha vontade,
tudo o que tenho e possuo;
Vós mo destes;
a Vós, Senhor, o restituo.
Tudo é vosso,
disponde de tudo,
à vossa inteira vontade.
Dai-me o vosso amor e graça,
que esta me basta!

Santo Inácio de Loiola

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Felizes os que choram



Apesar de parecerem pedaços de solidão, as lágrimas são gotas de amor que nascem aos pares.

As tristezas não são aflições. A tristeza é o que fica depois da desgraça do momento. Estar triste dura.

Os naturais tormentos da vida ensinam-nos que ser feliz é uma forma de viver nas profundidades imutáveis da existência, não nas superfícies e aparências agitadas e passageiras da vida.

A fragilidade humana leva a que por vezes tenhamos de experimentar o que julgamos ser o desaparecimento da nossa felicidade... perdemos e sentimos as perdas. Perdemos o que temos, mas não o que somos. Amar é dar-se. Os que nos amaram deram-se-nos. Não se perderam porque existem em nós. Sou também aquele que me amou. Que me ama.

A dor é um mal. Por vezes, chega através da culpa. Quando não percebemos bem o que sentir e o que pensar. Quando dizemos o que era para calar ou fazemos silêncio do que era para dizer. Quando não escolhemos bem o que fazer ou como fazê-lo.

Por vezes, a mágoa é funda. Tantas vezes é a própria liberdade que parece ser o nosso castigo. Quanto mais opções temos adiante, maiores serão depois os arrependimentos.

Mais profunda do que a pena é a saudade verdadeira. A pena é uma impressão de desgosto que se crava no coração. A saudade é muito mais doce mas, qual espada, muito mais dura, afiada e longa. Parece destruir o que celebra. Trata-se de uma das tristezas mais fundas... a de se haver perdido o que se teve, a de se continuar a amar o que já não está aqui connosco. A de se continuar a ser dois depois de deixarmos de sentir o outro.

Há quem, mesmo triste, escolha alimentar-se da luz. E quem, em igual situação, prefira alimentar as sombras. Um amor que se fez ausente dói, mas o sofrimento só existe porque o bem não desapareceu. Está ali. Não foi destruído ou esquecido, pois, nesse caso, não se sofreria, porque teria desaparecido também a razão pela qual sofrer.

A saudade é um bem pelo qual se sofre.

Uma saudade que se extingue é sinal de um amor que não existiu. Os amores que acabam nunca são verdadeiros...

A vida é uma alegria profunda. Um mistério. Um milagre.

Não há tristeza pura... porque flutua sempre nela uma certa paz: a da certeza de um além que existe.

Todas as lutas são lutos... e os lutos são marcas da verdade e da tristeza de quem é feliz…

O luto é uma gravidez ao contrário. Um processo lento por onde o matéria se vai convertendo em espírito. Enriquecendo-nos pelo amor de que nos faz criadores.

O consolo de quem chora é a certeza de que quando se ama... a felicidade está tudo e é para sempre.

As lágrimas são silêncios que abrem os nossos olhos à luz.

José Luís Nunes Martins

terça-feira, 28 de julho de 2015

Fazei de nós, Senhor, uma oferenda permanente!



"Faz de mim, Senhor, uma oferenda permanente" - esta, uma frase da liturgia da Missa que me anda a desafiar há muito tempo. Gostava de a fazer verdade em mim mas tenho consciência também da enorme distancia a que estou dela. Sei que nela está a meta da felicidade total que eu - e todos - procuramos e por isso queria muito tentar.

No outro dia, ao passear, vi um caracol a arrastar-se na sua incrível lentidão até que "por fim" chegou ao seu destino. Então... porquê não tentar eu também chegar ao meu destino mesmo que demore toda a vida que me resta? Acho que vou tentar

quarta-feira, 22 de julho de 2015

A pastoral do abraço do Papa Francisco



Por Pastoral entende-se o cuidado dos fiéis cristãos, por parte dos seus pastores, para encaminhá-los à plena salvação do Reino de Deus, por isso, podemos falar de diversos métodos pastorais. Em primeiro lugar, é preciso destacar a importância da palavra, oral ou escrita, para anunciar o evangelho do Senhor.

