domingo, 29 de novembro de 2015

Mãos ungidas



Senhor,
“Dá-nos mãos ungidas que nos guiem.
Entrega-nos, Pai, quem nos conduza,
até sermos todos em Ti!
D’entre nós que somos Teus,
vem chamar quem nos ensine
a escutar o laço aberto
do silêncio que nos dizes.
Quem escute que pedimos
a doçura dos Teus olhos
e nos traga em suas mãos
a manhã da Tua luz.
Vem chamar quem pacifique
nossas mãos e que recrie
o passar igual dos dias
no Teu rosto sempre novo.
Vem chamar os que se entregam
e desfazem no Teu lume,
ateando em nossas vidas
o tamanho do Teu nome.
Torna largo o seu abraço.
Fá-los signos d’alegria.
E do colo onde recolhes
um a um nossos caminhos
vela todos os seus passos,
D’eles que velam nossos dias.
E condu-los, pois conduzem
nossos sonhos para Ti.

Fr. Daniel Augusto, O.S.B.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

Sofrer mas não sucumbir



«À noite, quando o dia cai atrás de nós, costumo caminhar ao longo do arame farpado, e do meu coração levanta-se sempre uma voz que diz: "A vida é uma coisa esplêndida e grande. A cada novo crime ou horror, devemos opor um novo pequeno suplemento de amor e de bondade, conquistados em nós mesmos. Podemos sofrer mas não devemos sucumbir» (Etty Hillesum).

Comove-me imaginar a cena de uma jovem mulher que num campo de concentração nazi anda à noite ao longo do arame farpado da reclusão e, diante do horror que a rodeia, consegue pronunciar estas palavras de vida e de esperança.

Este escrito foi recolhido no "Diário 1941-1943", tendo a data de 3 de julho de 1943. Poucos meses depois, a 30 de novembro, esta extraordinária mulher judaica, dotada de uma inteligência e de uma têmpera humana e mística única, será eliminada em Auschwitz, onde toda a sua família já tinha sido morta.

«Podemos sofrer mas não devemos sucumbir.» Estas palavras deveriam ser como um moto no dia sombrio da provação. A vida é sempre uma realidade grandiosa que pode conter também a dor mais atroz.

A nossa capacidade de amor é tal que pode opor-se à onda crescente do mal e do ódio. A nossa alma tem em si uma energia que lhe permite lutar e reagir a cada tempestade e deixar uma semente de luz no terreno árido e pedregoso da história.

Deveríamos recolher mais vezes o apelo de Etty, sobretudo quando ao primeiro obstáculo deixamos cair os braços e à primeira provação escolhemos o caminho mais fácil do sucumbir ou da fuga. Não é uma questão de audácia ou de heroísmo; é apenas uma escolha de dignidade e de esperança.

Como advertia já no séc. XVI Baldesar Castiglione, no seu "Livro del cortegiano" (1528), «é muitas vezes nas pequenas coisas, mais do que nas grandes, que se conhecem os corajosos».

P. (Card.) Gianfranco Ravasi 
Trad.: Rui Jorge Martins 

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

O ódio




«Poucas pessoas conseguem ser felizes sem odiar alguma outra pessoa, nação ou credo» (Bertrand Russell). «Quando odiamos alguém, odiamos na sua imagem alguma coisa que está dentro de nós» (Herman Hesse).

O ódio é uma cadeia que esmaga desde sempre a humanidade, sufocando-lhe o sopro vital mais profundo. A primeira e amarga constatação é atribuída a um filósofo anticonformista que em 1950 obteve o prémio Nobel da Literatura, Bertrand Russell (1872-1970).

Apesar de algum excesso na formulação («poucas pessoas» é um exagero), é todavia verdade que para alguns o ódio é quase um alimento indispensável, sem o qual não conseguiriam viver.
E na verdade, é preciso reconhecer que, mesmo em pessoas caracterizadas pela mansidão, está presente às vezes uma ponta de ódio, acompanhada por um frémito de prazer.

