terça-feira, 28 de abril de 2015

15 razões para acreditar na Ressurreição



1. HAVIA UM TÚMULO VAZIO
Os fundadores de outras “fés” estão ainda enterrados ou foram cremados e as suas cinzas foram espalhadas por países estrangeiros. Jesus não. Os académicos modernos podem afirmar o que quiserem nos seus programas televisivos...a verdade é que o túmulo estava vazio.

2. O TÚMULO TINHA UM SELO ROMANO
Um pedaço de barro estava preso a uma corda (esticada à volta de uma pedra) e ao próprio túmulo. O selo romano estava estampado no barro. Quem quebra o selo, quebra a lei; e quem quebra a lei, morre.

3. O TÚMULO TINHA GUARDA ROMANA DE SERVIÇO
A guarda era constituída de pelo menos quatro homens (possivelmente mais), soldados altamente treinados. Estes soldados eram especialistas em tortura e combate, não se assustariam facilmente  por um bando de pescadores ou cobradores de impostos. Caso adormecessem ou abandonassem o seu posto, violariam a lei, o que resultaria na sua morte.

4. O TÚMULO TINHA UMA PEDRA À SUA FRENTE
A maior parte dos académicos afirma que a pedra pesaria pelo menos duas toneladas, com provavelmente dois metros e meio de altura. Seria claramente necessário uma equipa para a levantar ou arrastar, não seria trabalho para um ou dois homens.

5. HOUVE VÁRIAS APARIÇÕES PÓS-RESSURREIÇÃO, A CENTENAS DE PESSOAS
Durante seis semanas, Ele apareceu a diversos grupos de variados tamanhos em locais diferentes. Uma vez, apareceu a mais de quinhentas pessoas – um número grande demais para ser uma fraude. Já para não falar que as pessoas a quem Ele aparecia não o viam simplesmente, mas comiam com Ele, andavam com Ele, tocavam-Lhe…Jesus até um pequeno-almoço preparou (Jo 21, 9).

6. O MARTÍRIO DAS TESTEMUNHAS É PROVA
Deixariam as pessoas para trás o seu trabalho, família e vida, iriam até ao fim do mundo, seriam horrível e brutalmente mortas e abandonariam as suas crenças religiosas anteriores, acerca da salvação, só para espalhar uma mentira? Ninguém, enquanto era decapitado, entregue aos leões, queimado em óleo, ou na fogueira, ou até crucificado ao contrário, mudou a sua história. Pelo contrário, cantaram hinos de louvor e confiança, sabendo que o Senhor que derrotou a morte os elevaria também.

7. A IGREJA PERDURA
Se a Ressurreição fosse mentira, ter-se-ia apagado há anos. A Igreja é a maior e mais velha instituição de qualquer tipo, na história da humanidade. A Igreja surgiu com os Apóstolos, após o dia de Pentecostes, no ano em que Cristo ascendeu ao Céu. Ela conquistou impérios, defendeu-se de ataques (quer vindos de dentro quer de fora) e cresceu, apesar dos seus membros pecadores, porque foi fundada por Cristo, e é guiada e protegida pelo Espírito Santo. A Igreja, tal como Cristo, é tanto divina como humana.

8. JESUS PROFETIZOU QUE IA ACONTECER
Jesus anunciou às pessoas que ia acontecer. Para Ele não foi uma surpresa. E não disse apenas: “Eu serei morto” (que outros também poderiam ter previsto) mas também que “Ao fim de três dias se levantaria dos mortos.” Estes detalhes não são ironias, coincidências ou adivinhações — são profecias, e as verdadeiras profecias vêm de Deus.