Porém, à palavra é preciso acrescentar as imagens e os sinais sacramentais que falam aos sentidos. E não podemos esquecer a música e os modernos meios de comunicação com todas as variedades informáticas recentes.

No entanto, o Papa Francisco acrescentou a estes métodos pastorais um caminho pastoral novo: a pastoral dos gestos significativos e, concretamente, a pastoral do abraço.

Desde o início do seu pontificado, Francisco realizou gestos muito significativos (não residir nos Palácios apostólicos vaticanos, vestir e viajar de forma simples, ir a Lampedusa...), mas, principalmente, abraçando crianças e doentes, anciãos e mendigos, gente com diferentes capacidades físicas, imigrantes africanos e asiáticos…

 Na sua recente viagem à América Latina também abraçou homens e mulheres privados de liberdade e a todos os que se aproximaram dele para lhe manifestar o seu testemunho e os seus pedidos. São abraços ternos e fortes ao mesmo tempo, sem palavras, como os abraços de Jesus nas crianças da Palestina, ou como o abraço do pai, da parábola, ao seu filho que chegava a casa destroçado e dolorido.

A Igreja quer-se manifestar deste modo, como uma mãe carinhosa, não como uma governanta rabugenta que com o seu dedo erguido ameaça todos os que se desviaram do bom caminho... Como disse João XXIII, na inauguração do Concílio Vaticano II, neste nosso tempo a Igreja prefere usar a medicina da misericórdia, mais do que a da severidade.

Não há que ser especialmente culto ou profissional para descobrir que o abraço expressa proximidade, afeto, carinho, solidariedade, empatia, amor. O abraço é, sem dúvida, algo comum na família e na sociedade, mas quando acontece no âmbito religioso expressa com gestos concretos o amor e a benevolência de Deus Pai para com os seus filhos e filhas, seja qual for a sua situação física, cultural, social ou moral. É um abraço que antecipa o abraço eterno do Pai em suas criaturas, no final dos tempos.

Por isso, Francisco não se limita a falar dos pobres ou a optar por eles, mas, sim, aproxima-se dos pobres e abraça-os. Não é simplesmente um abraço pastoral, é algo mais profundo, a pastoral do abraço. É um abraço que tem um profundo sentido profético de denúncia de um sistema que descarta e exclui. Por isso, Francisco abraça especialmente aqueles que não têm quem os abrace, os solitários, os marginalizados, os descartados, os feridos do caminho. E a estes manifesta a ternura e o carinho de Deus.

Certamente, a pastoral do abraço precisa ser complementada com outras mediações pastorais, mas é com segurança o caminho pastoral mais impactante, em muitos casos o mais necessário e o único possível quando as palavras e os gestos são incapazes de expressar algo muito profundo. Os setores populares são aqueles que melhor captam este tipo de pastoral. Ao contrário, o irmão mais velho da parábola não compreendeu a razão pela qual o seu pai abraçava o filho desviado.

O abraço pastoral faz parte da dimensão de encarnação da salvação e da graça. Deus não nos acessa através de uma espécie de fluidos etéreos e invisíveis, mas, ao contrário, através de mediações sensíveis, físicas, corporais, sacramentais. O abraço pastoral é como um sacramento que expressa a dignidade de cada pessoa e o amor misericordioso do Pai, que se revelou a nós em Jesus e que o Espírito atualiza na história.

E por isso não basta o abraço litúrgico da paz na eucaristia, é preciso ir à rua e abraçar o pobre, o enfermo, a mulher abandonada, o ancião desamparado, o privado de liberdade. Como afirma o Papa Francisco, no abraço ao pobre estamos a abrçar a carne de Cristo.

Francisco, na sua recente viagem pela América Latina, intensificou os seus abraços e através desta pastoral do abraço aproximou-nos da presença e ternura de Deus. Com os seus abraços, manifestou-nos e expressou o abraço de Deus ao seu povo. E abriu-nos um caminho pastoral para que façamos o mesmo: a pastoral do abraço. Seremos capazes de segui-la?


(iMissio.net)

segunda-feira, 20 de julho de 2015

O bom que é ter irmãos!