Chegados aqui, torna-se significativo o juízo contido na segunda frase, que extraio de um romance menor, "Demian" (1919), do celebrado (talvez demasiadamente) romancista alemão Hermann Hesse.
Odiar outro nasce muitas vezes do facto de descobrirmos nele qualquer coisa de detestável que não queremos reconhecer em nós mesmos. Mas há pior: por vezes o ódio em relação floresce de um ciúme secreto, o de se dar conta que o outro é melhor que nós.

A gerar o ódio não está, portanto, apenas o mal, mas paradoxalmente também o bem de outro, invejado e por nós não possuído.

Compreende-se então quanto é importante o apelo constante de Cristo a vencer esta obscura energia, substituindo-a pela força doce e delicada do amor, primeiro e único mandamento da moral evangélica.

P. (Card.) Gianfranco Ravasi

sábado, 21 de novembro de 2015

A morte não separa




Ninguém pode viver a minha vida por mim. Ninguém pode dar os meus passos, ver o que vejo, sentir as mesmas emoções ou pensar ideias iguais às minhas... ser é fazer a diferença.

A minha existência pode servir de modelo a outros, assim como posso tomar alguém como exemplo a seguir, mas não devemos deixar que o eu se perca, porque quando me confundir com outros perderei o meu maior valor: ser único. Amar não é anular ninguém, antes protegê-lo e promovê-lo, tal qual quer ser. O bem que é.

Não sou o que tenho, não sou o que faço. Sou apenas a marca que deixo... o que decido querer, a cada passo.

Quando nos morre alguém, perde-se a sua referência palpável. É o fim de todas as possibilidades da relação, nos termos em que a conhecemos. Mas, mais do que os seus sapatos – que outro qualquer pode usar – ficam os seus passos, ao lado de quem precisava da sua força, todos os que deu por amor... porque só o que é nobre fica. Tudo o mais é nada.

Porque o amor é a negação da morte, eis que se levanta a mais importante de todas as guerras, o visível contra o invisível, a dúvida contra a fé, o tempo contra a eternidade... cabe a cada um de nós escolher o que quer.

Quando alguém que me ama morre, fica. Contudo, depende de mim aceitar a sua presença no meu íntimo. Assumir a missão de ser um, pelos dois... mais livre do que nunca... mas é isso mesmo que quer quem nos ama de verdade: que sejamos independentes, autónomos e felizes!

Amar é estar sempre a sós com a pessoa que se ama, mesmo quando há uma enorme distância... no espaço e no tempo.

A morte não separa os que se amam, apenas aproxima e une, ainda mais, os que decidem continuar a amar-se.

José Luís Nunes Martins

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Agradecer pelas vocações




Senhor Nosso Deus,
Nós te queremos agradecer pelas vocações que concedes à Tua Igreja,
Pelos Servidores generosos da humanidade ferida,
Pelos Evangelizadores entusiasmados e corajosos,
Pelos Pastores que santificam o Teu povo com a palavra e os sacramentos da Tua Graça,
Pelos Consagrados que mostram a santidade do Teu Reino,
Pelas Famílias tocadas pela Tua beleza que vivem o modelo da Sagrada Família de Nazaré.

Que o Teu Espírito Santo
a todos continue a inspirar e orientar
nos caminhos do mundo
para que comuniquem a salvação de Cristo
a todas as pessoas da terra.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Eles têm armas, nós temos flores!




Eles têm armas, nós temos flores!

Um rapaz pequeno entrevistado pelo Petit Journal de Canal + reage aos ataques terroristas na passada semana, em Paris.

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Nenhum de nós vai sair desta vida com vida



“Nenhum de nós vai sair desta vida com vida, por isso sejam cavalheiros, sejam grandes, sejam graciosos e sejam gratos pelas oportunidades que têm”, afirmou Jake Bailey, o jovem a quem, uma semana antes do final de ano escolar, foi diagnosticado um Linfoma de Burkit, um tipo de cancro de progressão muito rápida

Jake Bailey, um jovem de 18 anos, recebeu o diagnóstico de cancro uma semana antes de realizar o seu discurso na entrega de prémios, na cerimónia de final de ano na secundária Christchurch, uma escola católica só para rapazes na Nova Zelândia. O estudante descobriu que tinha um dos tipos mais agressivos de linfoma e que tinha poucas semanas de vida, se não iniciasse imediatamente o tratamento.

