sábado, 26 de dezembro de 2015

Depois da bonança, vem a tempestade

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Há quem julgue que, nesta nossa vida, os tempos de paz e alegria são para sempre... na verdade, a calmaria é um sinal da aproximação de tempos difíceis. Assim é no mundo exterior, assim é no interior de cada um.

Há quem não se preocupe com as tempestades, julgando que são pessimistas os que se preparam, e tentam cuidar de tudo o que lhes é possível, para que diante das tragédias possam fazem mais do que ficar parados a ver...

Só quem resiste às tempestades tem valor. Os fracos deixam-se ir... como os destroços.

Já todos caímos e nos levantámos... fomos frágeis e heróis, no entanto, poucos são os que cumprem o dever de não esquecer as suas forças e vitórias perante as adversidades passadas.

Mais vale ser bom do que ser grande. Em tudo e em cada coisa.

As bonanças não duram... e depois de uma tempestade, outra tempestade virá. E se parece que nunca há paz no nosso interior, é essencial que consigamos garantir que o nosso coração é forte e se mantém lá no alto, acima das nuvens. Porque amar e ser bom não é ter o céu no coração, antes sim, ter o coração no céu... apesar de tudo o que se passa aqui.

José Luís Nunes Martins

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

domingo, 20 de dezembro de 2015

Para além do Pai Natal, reaprendamos a arte do dom

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Quando as crianças se dão conta - e dão-se conta muito depressa - que o Pai Natal não existe, falam disso entre elas, mas diante dos adultos fingem que não o sabem ainda durante algum tempo, porque percebem que isso lhes dá prazer. O Pai Natal é uma crença extremamente efémera que se torna numa representação cultural ou familiar tácita, apenas isso. Não admira que muitos se interroguem sobre a razão da persistência da sua figura quando, grandes ou pequenos, muito poucos acreditam verdadeiramente nela. O Pai Natal seria então uma imposição meramente comercial, um ícone vazio, um símbolo gasto e esgotado que não tem nada mais a dizer? Provavelmente sim, se pensarmos na banalização massiva que assistimos ano após ano.

Em todo o caso, vale a pena sondar esta estranheza que faz com que os pais continuem a atribuir a uma outra entidade - uma entidade gráfica e pitoresca como o Pai Natal - os dons que eles mesmos compram para os próprios filhos. Seria lógico pensar que faria mais sentido que o presente fosse ligado ao seu rosto, um tosto bem conhecido, que transmite confiança e afeto, um rosto que reforça o contexto habitual da criança. O dom é, em vez disso, atribuído a uma entidade anónima, desconhecida, que aparece anualmente e de modo fugaz, sem uma relação personalizada com aqueles que oferecem os dons. Mas é precisamente este fato que nos induz a refletir sobre aquilo que se ativa no ato de dar e de receber. Que significa dar? Quem é o agente do dom? De quem recebemos aquilo que nos é dado? É aqui que se decide o sentido submerso do Pai Natal.

Sublinhemos, antes de mais, que o Pai Natal não deixa de ser um pai. O, melhor, o pai de um pai, um avô, se tivermos em consideração a sua idade, a sua barba branca, o seu humor tilintante e redondo, a sua bondade um pouco extravagante. Trata-se, no fundo, de um predecessor, de alguém que não representa apenas o instante atual mas quanto nos é transmitido de geração em geração, aquilo que os nossos pais nos dão porque o receberam antes dos seus pais e assim por diante.

O Pai Natal alarga os restritos metros quadrados da família contemporânea e estende os laços, testemunhando também tudo aquilo que se recebe dos outros, e não só dos pais, não só daqueles que constituem o quadro normal da vida. Deste modo, ele une cada criança a todas as crianças do mundo na expectativa e no entusiasmo pelo dom, sem o qual a vida nada seria. O dom, não o esqueçamos, é muito diferente do circuito frio, tão sonâmbulo e voraz, da troca e do comércio, mesmo se hoje parece totalmente sequestrado por essas lógicas.

O que é que de mais precioso podemos dar aos outros que a nossa atenção criativa, o nosso cuidado, o nosso tempo, a nossa fidelidade ao que cada um, em cada instante, é? O dom gera dom, mas não no sentido da gramática mercantil que procura o proveito próprio mais do que a experiência autêntica da oferta de um presente.

