domingo, 27 de novembro de 2016

Somos feitos para estar com os outros

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A nossa humanidade enriquece-se muito se estamos com todos os outros e em qualquer situação em que se encontram. É o isolamento que faz mal, não a partilha. O isolamento desenvolve o medo e a desconfiança e impede de beneficiar da fraternidade. É preciso com efeito dizer que se correm mais riscos quando nos isolamos do que quando nos abrimos ao outro: a possibilidade de nos fazermos mal não está no encontro mas no fechamento e na rejeição. A mesma coisa vale quando assumimos o cuidado de alguém: penso num doente, num idoso, num imigrante, um pobre, num desempregado. Quando tomamos conta do outro complicamos menos a vida do que quando estamos concentrados em nós mesmos.

Estar no meio das pessoas não significa só estar abertos e encontrar os outros, mas também deixar-se encontrar. Somos nós que temos necessidade de ser olhados, chamados, tocados, interpelados, somos nós que temos necessidade dos outros para nos podermos fazer participantes de tudo o que só os outros nos podem dar. A relação pede este intercâmbio entre pessoas: a experiência diz-nos que habitualmente dos outros recebemos mais do que damos.

Entre a nossa gente há uma autêntica riqueza humana. São inumeráveis as histórias de solidariedade, ade ajuda, de apoio que se vivem nas nossas famílias e nas nossas comunidades. É impressionante como algumas pessoas vivem com dignidade a restrição económica, a dor, o trabalho duro, a provação. Encontrando estas pessoas tocas com a mão a sua grandeza e recebes quase uma luz através da qual se torna claro que se pode cultivar uma esperança para o futuro; pode acreditar-se que o bem é mais forte do que o mal porque elas estão ali. Estando no meio das pessoas temos acesso ao ensinamento dos factos.

Dou um exemplo: contaram-me que há pouco tempo morreu uma jovem de 19 anos. A dor foi imensa, muitas pessoas participaram no funeral. O que a todos tocou foi não só a ausência de desespero, mas a perceção de uma certa serenidade. As pessoas, após o funeral, falavam da admiração de terem saído da celebração aliviadas de um peso. A mãe da jovem afirmou: «Recebi a graça da serenidade». A vida quotidiana é entretecida destes factos que marcam a nossa existência: eles nunca perdem eficácia, mesmo se não fazem parte dos títulos dos jornais. Acontece precisamente assim: sem discursos ou explicações compreende-se o que na vida vale ou não vale.

Estar no meio das pessoas significa também dar-se conta de que cada um de nós é parte de um povo. A vida concreta é possível porque não é a soma de muitas individualidades, mas a articulação de muitas pessoas que concorrem para a constituição do bem comum. Estar juntos ajudar-nos a ver o conjunto. Quando vemos o conjunto, o nosso olhar é enriquecido e torna-se evidente que os papéis que cada pessoa desempenha no interior das dinâmicas sociais nunca podem ser isoladas ou absolutizadas. Quando o povo está separado de quem comanda, quando se fazem escolhas por força do poder e não da partilha popular, quando quem comanda é mais importante do que o povo e as decisões são tomadas por poucos, ou são anónimas, ou são impostas sempre por emergências verdadeiras ou presumidas, então a harmonia social é colocada em perigo, com graves consequências para as pessoas: aumenta a pobreza, a paz é posta em risco, manda o dinheiro e as pessoas passam mal. Estar no meio das pessoas, por isso, faz bem não só à vida de cada um mas é um bem para todos.
Estar no meio das pessoas evidencia a pluralidade de cores, culturas, raças e religiões. As pessoas fazem-nos tocar com a mão a riqueza e a beleza da diversidade. Só com uma grande violência se poderia reduzir a variedade à uniformidade, a pluralidade de pensamentos e de ações a um único modo de fazer e de pensar. Quando se está com as pessoas toca-se a humanidade: nunca é só a cabeça, há sempre também o coração, há mais concretude e menos ideologia.

Para resolver os problemas das pessoas é preciso partir de baixo, sujar as mãos, ter coragem, escutar os últimos. Penso que é espontânea a pergunta: como é que se faz assim? Podemos encontrar a resposta olhando para Maria. Ela é serva, é humilde, é misericordiosa, está a caminho connosco, é concreta, nunca está no centro da cena mas é uma presença constante. Se olharmos para ela encontraremos a melhor maneira de estar no meio das pessoas. Olhando para ela podemos percorrer todas as sendas do humano sem medo e preconceitos, com ela podemos tornar-nos capazes de não excluir ninguém.

Papa Francisco 
Excertos da mensagem em vídeo para o Festival da Doutrina Social da Igreja (Verona, Itália)
24.11.2016 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Levanto as minhas mãos



Levanto as minhas mãos, ainda que não tenha força...
Levanto as minhas mãos ainda que tenha mil problemas...
Quando levanto as minhas mãos começo a sentir uma unção que me faz cantar...
Quando levanto as minhas mãos começo a sentir o fogo...
Quando levanto minhas mãos os meus pesos desaparecem
e novas forças tu me dás...
tudo o isso é possível,
quando levanto minhas mãos.

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...