terça-feira, 26 de julho de 2011

Avós, simbolos de experiências



A sabedoria acumulada de duas gerações

Celebramos o Dia dos Avós (26/jul). Não se trata de mais uma data comemorativa criada com fins comerciais, mas de um dia de reflexão e agradecimento àqueles que tanto contribuem para a formação dos netos, sendo sua companhia cada vez mais constante e necessária no cenário atual, visto que os pais precisam trabalhar fora.

Nossos avós – e todos os idosos, de modo geral – são as pessoas que mais devem ser valorizadas como símbolos de experiência e sabedoria. Eles trazem consigo o testemunho de décadas, de gerações de avanços, modernidade e mudanças de comportamento.

Hoje, muitos deles consideram que o tempo não tem a mesma importância de outrora, tanto que o relógio de pulso é usado apenas como acessório.

Se hoje eles têm a pele flácida, o corpo mais sensível e a visão enfraquecida, devemos nos lembrar de que nem sempre foi assim. Afinal, já batalharam muito e dedicaram suas vidas ao cuidado da família. São tão dignos de carinho e respeito quanto nossos pais. Por isso, jamais devemos nos esquecer do verdadeiro valor deles.

Ser avô e avó, fazer parte da terceira ou quarta idade, não pode mais ser relacionado à invalidez, à inoperância ou à inutilidade. Grande parte ainda contribui com a mesma sociedade que os descarta, haja vista o elevado número de idosos responsáveis financeiramente por seus lares, cuidando de filhos e netos.

É muito triste constatar que em muitas famílias os idosos são tratados como objetos antigos. Há pessoas que costumam tecer comentários desrespeitosos a respeito dos mais velhos da casa, reclamando que só dão trabalho, que são lentos ou doentes. Quanta injustiça! Sua presença ensina aos mais novos o tesouro de enxergar o mundo com os olhos do coração.

Quem souber aproveitar o convívio com essas figuras que acumulam sabedoria de duas gerações, certamente terá muito a aprender com seus conselhos. Nossos avós detêm o conhecimento e a sabedoria que não são aprendidos nos livros e estão sempre dispostos a partilhar. São verdadeiros tesouros em nossa vida.

O tempo da excelência!



"Este é o nosso tempo. O tempo da excelência!
V E N C E R E M O S !

Mais uma resposta à portuguesa!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O dinheiro não compra tudo



O dinheiro não dá para comprar tudo…

“Compra a cama, mas não o sono…
Compra a comida , mas não o apetite…
Compra o livro, mas não a inteligência…
...Compra o luxo, mas não a beleza…
Compra o remédio, mas não a saúde…
Compra a casa, mas não um lar…
Compra a convivência, mas não o amor…
Compra as diversões, mas não a felicidade…
Compra a cruz de ouro, mas não a fé…
Compra um bom jazigo, mas não o céu”

terça-feira, 19 de julho de 2011

Os católicos adversativos


In memoriam de Maria José Nogueira Pinto,
uma católica não adversativa.

A barca de Pedro é como a arca de Noé. Se esta providencial embarcação incluía toda a espécie de criaturas que havia à face da terra, também a Igreja congrega uma imensa variedade de almas. Todas as gentes, qualquer que seja a sua raça, a sua cultura, a sua língua ou os seus costumes, desde que legítimos, cabe na barca de Pedro. Por isso, graças a Deus, há católicos conservadores e progressistas, de direita e de esquerda, republicanos e monárquicos, regionalistas e centralistas, etc.

Se, em política, tudo o que parece é, o mesmo já não se pode dizer na Igreja. Tal é o caso dos ‘católicos’ adversativos. Muito embora a designação seja original, a realidade é, infelizmente, do mais prosaico e corrente:

- Eu sou católico, mas...

E, claro, a seguir a esta proposição adversativa, seguem não poucos reparos à doutrina cristã. A saber: eu sou católico, mas creio na reencarnação; eu sou católico, mas defendo o aborto; eu sou católico mas, não acredito no inferno; eu sou católico, mas sou a favor da eutanásia; eu sou católico, mas concordo com o casamento entre pessoas do mesmo sexo; etc., etc., etc.