O citadíssimo "do ut des" (dou-te para que me dês) é um mote que trai a beleza do dom, o qual pode ser unicamente uma expressão de amor sem cálculo nem medida. Por isso é urgente resistir à pressão comercial que enche o saco do Pai Natal de coisas, coisas e mais coisas, que têm o único efeito de neutralizar a relação, de perpetuar de modo camuflado a indiferença e a distância, em vez de construir uma presença calorosa, disponível, confiante na nossa humanidade diante da humanidade dos outros.

Por isso, quando nós, adultos, nos sentamos junto às crianças, mesmo àquelas que ainda não sabem escrever, para as ajudar a redigir a sua cartinha ao Pai Natal, é importante que tenhamos bem claro dentro de nós a oportunidade e o sentido que naquele momento estão em jogo. Precisamos de reaprender a arte do dom.

José Tolentino Mendonça 
In "Avvenire" 

sábado, 12 de dezembro de 2015

Não é dar o momento, é dar o futuro

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Nunca chegamos a conhecer alguém de forma plena. Nem a nós mesmos. Cada um de nós é um ser profundo cuja essência está em constante mutação, nem sempre se aperfeiçoa, por vezes se deteriora. O amor é sempre uma decisão de fé, porque mesmo que soubéssemos quem é a pessoa agora, é impossível saber quem será depois. Alguns mudam pouco, outros mudam tudo.

A vida é cheia de paradoxos. Se por um lado não devemos colocar o nosso contentamento naquilo que passa, temos também a obrigação de estimar de forma especial aquilo que de bom é possível perdermos a qualquer instante.

Viver bem implica ter a luz de saber querer o melhor, a cada momento.

O amor é uma seta enviada, pela vontade mais funda, com toda a força que pode ter… segue livre… para atingir a solidão do outro, ferindo-a de forma definitiva. Nunca mais será refém da tristeza do abandono. Outras dores lhe chegarão, outros espinhos se lhe hão de cravar na carne… mas solidão, não… quem tem o dom de amar nunca mais estará só.

Porque te amo, entrego-te não só este momento, mas todo o meu futuro. O que sou e o que serei, aceitando-te como és e como serás...

O amor marca-nos no mais fundo de nós. Aperfeiçoa-nos. Para sempre…

José Luís Nunes Martins
12 de dezembro de 2015
Ilustração de Carlos Ribeiro

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Está na hora de voltar para casa!



A maior rede de supermercados da Alemanha, a Edeka, lançou o seu primeiro anúncio para a quadra festiva do Natal.

O anúncio de Natal da maior rede de supermercados alemã está a emocionar o Mundo. O vídeo, que já se tornou viral, conta a história de um idoso que passa o Natal sozinho.

O idoso chega a casa do supermercado e ouve as mensagens dos filhos a dizer que não podem ir passar o Natal com ele, prometendo que o fazem no próximo ano. Contudo, passam três anos e ele continua sozinho na noite de Natal. Então decide enviar uma carta a dizer que morreu.

A ação passa depois para os filhos e netos que recebem mensagens e cartas com a notícia de que o pai morreu. Regressam então a casa, de luto, mas quando entram, encontram a mesa posta para todos e o pai na cozinha. "De que outra forma conseguiria que estivéssemos juntos?", pergunta.

As lágrimas transformam-se em risos à medida que a família se reúne para o jantar.

"É tempo de voltar a casa", diz o slogan do anúncio.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

O rosto da misericórdia



O jovem Stanislas fura a barreira e avança, veloz, na sua cadeira de rodas, em direcção ao papamóvel. Francisco debruça-se e fala alguns minutos com o rapaz que perdeu as pernas num violento ataque que matou a sua família. A sua história perde-se na infinidade de outras tantas feridas, lutos e horrores que afligem a República Centro Africana.

Quando o papamóvel entrou no estádio de Bangui, na passada segunda feira, sob fortes medidas de segurança, a multidão dos fiéis aclamou Francisco, de forma ensurdecedora. E, enquanto o povo aplaudia nas bancadas, bem distantes da esburacada pista de tartan por onde o Papa ia passar, sob o olhar atento de uma fila quase compacta de capacetes azuis, eis que o jovem Stanislas fura a barreira e avança, veloz, na sua cadeira de rodas, em direcção ao papamóvel.