A doença não impediu Jake de abandonar a cama do hospital, vestir a farda e protagonizar o discurso para os colegas de turma e seus professores. Apesar das indicações médicas, a 4 de novembro, uma quarta-feira, o rapaz apareceu de surpresa na cerimónia de entrega de prémios da escola.

“Eu escrevi um discurso, e uma semana antes de proferir esse discurso, eles [os médicos] disseram-me: tu tens cancro”, declarou o jovem, citado por órgãos como a CNN e o Stuff.co.nz.

“Depois, eles [os médicos] disseram-me que esta noite não estaria aqui para proferir esse mesmo discurso”, continuou Jake, a quem foi diagnosticado Linfoma de Burkit, um tipo de cancro que apresenta um desenvolvimento muito rápido.

O estudante da Nova Zelândia emocionou e roubou sorrisos com o seu discurso, onde homenageou amigos e professores.

“Nenhum de nós vai sair desta vida com vida, por isso sejam cavalheiros, sejam grandes, sejam graciosos e sejam gratos pelas oportunidades que têm”, aconselhou.

“Desejo-vos o melhor ao longo da vossa jornada e obrigado por tudo”, disse Jake no final do discurso, que foi partilhado no YouTube após a cerimónia, gerando uma atenção global, com mais de 900 mil visualizações.

"Esqueçam ter sonhos de longo prazo. Sejamos apaixonadamente dedicados à busca de objetivos de curto prazo. Micro-ambiciosos. Trabalhem com orgulho sobre o que está à nossa frente. Nós não sabemos onde podemos acabar. Ou quando podemos acabar", disse ainda o jovem de 18 anos.

O discurso terminou num ambiente de muita emoção. "Não sei para onde isto vai para nenhum de nós - para vocês, para qualquer pessoa e de certeza não para mim. Mas desejo o melhor na vossa viagem, e obrigado por serem todos serem uma parte de mim."

in Expresso

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

O Reino de Deus está no meio de vós


«O Reino de Deus está no meio de vós» (cf. Lc 17, 20-25) É especialmente o Evangelho que me ocupa durante as minhas orações; nele encontro tudo o que é necessário à minha pobre alma. Nele encontro sempre novas luzes, sentidos escondidos e misteriosos. […] Compreendo e sei por experiência que «o Reino de Deus está dentro de nós». Jesus não precisa de livros nem de doutrinas para instruir as almas; Ele, que é o Doutor dos doutores, que ensina sem ruído de palavras. Nunca O ouvi falar, mas sinto que Ele está em mim; em cada instante, Ele guia-me e inspira-me o que devo dizer ou fazer. Descubro, precisamente no momento em que delas necessito, luzes que nunca tinha visto; e não é especialmente durante as minhas orações que essas luzes me são dadas, é antes no meio das ocupações do meu dia.

(Santa Teresinha do Menino Jesus, 1873-1897, carmelita, doutora da Igreja, Manuscrito autobiográfico A, 83 v.)

sábado, 7 de novembro de 2015

A medida do amor



Amar alguém é fazer-se à medida de quem se ama. Não se podem amar duas pessoas diferentes da mesma forma. Porque, quando se ama alguém de verdade, o que se ama é o que nessa pessoa há de original.

Há quem julgue amar quando faz sempre a mesma coisa, mais preocupado consigo do que com o outro, repete sem cessar o que julga ser bom... assume que quem não gosta assim... não o merece... é apenas um egoísta disfarçado de romântico. O amor exige que nos esqueçamos de nós.