Ouvem-se muitos elogios aos pais, avós, namorados, amigos mas pouco aos irmãos. E eles que normalmente são tão importantes! Fazem parte da nossa vida sem nós termos decidido e podem ficar para sempre, se quisermos.

Os irmãos são os nossos primeiros amigos e são aqueles que dormem em nossa casa todos os dias. Têm o mesmo pai ou mãe, conhecem a mesma família e estão presentes em todas alturas especiais. Não precisam de ser convidados quando fazemos anos e geralmente até ajudam a preparar as festas; vão a todos os Natais e trocam connosco os presentes que recebem; partem o mealheiro e poupam juntos para comprar presentes; vão de férias todos os anos connosco e conhecem-nos como ninguém. Ter um irmão, seja rapaz ou rapariga, mais velho ou mais novo, é melhor do que ter cinquenta amigos, e não há sorte maior que essa. Com os irmãos não há vergonha nem culpa. É com eles que fazemos as maiores asneiras, e são também eles os primeiros a esconder-se para não ficar de castigo.

É com eles que dividimos o triciclo, a bicicleta e mais tarde o carro. É com eles que partilhamos grande parte da nossa vida, quando somos pequenos. O shampoo, a pasta de dentes, os cereais, os jogos, os desportos, os livros, o colégio, as viagens, o desgosto de ter más notas e alegria de ter amigos a dormir lá em casa. Entre irmãos conhecem-se as mesmas regras, aprendem-se os mesmos valores e vive-se a mesma educação, mesmo que um dia mais tarde venha a ser de maneira diferente.

Ter irmãos faz de nós pessoas menos egoístas e mais agradecidas. Dá-nos uma visão do mundo menos individualista desde que somos crianças e ensina-nos a partilhar constantemente. Sim, quando não somos únicos aos olhos dos pais, somos forçados a virar as atenções para outras pessoas e outros contextos, o que acaba por ser bom, porque nos dá uma experiência de vida muito maior. É nos irmãos que criamos os nossos primeiros modelos, aqueles que nos vão orientar mais tarde na escolha dos verdadeiros amigos. É com eles também que começamos por discutir: pelo boneco que levaram sem pedir e partiram; pela casa de banho que ficou desarrumada; ou pelas horas a que chegaram a casa com os sapatos na mão. E são eles que nos conseguem descontrolar mais facilmente, porque sabem exactamente quais são os nossos pontos fracos e os temas que mais nos irritam. Não ter irmãos não é sinónimo de infelicidade de todo, mas quando se tem é-se inevitavelmente mais feliz. São uma companhia que está sempre disponivel e uma presença com a qual não fazemos a mínima cerimónia.

Com eles aprendemos a competir pelas mais insignificantes coisas e isso prepara-nos para o resto da vida. E tornamo-nos pessoas mais sociáveis e comunicativas, o que nos ajuda a integrar na escola, no trabalho e nos grupos por onde vamos passando. Resumindo, ter um irmão é ter a possibilidade de, a toda a hora, experimentar muitas emoções diferentes, já que é neles que vamos descarregando o que de bom e mau nos acontece, o que nos preocupa e o que nos desilude.

Um irmão ensina-nos mas também aprende connosco. Se somos mais velhos sentimo-nos no dever de ajudar e proteger; se somos mais novos admiramos e tentamos imitar o que fez ou disse. Por mais semelhanças que existam, a personalidade é sempre diferente o que irá ser desafiante e enriquecedor durante toda a vida. Quando somos pequeninos é mais fácil sermos irmãos, já que as vidas se cruzam em todos os sentidos. Somos completamente dependentes e essa dependência distribui-se por todos.

À medida que nos tornamos adolescentes, com todas as mudanças características dessa fase, damos por nós com pouca paciência para os irmãos mais novos e com muita vontade de ter a liberdade e maturidade dos mais velhos. Ainda assim, continuamos a vê-los e fazer programas juntos, porque os pais insistem. Finalmente quando somos adultos e cada um tem a sua própria família, a sua forma de pensar, os seus hábitos e percursos diferentes, sentimos uma maior responsabilidade para manter estas relações que em tempos foram tão diárias. Aí sim, temos que nos esforçar e dedicar, conscientes de que as recordações por si só não garantem a continuidade das relações, como aliás acontece em todos os casos.