É verdade que a Igreja acolhe também aqueles que, por desconhecimento ou por debilidade, não conseguem ainda viver de acordo com todos os seus preceitos. Ao contrário do que pretendiam os cátaros, a Igreja não é só dos puros ou dos santos, os únicos que são, de facto, cem por cento católicos. Com efeito, a Igreja não exclui os néscios, nem os fracos que, na realidade, somos quase todos nós. Mas não aceita os nossos erros, nem os nossos pecados, antes impõe que, da parte do crente, haja uma firme decisão de conversão.

Esta é, afinal, a diferença entre o pecador e o fariseu: ambos pecam, mas enquanto aquele reconhece-o humildemente e procura emendar-se, este justifica-se e, em vez de mudar de conduta, desautoriza a doutrina em que, afinal, não crê. O pecador que é sincero no seu propósito de santificação, tem lugar na comunidade dos crentes, mas não quem intencionalmente nega os princípios da fé cristã.   
Na Igreja há certamente margem para a diversidade de pontos de vista, também em matérias doutrinais opináveis, mas não cabe divergência no que respeita aos princípios fundamentais. Um cristão que, consciente e voluntariamente, dissente de uma proposição de fé definida pela competente autoridade eclesial, não é simplesmente um católico diferente ou divergente, mas um fiel infiel, ou seja, um não fiel.
Conta-se que o pai de uma rapariga algo leviana, sabendo do seu estado interessante, tentou desesperadamente conseguir-lhe um marido que estivesse pelos ajustes. Para este efeito, assim tentou aliciar um possível candidato:

- É verdade que a minha filha está grávida, mas é só um bocadinho...

Ser ou não ser, eis a questão. Pode-se ser católico sendo ignorante e até muito pecador, mas não se pode ser ‘católico’ adversativo, ou seja, negando convictamente a doutrina da Igreja.
A fé não se afere por uma auto-declaração abstracta, mas pela opção existencial de seguir Cristo, crendo e agindo de acordo com os princípios do Evangelho. Não é católico quem afirma que o é, mas quem pensa e quer viver como tal. «Tu crês que há um só Deus? Fazes bem, no entanto também os demónios crêem e tremem. O homem é justificado pelas obras e não apenas pela fé. Assim como o corpo sem alma está morto, assim também a fé sem obras está morta» (Tg 2, 19.24.26).

P. Gonçalo Portocarrero de Almada
A Voz da Verdade, 2011-07-17

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Terminal



"Terminal", dizia-me alguém há cerca de dois meses, "- Ela está em estado terminal". Vi-a chegar com o marido a esse almoço de amigos, em que participou discreta e aparentemente bem disposta, na sóbria gravidade da sua postura algo emaciada, conversando sem aludir à doença, nem à inquietação ou ao sofrimento por que passava. Era assim que aliava estoicismo e bom gosto. Tinha uma maneira directa e inteligente de abordar as questões, encarando as coisas de frente, dizendo o que pensava, apresentando os seus argumentos com total clareza. Era uma mulher sem ambiguidades nem falhas de coragem e todos os que a leram regularmente nesta página podem testemunhá-lo.

A sua vida familiar, a sua carreira profissional, o seu percurso político, as qualidades de que deu provas, a sua energia, a sua capacidade de análise e de decisão, os êxitos do seu trajecto, as suas posições no tocante à sociedade e ao mundo, tudo isso já veio referido em comentários dos mais diversos quadrantes.

A sua autobiografia sumária, num texto concluído e aqui publicado, no DN, no próprio dia da sua morte, é um dos documentos humanos mais belos e pungentes que me tem sido dado ler nos últimos tempos. Pensando bem, creio mesmo nunca ter lido nada assim: alguém escreve na primeira pessoa do singular na iminência da sua própria morte, quase em tempo real, com uma autenticidade, uma serenidade e uma coragem excepcionais e desarmantes!

É com alguma melancolia que me ponho a pensar nessa relação, afinal transparente, entre saber viver e saber morrer. Como quase toda a gente da minha geração em Portugal, eu tive uma educação católica, embora não seja crente desde a adolescência. Não sinto necessidades de nenhuma espécie de incursão na esfera do transcendente, limitando-me a integrar-me nos chamados valores da civilização cristã e a fruir o que deles possa ecoar nas grandes criações do espírito humano, em especial na literatura e nas artes.