9. ESTAVA PROFETIZADO NO ANTIGO TESTAMENTO
Já era anunciado séculos antes do próprio Cristo ter nascido ou ressuscitado. Centenas de profecias acerca do Messias, o que Ele diria, faria, como viveria e como morreria… foram anunciadas por pessoas escolhidas por Deus (a maioria sem nunca se ter conhecido, já agora). Isaías, Jeremias, Zacarias, Oseias, Miqueias, ou Elias (só para nomear alguns) todos apontavam para a morte e Ressurreição de Cristo, séculos antes de acontecer.

10. O DIA DO SENHOR MUDOU
Após a Ressurreição, milhares de judeus (quase de um dia para o outro) abandonaram os séculos de tradição de celebrar o Sábado (dia do Senhor) no último dia da semana e passaram a santificar o primeiro dia da semana, o dia em que o Senhor, Jesus Cristo, venceu a morte e selou a nova e eterna aliança com Deus.

11. AS PRÁTICAS DOS SACRIFÍCIOS MUDARAM
Os Judeus sempre foram ensinados (e ensinavam assim os seus filhos) que era necessário oferecer um sacrifício de carne (animal) uma vez por ano, para remissão dos seus pecados. Após a Ressurreição, os judeus convertidos na altura, grande parte deles, pararam estes sacrifícios.

12. É ÚNICA ENTRE TODAS AS RELIGIÕES
Nenhum outro líder religioso, em qualquer altura, afirmou ser Deus, excepto Cristo. Nenhum outro líder religioso alguma vez fez as coisas que Jesus fez. Nenhum outro líder religioso se provou com a Ressurreição. Confúcio morreu. Lao-zi morreu. Maomé morreu. Joseph Smith morreu. Sidarta Gautama (Buda) morreu. Cristo ressuscitou dos mortos.

13. A MENSAGEM VALIDA-SE POR SI MESMA
Um coração humilde é muito mais esclarecido e iluminado do que a lógica ou razão. Um verdadeiro crente não precisa de todos os factos para crer na Ressurreição, porque o Espírito Santo revela-nos Cristo, intima e poderosamente. S. Paulo fala disto. Corações duros e cegos nunca verão Deus, até aceitarem que não são Deus.

14. O MILAGROSO FIM ENCAIXA COM A VIDA MILAGROSA
Não se percebe a lógica? Jesus curou os cegos, os surdos e dos mudos. Alimentou as multidões, curou os leprosos e curou os pecadores. Fez com que os coxos andassem e trouxe outros de volta à vida. Multiplicou comida, andou sobre as águas e acalmou tempestades apenas com a Sua voz. O milagre da Sexta-Feira Santa é que Ele não fez nenhum milagre. Ele morreu. O milagre do Domingo de Páscoa é que Ele ressuscitou dos mortos – um fim miraculoso para uma vida miraculosa. O que mais poderíamos esperar?

15. (E A ÚNICA RESPOSTA QUE REALMENTE PRECISAMOS) . . .  JESUS CONTINUA A SER RESPOSTA
O mundo não pode oferecer nenhuma cura para o sofrimento. O mundo pode ignorá-lo, insultá-lo, debatê-lo, bombardeá-lo, medicá-lo…mas não existe nenhuma cura ou sentido para o sofrimento sem olhar para Jesus Cristo. N’Ele, o nosso sofrimento faz sentido e vale a pena. Longe d’Ele, o sofrimento não tem qualquer sentido e é estéril. A fonte da eterna juventude não existe. Não existe uma droga miraculosa. Não existe cura para a morte, excepto Jesus Cristo. O que é ilógico é pensar que o Deus da Vida não deseja que vivamos eternamente.

“Como é que alguns de entre vós dizem que não há ressurreição dos mortos? Se não há ressurreição dos mortos, também Cristo não ressuscitou. Mas se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã é também a vossa fé. E resulta até que acabamos por ser falsas testemunhas de Deus, porque daríamos testemunho contra Deus, afirmando que Ele ressuscitou a Cristo, quando não o teria ressuscitado, se é que, na verdade, os mortos não ressuscitam. Pois, se os mortos não ressuscitam, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé e permaneceis ainda nos vossos pecados.” (1Cor 15, 12-18)

Irmãos e Irmãs, porque sabemos o que aconteceu na Última Ceia, na cruz e no sepulcro há 2000 anos, conhecemos Deus-Pai intimamente, caminhamos com o Filho diariamente e somos guiados pelo Espírito Santo eternamente. Esta é a verdade, e que bela verdade é.