Francisco debruça-se e fala alguns minutos com o rapaz que perdeu as pernas num violento ataque que matou a sua família. A sua história perde-se na infinidade de outras tantas feridas, lutos e horrores que afligem a República Centro Africana. Talvez por isso - por todos desejarem aquele mesmo encontro pessoal - os aplausos soaram mais forte quando o Papa se debruçou sobre o jovem. Ninguém sabe do que falaram. Mas o que toda a gente viu foi um Stanislas esfuziante, rodopiando na pista fazendo vários “peões” e “cavalinhos” e esbracejando, enquanto conduzia a sua cadeira de rodas para fora do recinto.

“Deus é mais forte do que tudo. Esta convicção dá ao crente serenidade, coragem e a força de perseverar no bem diante das piores adversidades”, disse o Papa, na véspera, quando abriu a Porta Santa na catedral e proclamou Bangui “a capital espiritual do mundo”. Ou seja, o apelo ao valor do perdão e da misericórdia foi proclamado no país que mais deles precisa e numa das maiores periferias do mundo: a capital da República Centro Africana.

Na bula “O rosto Misericórdia”, dirigida aos fiéis do mundo inteiro, Francisco deseja “que o Jubileu seja uma experiência viva da proximidade do Pai, como se quiséssemos sentir pessoalmente a sua ternura, para que a fé de cada crente se revigore e assim o testemunho se torne cada vez mais eficaz”.
A experiência viva desta proximidade e ternura teve-a Stanislas e tantos milhares de africanos que, apesar dos sofrimentos e misérias - ou talvez por isso - não esqueceram o essencial e mereceram a preferência do Papa.

Nós, os mais distraídos do “primeiro mundo”, ainda estamos a tempo.

Aura Miguel
RR04 Dez, 2015

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Toda sois formosa, ó Maria!



Maria, Mãe Imaculada, Rogai por Nós!
"Elevemos nossas preces à Imaculada, Santa Mãe de Deus e nossa Mãe!
Virgem Santa e Imaculada,
que sois a honra do nosso povo
e a guardiã solícita da nossa cidade,
a Vós nos dirigimos com amorosa confidência.

Toda sois Formosa, ó Maria!
Em Vós não há pecado.
Suscitai em todos nós um renovado desejo de santidade:
na nossa palavra, refulja o esplendor da verdade, nas nossas obras, ressoe o cântico da caridade,
no nosso corpo e no nosso coração, habitem pureza e castidade,
na nossa vida, se torne presente toda a beleza do Evangelho.

Toda sois Formosa, ó Maria!
em Vós Se fez carne a Palavra de Deus.
Ajudai-nos a permanecer numa escuta atenta da voz do Senhor:
o grito dos pobres nunca nos deixe indiferentes, o sofrimento dos doentes e de quem passa necessidade não nos encontre distraídos,
a solidão dos idosos e a fragilidade das crianças nos comovam,
cada vida humana sempre seja, por todos nós, amada e venerada.

Toda sois Formosa, ó Maria!
Em Vós, está a alegria plena da vida beatífica com Deus.
Fazei que não percamos o significado do nosso caminho terreno:
a luz terna da fé ilumine os nossos dias, a força consoladora da esperança oriente os nossos passos,
o calor contagiante do amor anime o nosso coração, os olhos de todos nós se mantenham bem fixos em Deus, onde está a verdadeira alegria.

Toda sois Formosa, ó Maria!
Ouvi a nossa oração, atendei a nossa súplica: esteja em nós a beleza do amor misericordioso de Deus em Jesus, seja esta beleza divina a salvar-nos a nós, à nossa cidade, ao mundo inteiro.Amém."

Papa Francisco
*Ato de Veneração à Imaculada Conceição (8 de dezembro de 2013) 

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Despedida



“Se por um instante Deus se esquecesse que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso, mas pensaria tudo o que digo.
Daria valor às coisas não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais.
Entendo que por cada minuto que fechamos os olhos, perdemos 60 segundos de luz.
Andaria quando os outros páram, acordaria quando os outros dormem.
Ouviria quando os outros falam e como desfrutaria de um bom gelado de chocolate…
Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.
Meu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre gelo e esperava que nascesse o sol.
Pintaria com um sonho de Van Gogh as estrelas de um poema de Benedetti, e uma canção de Serrat seria a serenata que oferecia à Lua.
Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas…
Meu Deus, se eu tivesse um pouco mais de vida, não deixaria passar um só dia sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas.
Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo Amor.
Aos Homens, provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar.
A uma criança dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha.
Aos velhos, ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas sim com o esquecimento.
Tantas coisas aprendi com vocês, homens…
Aprendi que todo o mundo quer viver em cima de uma montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta.
Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão, pela 1ª vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um Homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se.
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me hão-de servir realmente de muito, porque quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer…”

Gabriel Garcia Marquez

domingo, 6 de dezembro de 2015

Tesouros de amor




“Eu alcancei o pináculo do sucesso no mundo dos negócios.