Apesar desse laicismo, impressionou-me profundamente a maneira como ela transfigurou a sua educação católica numa experiência pessoal e muito intensa de intimidade com o sagrado e esta em código de conduta moral e norma de actuação prática na vida de todos os dias. Fiquei com a ideia de que a crença cristã foi por ela interiorizada de tal maneira que tornou cada acto da sua vida numa profissão de fé e num exercício de alegria íntima. Isto é muito raro num país em que a tradição religiosa dominante, a católica, se fica as mais das vezes por rituais esvaziados de sentido e pelo mero papaguear do que se aprendeu na catequese.

Ficou-me também a impressão de que a palavra de Deus em que acreditava - e por isso queria, sabia e conseguia vivê-la como alimento espiritual quotidiano - lhe era, ao mesmo tempo, condição e explicitação constantes de uma plena realização pessoal, na própria ascese que procurava para o seu itinerário, na compreensão tolerante do próximo, nos valores da solidariedade e da cidadania, na firmeza com que defendia os princípios que para ela valiam na vida pessoal e na sociedade.

Fazia isso com a enorme naturalidade de ser uma mulher bem do seu tempo, culta e desempoeirada, aberta à modernidade e, sempre que necessário, questionadora da modernidade, de convicções solidamente assentes e pensamento estruturado, de desassombro nas atitudes e coragem sem limites na assunção de responsabilidades, e também com um trajecto de experiências acumuladas de que soube utilizar as mais duras e amargas para a inimitável têmpera da sua personalidade.


"Tenho alguma dificuldade em exprimir estas coisas, mas creio que ela soube forjar uma matriz de confiança nessa via anímica e espiritual que, para os eleitos, os happy few, é em si mesma um caminho de esperança e uma proposta de comunhão e partilha, em que o eterno e o temporal se articulam de modo indissociável, seja qual for o lugar de exílio em que o ser humano se sinta a existir.

Por isso, ao dizer "o Senhor é meu pastor, nada me faltará", nas suas palavras finais, ela citou textualmente o mesmo salmo 23 de que já tinha deixado entrever um dos versículos quando disse que, "graças a Deus", nunca tivera medo: "Mesmo que atravesse os vales sombrios, nenhum mal temerei, porque estás comigo."
Esta densa memória que vamos guardar de Maria José Nogueira Pinto é a sua prova de vida."


Vasco Graça Moura

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Pai, começa o começo!



Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: - "pai, começa o começo!". O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, sorridente, ele sempre acabava descascando toda a fruta para mim. Mas, outras vezes, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.

Meu pai faleceu há muito tempo, e há anos, muitos, aliás, não sou mais criança. Mesmo assim, sinto grande desejo de tê-lo ainda ao meu lado para, pelo menos, "começar o começo" de tantas cascas duras que encontro pelo caminho. Hoje, minhas "tangerinas" são outras. Preciso "descascar" as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes, ou então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.

Em certas ocasiões, minhas tangerinas transformam-se em enormes abacaxis... Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para "começar o começo" era o que me dava a certeza que conseguiria chegar até ao último pedacinho da casca e saborear a fruta. O carinho e a atenção que eu recebia do meu pai me levaram a pedir ajuda a Deus, meu Pai do Céu, que nunca morre e sempre está ao meu lado. Meu pai terreno me ensinou que Deus, o Pai do Céu, é eterno e que Seu amor é a garantia das nossas vitórias.

Quando a vida parecer muito grossa e difícil, como a casca de uma tangerina para as mãos frágeis de uma criança, lembre-se de pedir a Deus: "Pai, começa o começo!". Ele não só "começará o começo", mas te ajudara a resolver toda a situação com você.

Não sei que tipo de dificuldade eu e você encontraremos pela frente neste ano. Sei apenas que vou me garantir no Amor Eterno de Deus para pedir, sempre que for preciso: "Pai, começa o começo!".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Nada me faltará!


O último artigo de Maria José Nogueira Pinto

Nada me faltará!

Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.

Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções.

Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.

Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo.
Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.

Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações. Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.

Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.

A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi--a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD.

Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati-me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.
Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.

Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.

Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.

MARIA JOSÉ NOGUEIRA PINTO
publicado a 2011-07-07 às 10:59

Nota: Maria José Nogueira Pinto, de 59 anos, deputada independente eleita pelas listas do PSD e ex-candidata à liderança do CDS PP morreu esta tarde na sua casa de Lisboa, vítima de cancro no pâncreas.

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...