Pensar em cada um dos meus irmãos dá-me a certeza absoluta que não seria a mesma sem eles e que farei tudo para que continuemos a ser tão próximos como temos sido até agora. Mais do que os pais, os irmãos ajudam a dar realmente sentido à Família – “essa coisa estranha que parece estar a desaparecer”.

sábado, 18 de julho de 2015

O tempo não é nosso

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O amor não é uma corrida contra o tempo. Nem contra o mundo. É contra nós. Ou melhor, contra o pior de nós. O egoísmo.
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A vida precisa de tempo, ma não há pior do que adiar... muitos julgam que o momento de amar pode ser outro. Que sempre haverá tempo depois do tempo. Errado. O tempo não é nosso e que, portanto, não está ao nosso dispor.
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Vamos podendo desfrutar do tempo, mas nunca por direito.
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Somos livres no tempo, mas o tempo não é nosso. Somos responsáveis pelo que fazemos, o que significa que devemos ser capazes de responder perante alguém. Mesmo a sós, temos a obrigação de esclarecer os fundamentos das nossas decisões a nós mesmos... Pese embora muitas vezes a verdade esteja toda na resposta simples: - Não sei!
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Amar é caminhar rumo ao fim dos tempos, destruindo essa porta que separa este tempo do outro. O que há de vir. Aquele de onde todos chegámos aqui. Aquele aonde todos voltaremos. Esse mesmo, a eternidade que repousa por debaixo de cada dia. O antes do passado. O depois do futuro.
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O que sou constrói-se num diálogo dinâmico entre mim e o que existe para lá de mim, o outro e o mundo.
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O amor leva-me ao outro. Supero os meus limites, do espaço e do tempo. Porque me dou, passo a existir também no que me ultrapassa. Sou mais. Só o amor permite a conquista da eternidade. Só o amor resiste ao nascimento e à morte. Qualquer vida que nasce brota de um amor, de uma entrega gratuita e incondicional de algo ao espaço e ao tempo sem fim. Mas existir em plenitude só é possível se formos capazes de entregar esta vida, toda. Sem esperar nada em troca. Sem buscar outra recompensa que não a de saber que nos entregamos à eternidade da mesma forma que a eternidade nos confiou a este mundo.
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O mistério da nossa existência passa por assumirmos o - Não sei. Por cuidarmos de não adiar nada de importante. Por garantirmos que fazemos o que de bom é possível, assim que é possível. Julgar que o amanhã é certo não só é uma tolice como também é uma forma evidente de não merecer o hoje.
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Em muitas vidas o tempo dura, dura e dura. Estende-se. Talvez por isso haja quem não saiba entender que não há dias iguais. Que só por um dia suceder a outro, isso não garante que lhe seja semelhante. Ser, existir, é viver e dar vida. Dar a vida. Dar-se ao amanhã como se não houvesse amanhã.
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Sentir o hoje. Esquecer o ontem, mas assumi-lo. Não sonhar com o amanhã, mas construir o melhor amanhã de que formos capazes.
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Se tudo pode acabar já hoje, e por isso importa esgotar o que somos e queremos ser sem poupanças... importa sabermos que também é possível que duremos ainda muito no tempo por aqui. A nossa vida não nos pertence. Somos uma parte do todo. Não o centro. Não estamos vivos, somos vida. Uma vida cheia de mistérios, mas de beleza sublime. Podem as lágrimas e sofrimentos parecer a eternidade... mas só o bem não tem fim.
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Nem sempre somos capazes de compreender o bem que somos, o bem que nos acontece, o bem que há em tudo.
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O amor faz-nos renascer a cada vez que parece matar-nos. Fazer um caminho é construí-lo onde não existe e é necessário. Existir é dar vida à vida. Tudo o mais é... nada. Dizer que não ao amor é negar-se a si mesmo. É privar-se de si. Anular-se. Fazer-se nada.
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Não sabemos de que tempo chegámos, nem para que tempo vamos. Mas chegámos e vamos. Não sabemos nem quando, nem onde. Mas a nossa essência não deixa margem para dúvidas: não somos nem um acaso nem algo sem sentido.
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Importa compreender e viver a profundidade do tempo. Tal qual ele é. Tal qual nós somos. Infinitos.
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Somos mais do que tempo. Muito mais.