Mark Hart in lifeteen.com

quinta-feira, 23 de abril de 2015

Reconhecer a mãe



Com a aproximação do Dia da Mãe, que se celebra a 3 de Maio, começam a surgir campanhas relacionadas com o tema e a marca de jóias Pandora decidiu fazer uma experiência muito original para assinalar a data este ano.

A marca colocou várias crianças com os olhos vendados, a tentarem reconhecer as respectivas mães no meio de um grupo de várias mulheres, através do toque, do cheiro ou qualquer outro meio que não a visão ou a audição.

O vídeo mostra também a emoção das mães quando são reconhecidas pelos seus filhos e pretende salientar a ligação única que existe entre mães e filhos.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Fiel às pequenas luzes



«Ó meu Deus, 
torna-me fiel às pequenas luzes, 
às pequenas inspirações.» 

Beata Maria de Jesus Crucificado | 1846 - 1878
Elevações espirituais, 55

Senhor,
Ajuda-me a compreender
cada vez mais profundamente
que tudo na minha vida depende
de pequenos passos possíveis.
Um de cada vez, dia após dia…
e ao fim de algum tempo
será muito grande o percurso andado.
As grandes coisas
fazem-se de muitas pequenas coisas.
Sim, faz-me fiel às pequenas inspirações
e luzes de cada dia, de cada momento
e dá-me a fidelidade
para as pôr em prática.
Ajuda-me, Senhor!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

O vento que decidirmos ser



Uma das mais importantes escolhas que cada um de nós deve fazer é a de escolhermos qual o foco principal da nossa atenção e cuidado. Se o mundo à nossa volta, a fim de o mudar, ou se o interior de nós mesmos.

Quase todos os bens e males da nossa existência partem do nosso interior, pelo que será aí que importa aperfeiçoar, de forma profunda, tudo o que existe no nosso íntimo.

Um dos trabalhos mais importantes de cada um de nós será o de saber bem o que queremos. O segredo da felicidade pode estar aí: alterar em nós o que nos possa estar a causar desnecessárias ansiedades. Quantas vezes desejamos algo que está fora da nosso controlo?

Existem três tipos de coisas: as que dependem apenas de nós; as que escapam por completo à nossa decisão; e, aquelas sobre as quais temos algum controlo, mas não total.

Se fizermos a nossa alegria depender de algo que não está na nossa mão, então será fácil que nos sintamos roubados de algo que, na verdade, nunca foi nosso. Mesmo nos casos em que o conseguimos obter, a ansiedade associada à posse, até pela iminência de o perder da mesma forma que o ganhámos, é algo que perturba de forma séria a nossa liberdade e a nossa tranquilidade.
Não faz muito sentido que percamos o nosso tempo todo a tentar conquistar o que não depende de nós. Será uma futilidade e uma perda de energia e tempo que podia e devia ser utilizado naquilo que é essencial e está ao alcance da nossa mão.

Se eu for capaz de moderar os meus desejos, procurando valorizar mais o que tenho em vez de buscar o que não tenho, se eu for capaz de fazer tudo o que está ao meu alcance a fim de melhorar a minha vida, mais do que esperar por um milagre qualquer que me coloque nas mãos aquilo pelo qual não lutei, então estarei no caminho certo e serei bem mais feliz, ainda que não chegue aos patamares que sonho. Porque, ainda assim, terei chegado mais alto do que aqueles, em vez de se levantarem, preferem ficar deitados à espera que as suas fantasias se realizem sozinhas.