Amar passa por ter a coragem de dar força (mesmo quando a não temos) àquele a quem amamos, quando disso precisa. Noutra altura, quando a sua felicidade passar pelo oposto, ser capaz de partilhar com ele as nossas mais íntimas fragilidades... para que ele, com coragem, dê também sentido às suas forças. Não, não é uma troca, é apenas estar atento ao outro e preencher os seus vazios.

Quanto mais rasteiro for o sentimento, mais exigente. O amor, por ser a mais sublime fonte de todas as bondades, nada quer... senão a felicidade do outro.

A felicidade é algo demasiado importante e profundo para se conseguir sozinho. Nenhum abraço ou beijo pode ser bom se não houver um outro eu, diferente de mim. Um tu, cuja felicidade quero.

A beleza mais grandiosa de cada um estará na profunda originalidade dos detalhes em que é único. Aquilo que temos em comum uns com os outros é o fundo dos nossos corações... tudo o resto é uma construção inacabada em busca da minha felicidade no outro.




(muito obrigado mãe por me ter amado, estimulado e ajudado a ser diferente dos outros, e de, assim, tanto me ter ajudado a ser feliz... apesar de tudo!)

José Luís Nunes Martins
7 de novembro de 2015
Ilustração de Carlos Ribeiro

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Tudo fazer com amor



"Não faço nada de grande, para ser visto pelos outros.
Sei que o que conta é que tu, Senhor, bom observador,
estás a ver-me com todo o afecto e ternura.
Não é fazer grandes coisas,
mas tudo fazer com muito amor."

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Harmonia e comunhão


Que bom que é quando vemos os paroquianos a ver com os olhos de Deus. Já que não posso estar nas duas igrejas paroquiais ao memso tempo, que bem que sabe estarmos mais longe e ver que o Espírito Santo atua na vida das comunidades e dos irmãos. Não resisto em partilhar:

"Ontem notei que o padre que veio celebrar as eucarísticas à nossa paróquia estava encantado.
Resolvi fazer o exercício mental de ver a nossa igreja pelos olhos dele, e também eu fiquei encantada e orgulhosa.
A igreja estava cheia e tinha lugar sentados para todos, os bancos da frente estavam preenchidos pela catequese da adolescência, jovens bem comportados e atentos.
O coro magnífico, como sempre, e o salmo cantado pela Vera Fortuna foi um momento especial, de voz limpa, alegre e jovial, cantava que “esta é a geração dos que procuram o Senhor”.
A homilia desafiava-nos a ser santos, e o senhor padre falou numa linguagem cativante aos jovens e aos menos jovens, se por um lado catequizava, por outro falava com a jovialidade necessária à compreensão de todos na caminhada das bem-aventuranças. A assembleia esteve receptiva e acolhedora à palavra, de forma quase participativa embora não dissessem uma palavra.
No altar os 3 acólitos, trataram de toda a preparação para os ritos da comunhão. Não só vimos, como conseguimos sentir a experiência e a devoção no desempenho das suas funções.
Os nossos 6 ministros da comunhão assumem o compromisso de auxílio, na oração Eucarística, são igualmente um exemplo. Todos sabem o seu lugar, sem hesitações sem conversas, sabem exactamente quando e onde estar.
Tal como ontem ainda sinto que esta é a geração dos que procuram o Senhor, a certeza que a igreja somos nós e que somos uma igreja viva, não só ao domingo, mas todos os dias da semana.
Ok, ainda ficámos a falar dentro da igreja… mas também não pode ser tudo bom, tem que ficar alguma coisa para corrigir smile emoticon"
OBRIGADO, SENHOR, POR SERES O BOM PASTOR A CUIDAR DO TEU REBANHO

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Fiéis Defuntos



Senhor Jesus, aqui estou, no início deste dia dos Fiéis Defuntos. Recorda-Te, no teu amor, dos meus familiares, amigos e conhecidos que já partiram e vivem junto de Ti. Que o meu dia seja vivido na memória da bondade de tantas pessoas e dos desafios que me deixaram para viver uma vida melhor. Ofereço-Te o meu dia pela missão da Igreja e pelas intenções do Papa para este mês.
Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre.

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Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...