José Luís Nunes Martins

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Deus aprova provando



«Jesus fez-me compreender que,
àqueles cuja fé
é do tamanho de um grão de mostarda,
concede milagres,
e faz as montanhas mudarem de lugar,
para consolidar esta fé tão pequena;
mas para os seus íntimos,
para a sua Mãe,
não faz milagres
antes de ter experimentado a sua fé.»

Santa Teresa do Menino Jesus | 1873 - 1897
Manuscrito A. 67vº
Senhor,
quantas vezes me parece
que os bons deveriam ser recompensados
pelas suas lutas
e nada de menos bom lhes deveria suceder!
Mas este pensamento, Senhor,
tornaria a minha relação com Deus
um simples comércio.
Tu, Senhor, tens critérios muito diferentes dos meus;
Tu aprovas não recompensando,
mas provando os teus amigos,
os teus íntimos,
para que a sua fé cresça
e se transforme de humana em divina,
para que nunca caiam na tentação
de se acharem credores de Deus,
mas olhem para Ti como o Deus bom,
que de todas as situações tira o bem do mal
e “concorre em tudo
para o bem daqueles que O amam”.

sábado, 11 de julho de 2015

O dom de sofrer


Muitas vezes a fé é o único fundamento da coragem...

Ninguém deseja o sofrimento. Mas muitos buscam alcançar aquilo que só através dele se consegue... face a face com as adversidades da vida há que seguir para diante, pois que o bom caminho nunca se faz para trás, para onde já está feito, nem para os lados, que não levam a lado algum...

Por vezes, temos mesmo de inventar novos gestos de amor. Mesmo os momentos mais felizes da nossa vida, chegará o dia em que serão o motivo das nossas lágrimas. Ainda assim, vale sempre a pena, por mais dolorosa que seja essa pena, lutar pela felicidade mais profunda... não porque o resultado seja garantido, mas porque a luta em si já é uma vitória. 

Somos do tamanho do que combatemos. Que glória pode haver em lutar e vencer algo fraco? Que desonra pode sentir quem luta contra algo muito mais forte?

Os nossos dons não são direitos que nos foram dados, antes deveres a ser cumpridos. Custe o que custar. Só assim seremos alguma coisa, só assim chegaremos a ser quem somos. Afinal, cada um de nós é as suas obras.

Esta vida é breve. Muito breve. Há um lugar aterrador onde acabam os egoísmos deste mundo enganador. Todos, um dia, nos veremos nessa terra de desesperança, mas apenas alguns de nós terão a afinco de persistir com a sua força naquela esperança simples de que haverá sempre manhã depois de qualquer noite... por mais fria, escura e longa que ela seja. Esta vida é breve, mas talvez seja apenas parte de uma outra, que não tem fim. A essa, talvez, só chegue quem tem a coragem de experimentar todo o amor que há no ar que respiramos, que nos inspira... nos alimenta... e que devolvemos sempre... sempre.

Ter um verdadeiro dom não significa que se consiga fazer algo bem, é esforçar-se por fazer o bem, vezes e vezes, sem conta, sempre. Um talento nada é sem a vontade, a força e a persistência para o fazer vencer sobre a nossa natureza humana.

Não é raro encontrar quem julgamos fraco mas que é na verdade um guerreiro admirável, assim como é comum que, sob a capa de um herói valente se encontre apenas o que resta de um espírito fraco e mesquinho que tudo faz pelas aparências e nada pelo outros ou, sequer, por si mesmo...

Os fortes quase nunca sabem que o são. A verdadeira força nasce da humildade... uma arte que começa por guardar no silêncio a luta contra todas as tempestades de desassossego que ensombram o seu coração. Aí, no palco do maior de todos os combates... aí, onde cada um de nós vive a verdade de forma pessoal e absoluta... aí... nesse mundo onde só com a verdade se vence a mentira. 

Há mesmo quem seja capaz de vencer o maior mal, como se isso fosse a coisa mais simples do mundo...