Algo que está nas nossas mãos é a possibilidade, e o dever, de estabelecermos os nossos objetivos. O que pretendemos alcançar e o que estamos dispostos a fazer a fim de os conseguir. Outra dimensão essencial e que depende apenas de nós, é o conjunto dos nossos valores, bem como a determinação de viver de acordo com eles. Os nossos objetivos e valores deviam ser um ponto central da nossa preocupação diária. Atribuir o devido valor a cada coisa pode poupar-nos a muito sofrimento…

A importância para nós de tudo o que há no mundo, interior e exterior a nós, é definida por cada um. Sou eu que valorizo ou desvalorizo um objeto, uma atitude, ação ou mesmo uma pessoa. A forma como olho para o mundo altera-o e altera-me a mim. Podemos aprender a escutar e a compreender de uma forma diferente e, com isso, mudarmos boa parte do mundo em que vivemos.

Se amanhã fará sol ou chuva não deve ser uma preocupação minha. O que posso, quero e devo fazer… sim, devia preocupar-me hoje e ocupar-me amanhã! Para ser feliz, devo fazer o que está hoje ao meu alcance… quanto ao resto, ainda que não cumpra a minha expectativa, não tem que ser alguma coisa que me frustra por completo… serei feliz, pois tê-lo-ei merecido. Apesar de tudo, mais vale merecer o que se não tem do que ter o que se não merece… afinal, é melhor ser cego do que ter olhos e não querer ver…

Há que estabelecer metas, interiores e exteriores. Procurando levar ao limite as nossas forças e talentos.

Já há muita gente infeliz, os que se preocupam mais em ser amados do que em amar, não fazendo nada para sequer se tornarem amáveis…

A felicidade depende do que eu decidir ser no meu íntimo, assim como também depende do mal que eu posso impedir-me de escolher. Sermos bons, humildes e diligentes depende apenas de nós. Só de nós. Se não o chegarmos a ser, a responsabilidade é nossa. Nenhum de nós será feliz por circunstância, mas sempre devido a um conjunto de escolhas profundas… que nos definem… tal como queremos ser.

Rumo ao melhor de mim, não é o vento que me leva, mas a minha vontade de ir.

José Luís Nunes Martins

segunda-feira, 13 de abril de 2015

S. Teresa de Ávila, amizade e oração

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S. Teresa de Jesus – fundadora dos Padres e Madres Carmelitas, a mística doutora da Igreja – é pouco conhecida em Portugal: bem conhecida e venerada é a sua filha espiritual, a carmelita de Lisieux, Teresa do Menino Jesus, igualmente doutora da Igreja. A Madre fundadora é familiar aos que vivem uma vida espiritual séria: é para eles fonte inspiradora fundamental. Nasceu em Ávila no dia 28 de março de 1515. Portanto, está a cumprir o quingentésimo aniversário, pois continua viva na memória dos que se acolhem ao seu magistério do espírito e de humanidade.

Humana para com os humanos, o relacionamento com Jesus era também muito humano. Dava grande relevo à Humanidade de Jesus, que, para ela, era a sua história evangélica, paixão, ações e palavras, historicamente realizado no corpo. Valorizava assim a essência do cristianismo, que é o mistério da Incarnação de Deus no ser humano. O colóquio amigo com Jesus era o traço relevante da sua oração.

Uma forma de lhe darmos os parabéns neste seu dia de anos é reparar na sua proposta de oração. Para ela, era comunicação amiga com Deus. Assim a define no Livro da Vida 8,5: «Não é outra coisa a oração mental senão relacionar-se em amizade, estando muitas vezes e a sós com quem sabemos que nos ama». Compreender a oração como amizade facilita o seu exercício, especialmente aos jovens, aos que vão descobrindo a força humana que a oração dá.