Nos olhos dos outros, minha vida é uma personificação do sucesso.
Porém, além do trabalho, tenho pouca alegria. No final, a riqueza é apenas um fato da vida que eu estou acostumado.

Neste momento, deitado na cama, doente e lembrando toda a minha vida, eu percebo que todos os reconhecimentos e a riqueza que tive muito orgulho em ter empalideceu e tornou-se insignificantes diante da morte iminente.

Na escuridão, eu olho para as luzes verdes da vida apoiando máquinas e ouço os sons de zumbidos mecânicos. Posso sentir o sopro de Deus da morte se aproximando...

Agora eu sei, quando nós acumulamos riqueza suficiente para nossa vida, devemos buscar outras questões que não estão relacionados com a riqueza... Deve ser algo que é mais importante:

Talvez relacionamentos, talvez a arte, talvez um sonho de juventude...
Prosseguir sem parar em busca de riqueza apenas transformará uma pessoa em um ser torcido igual a mim.

Deus nos deu os sentidos para sentirmos o amor nos corações de todos, não as ilusões provocadas pela riqueza.

A riqueza que eu ganhei na minha vida, não posso trazer comigo. O que posso levar são só as recordações precipitadas pelo amor. Essas são as verdadeiras riquezas que irão segui-lo, acompanhá-lo, dando-lhe força e luz para continuar.

O amor pode viajar mil milhas. A vida não tem limites. Vá para onde você quer ir. Chegue a altura que você deseja alcançar. Tudo está no seu coração e em suas mãos.

Qual é a cama mais cara do mundo? -"A cama de um doente"...

Você pode empregar alguém para dirigir o carro para você, fazer dinheiro para você, mas você não pode ter alguém para suportar a doença para você.

Coisas materiais perdidas podem ser encontradas. Mas há uma coisa que nunca pode ser encontrada quando é perdida – " A Vida".

Quando uma pessoa vai para a sala de cirurgia, ela percebe que existe um livro que ele ainda tem que terminar de ler -"O Livro da Vida Saudável".

Qualquer que seja o estágio da vida estamos no agora. Com o tempo, vamos enfrentar o dia em que a cortina cai.

Tesouros de amor para sua família, amor para seu esposo, para seus amigos...

Tratem-se bem. Respeite e ame os outros.”


Últimas palavras de Steve Jobs

sábado, 5 de dezembro de 2015

O estreito caminho do bem


A nossa salvação depende do equilíbrio entre o trabalho e o descanso. As guerras desta vida pressupõem que cada um de nós, a cada batalha, saiba encontrar tempo para repousar, para cuidar do seu interior.

Há quem julgue que a felicidade será uma espécie de paz absoluta onde nada acontece e tudo nos é dado. Não é assim. Não há paz sem luta. Mais do que um estado que se alcança, a felicidade está na força que resulta da fé com que se luta pelo bem do outro… um caminho muito estreito que se deve sonhar, construir e percorrer…

Somos imperfeitos. Mas as nossas falhas só nos tornam maus quando caímos e não nos voltamos a erguer.

Vence duas vezes quem triunfa sobre o mal que há em si. 

Aperfeiçoar o nosso interior é essencial. Ninguém deve deixar os seus sentimentos e pensamentos andarem à solta, sem princípios nem orientação, impondo, a cada momento, ordens sem ordem. Devemos ser senhores de nós mesmos e não escravos dos nossos impulsos. Eis porque arrepender-se é mais importante do que lavar a cara.

Amar é ser, em silêncio, forte e bom. Mesmo quando isso nos faz sofrer. O resto… bem, o resto são egoísmos disfarçados e cheios de desculpas.

José Luís Nunes Martins

5 de dezembro de 2015

Ilustração de Carlos Ribeiro

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...