segunda-feira, 20 de julho de 2015

O bom que é ter irmãos!




Ouvem-se muitos elogios aos pais, avós, namorados, amigos mas pouco aos irmãos. E eles que normalmente são tão importantes! Fazem parte da nossa vida sem nós termos decidido e podem ficar para sempre, se quisermos.

Os irmãos são os nossos primeiros amigos e são aqueles que dormem em nossa casa todos os dias. Têm o mesmo pai ou mãe, conhecem a mesma família e estão presentes em todas alturas especiais. Não precisam de ser convidados quando fazemos anos e geralmente até ajudam a preparar as festas; vão a todos os Natais e trocam connosco os presentes que recebem; partem o mealheiro e poupam juntos para comprar presentes; vão de férias todos os anos connosco e conhecem-nos como ninguém. Ter um irmão, seja rapaz ou rapariga, mais velho ou mais novo, é melhor do que ter cinquenta amigos, e não há sorte maior que essa. Com os irmãos não há vergonha nem culpa. É com eles que fazemos as maiores asneiras, e são também eles os primeiros a esconder-se para não ficar de castigo.

É com eles que dividimos o triciclo, a bicicleta e mais tarde o carro. É com eles que partilhamos grande parte da nossa vida, quando somos pequenos. O shampoo, a pasta de dentes, os cereais, os jogos, os desportos, os livros, o colégio, as viagens, o desgosto de ter más notas e alegria de ter amigos a dormir lá em casa. Entre irmãos conhecem-se as mesmas regras, aprendem-se os mesmos valores e vive-se a mesma educação, mesmo que um dia mais tarde venha a ser de maneira diferente.

Ter irmãos faz de nós pessoas menos egoístas e mais agradecidas. Dá-nos uma visão do mundo menos individualista desde que somos crianças e ensina-nos a partilhar constantemente. Sim, quando não somos únicos aos olhos dos pais, somos forçados a virar as atenções para outras pessoas e outros contextos, o que acaba por ser bom, porque nos dá uma experiência de vida muito maior. É nos irmãos que criamos os nossos primeiros modelos, aqueles que nos vão orientar mais tarde na escolha dos verdadeiros amigos. É com eles também que começamos por discutir: pelo boneco que levaram sem pedir e partiram; pela casa de banho que ficou desarrumada; ou pelas horas a que chegaram a casa com os sapatos na mão. E são eles que nos conseguem descontrolar mais facilmente, porque sabem exactamente quais são os nossos pontos fracos e os temas que mais nos irritam. Não ter irmãos não é sinónimo de infelicidade de todo, mas quando se tem é-se inevitavelmente mais feliz. São uma companhia que está sempre disponivel e uma presença com a qual não fazemos a mínima cerimónia.

Com eles aprendemos a competir pelas mais insignificantes coisas e isso prepara-nos para o resto da vida. E tornamo-nos pessoas mais sociáveis e comunicativas, o que nos ajuda a integrar na escola, no trabalho e nos grupos por onde vamos passando. Resumindo, ter um irmão é ter a possibilidade de, a toda a hora, experimentar muitas emoções diferentes, já que é neles que vamos descarregando o que de bom e mau nos acontece, o que nos preocupa e o que nos desilude.

Um irmão ensina-nos mas também aprende connosco. Se somos mais velhos sentimo-nos no dever de ajudar e proteger; se somos mais novos admiramos e tentamos imitar o que fez ou disse. Por mais semelhanças que existam, a personalidade é sempre diferente o que irá ser desafiante e enriquecedor durante toda a vida. Quando somos pequeninos é mais fácil sermos irmãos, já que as vidas se cruzam em todos os sentidos. Somos completamente dependentes e essa dependência distribui-se por todos.

À medida que nos tornamos adolescentes, com todas as mudanças características dessa fase, damos por nós com pouca paciência para os irmãos mais novos e com muita vontade de ter a liberdade e maturidade dos mais velhos. Ainda assim, continuamos a vê-los e fazer programas juntos, porque os pais insistem. Finalmente quando somos adultos e cada um tem a sua própria família, a sua forma de pensar, os seus hábitos e percursos diferentes, sentimos uma maior responsabilidade para manter estas relações que em tempos foram tão diárias. Aí sim, temos que nos esforçar e dedicar, conscientes de que as recordações por si só não garantem a continuidade das relações, como aliás acontece em todos os casos.

Pensar em cada um dos meus irmãos dá-me a certeza absoluta que não seria a mesma sem eles e que farei tudo para que continuemos a ser tão próximos como temos sido até agora. Mais do que os pais, os irmãos ajudam a dar realmente sentido à Família – “essa coisa estranha que parece estar a desaparecer”.

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Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...