Uma nota essencial da amizade é a de não ser interesseira, valor de câmbio, relação económica de «dou para que dês». A relação amigável só pode existir na desproporção, porque estimo o amigo mais do que o meu eu. A amizade é a forma que o amor adota nas relações humanas: é amor correspondido.

Ora, a oração de S. Teresa enquanto amizade é comunicação gratuita, excluindo a lógica do «custo-benefício». Tem a marca da amizade e da graça. De facto, «para aproveitar muito neste caminho [da oração]…, não se trata de pensar muito, mas de amar muito» (4M 1,7). «Confio na misericórdia de Deus que não fica sem recompensa quem O tomou por amigo» (Livro da Vida 8,5). «Sua Majestade nunca se cansa de dar…» (Caminho de Perfeição 32,12).

Porque a amizade requer frequência, a oração que o é de veras frequenta a Pessoa amada. A frequência alimenta a oração e dá-lhe verdade. Como a amizade, não se coaduna com a pouca comunicação. E como a amizade, tende a tornar iguais os amigos, mantendo a identidade de cada um: «Oh, Senhor meu, que bom amigo sois!» (Livro da Vida 8,6).

A oração de Teresa de Jesus não brotou do laboratório da intelectual mas do oratório da crente que buscava e invocava Deus. Como a amizade, põe o amor a circular, numa forte corrente afetiva, que contagia a vida. Como a amizade é um estilo de vida, também a oração de Teresa o é. Não é um exercício ocasional, como não se é amigo de vez em quando. É vida e não só um certo tempo ao lado da vida. É no afazer e no acontecer de cada dia que se tece a história de amizade com Deus. A oração é vida diante de Deus.

Teresa transpunha para a oração o relacionamento afável que tinha com as pessoas. Com a arte de facilmente fazer amigos, considera a oração uma amizade superior, que sobrepuja as outras amizades e lhes dá o melhor sentido. A oração é amiga de fazer amigos. Na oração «quem fala é o amor» (Livro da Vida 34,8).

Assim orando, Teresa estava em sintonia com a oração bíblica. Ao descrever a comunicação de Moisés com Deus, o livro dos Números (33,7-11) diz que «o Senhor falava com Moisés cara a cara, como fala uma pessoa com um amigo».

Para a fé bíblica, falar a Deus em diálogo amigo tem a ver com o ser de Deus e com a sua imagem. Mas também tem a ver com a essência do ser humano e com as suas relações fundadoras. Sendo experiência do divino, a oração também é experiência do mais fundo do humano, que ultrapassa o que dele dizem as ciências. Como o orante bíblico, Teresa, ao rezar, embarcava num itinerário progressivo de melhor aceitação e consciência de si própria e de conveniente autoestima (no livro Moradas). Via-se como um ser para o divino, um ser habitado por uma Presença amiga, um ser que só se realiza na relação com Deus. Entendia-se, não como um ser fechado nos limites do humano, mas como aberta à transcendência. A linguagem da oração, realizando uma ligação com Deus, desvelava a verdade da pessoa a si própria; por ela – diz Teresa – «sabemos quem somos» (1M 1,2). Rezar a Deus é uma forma de ser humano, de se experimentar profundamente, de se perceber genuinamente e de se exprimir superiormente.

Será por isso que Teresa de Jesus era tão humana, a ponto de as pessoas que falavam com ela se sentirem tão confortáveis e confortadas?

Armindo dos Santos Vaz 

terça-feira, 7 de abril de 2015

Chama-te pelo teu nome



 «Se foste tu que o tiraste»: como se Maria já lhe tivesse dito porque chorava! Fala «dele», sem pronunciar o seu nome. Tal é o fulgor do amor: quando estamos repletos de amor, acreditamos que os outros sentem o mesmo que nós. […]. Maria é incapaz de imaginar que alguém possa ignorar a razão da sua imensa tristeza.