Na vida, tal como no nosso íntimo, quanto maior for a luz, maior será a sombra... mas essa sombra estende-se sempre para o lado errado do caminho.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Maria, dá-me o teu sorriso...

 

Que no teu sorriso eu veja o coração de Deus
que corre com pressa para me abraçar.
Que no teu sorriso eu entenda que Deus é sempre maior
que tudo o que é e será em mim só cinza.

Que no teu sorriso eu sinta o perdão de Deus
a tudo o que já lhe confessei, mas ainda me martiriza.
Que no teu sorriso eu possa ver o sorriso de Deus,
que inunde minha alma e suavize minha dureza.

Que no teu sorriso eu aprenda a bondade de Deus,
que me devolve bem por mal e dissolve minha malícia.
Que no teu sorriso eu possa agradecer ao Pai,
que me amou primeiro e não deixa de me amar.

Que no teu sorriso, Maria,
eu veja que é glória de Deus
que minha alma tenha vida
e meu rosto, um sorriso.

Amen.

terça-feira, 7 de julho de 2015

Tempo para Deus



Senhor, 
eu sei que tenho tempo para o que gosto de fazer, 
para o que quero fazer. 
Ajuda-me, Te peço, 
a disciplinar o meu tempo 
de forma a dar-Te vinte minutos ou meia hora por dia, 
para estar a sós conTigo. 
Senhor, eu sei que isto me é muito difícil 
com todas as ocupações do meu dia-a-dia, 
mas dou-me conta de que pela oração 
me vêm todos os bens 
e sem oração fico muito mais fraco 
e cometo muito mais erros na minha vida. 
Quero expor-me aos raios do Teu “Sol de Amor” 
que me iluminam e mostram o caminho a seguir.

sábado, 4 de julho de 2015

Alma de Maria

Alma de Maria, santificai-me
Coração de Maria, salvai-me
Olhar de Maria, acompanhai-me
Sorriso de Maria, iluminai-me
Ternura de Maria, envolvei-me
Humildade de Maria, repassai-me
Simplicidade de Maria, simplificai-me
Serenidade de Maria, pacificai-me
Pureza de Maria, purificai-me
Sofrimentos de Maria, confortai-me
Coragem de Maria, robustecei-me
Amor de Maria, transformai-me
Mãos de Maria, amparai-me
Nos meus caminhos, guiai-me.
Ó Maria,
No amor de vosso Filho firmai-me
De todo o mal preservai-me
Nas tentações defendei-me
Na hora da morte ajudai-me
Para o céu convosco levai-me
para eternamente louvar a Santíssima Trindade.
Ámen.

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Achar e saber



Ainda bem que podemos achar e saber ao mesmo tempo.
"Achas que os rapazes de agora são diferentes dos rapazes da tua geração?" A resposta certa é "Acho que sim mas sei que não, que não são".
Acho que sim porque me parece que os rapazes de agora são mais civilizados, menos predadores, mais solitários e bem comportados do que os rapazes do meu tempo. Mas sei que não é assim porque desde que os seres humanos começaram a escrever os velhos acharam sempre que os novos eram muito piores ou melhores do que eles. E os novos também foram caindo sistematicamente no mesmo erro.
Achar é encontrar a primeira coisa que cada um de nós tem, que é a vaidade. Achar é como pensar "no meu tempo..." em que as reticências tanto podem assinalar que era tudo melhor ou que tudo era mais difícil. Ou, frequentemente, que naquele meu tempo que, obviamente, só eu sei definir, as coisas não só eram mais difíceis mas, por serem difíceis, eram muito melhores.
Tenho uma grande biblioteca de livros de citações e é preciso que seja grande para perceber que se citam, sobretudo, uns aos outros. É uma das mais deliciosas desilusões da vida.
Vai-se ver "juventude" e "velhice" e as citações, por muito diferentes que sejam, dizem sempre o mesmo. Dizem, sobretudo, que são diferentes. Mas é nisso, precisamente, que mais se parecem.
Achar é o pensamento primitivo, automático e previsível. Dá prazer. Saber é o pensamento já pensado, eterno e indispensável. Só entristece e dá chatices.
Ainda bem que podemos achar e saber ao mesmo tempo.

Miguel Esteves Cardoso

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...