Jesus diz-lhe: «Maria!» Pouco antes, chamara-a pelo nome comum a todas do seu sexo: «Mulher», sem ainda Se dar a conhecer. Agora, chama-a pelo seu nome próprio, como se lhe dissesse sem rodeios : «Reconhece Aquele que te reconhece.» Também Deus disse a Moisés: «Conheço-te pelo teu nome (Ex 33,12). «Homem» é o nome comum a todos; mas «Moisés» é o seu nome próprio e Deus diz que o conhece pelo seu nome e parece declarar: «Não te conheço como conjunto dos homens, conheço-te pessoalmente.»

Assim, chamada pelo próprio nome, Maria reconhece o seu criador e no mesmo instante responde-lhe: «Rabbouni», que quer dizer Mestre. Ela procurava-O fora de si, mas Ele pediu-lhe que O procurasse dentro de si. […] «Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: “Vi o Senhor!” E contou o que Ele lhe tinha dito.» Neste momento, o pecado dos homens abandona o coração de onde procedia. Porque se foi uma mulher que, no paraíso, tentou um homem com o fruto da morte, é uma mulher que, no sepulcro, anuncia a vida aos homens e lhes leva as palavras daquele que traz a vida.

São Gregório Magno (c. 540-604), papa, doutor da Igreja
Homília 25 sobre o Evangelho; PL 76, 1188-1196

sexta-feira, 3 de abril de 2015

“Desejo ardentemente passar esta Páscoa contigo”

Quando cheguei percebi que aquele jantar iria ser muito especial. A sala era toda de pedra e o tecto uma beleza, com arcos e ogivas, e as colunas que os suportavam espalhavam-se pela sala deixando um espaço central para a mesa, enorme, que estava posta de uma maneira muito simples. As paredes estavam pintadas de cor-de-rosa velho realçando ainda mais a beleza da pedra antiga. Numa das paredes estava acesa uma lareira enorme e ouvia-se o barulhar da lenha, o que fazia um ambiente muito acolhedor.
Todos os que estávamos ali tínhamos recebido o mesmo estranho convite: “Desejo ardentemente que venhas cear comigo nesta Páscoa”. Eu olhava à roda a ver quem poderia ter sido o da ideia mas percebi que todos tinham a mesma curiosidade.
A certa altura entrou na sala um homem que começou a cumprimentar cada um de uma maneira muito calorosa. Dizia qualquer coisa enquanto nos abraçava, sem pressas e com uma imensa ternura. Quem seria ele?
Chegou a minha vez. Avançou para mim com os baços muito abertos e um sorriso de uma bondade tal que senti o coração estremecer. Instintivamente estendi também os braços e deixei-me envolver naquele abraço eterno, apertando-o contra mim com toda a força de que fui capaz. Quando me largou, olhou-me intensamente e disse-me numa voz imensamente suave: “Não imaginas como desejei que viesses! Que bom teres aceitado o convite. A tua presença enche o meu coraçao de uma enorme alegria. És uma filha muito amada. Senta-te aqui”. E arrastando um banco, mostrou-me o meu lugar. Sentia-me muito comovido, era aconchegante tudo o que ali se passava, as pessoas estavam agora com um olhar lavado e alegre, era uma alegria que vinha de dentro, como se todos os corações estivessem chapados nas nossas caras.
Começámos a comer e a conversar alegremente, o anfitrião estava num lugar central, mas era como se estivesse ao meu lado, ao lado de cada um. Falava pouco mas estava atento a todos e à conversa. A certa altura disse como se fosse a coisa mais natural do mundo – “Hoje alguém me vai trair!”. Foi uma bomba, e fez-se silêncio – quem poderia trair esta pessoa que tão bem nos recebia, que nos tinha abraçado com tanto amor, junto de quem nos sentíamos tão profundamente queridos? Alguém perguntou quase num sussurro: “Quem?”. E o anfitrião respondeu: “aquele”.
Nessa altura senti uma coisa muito estranha que mais tarde soube que todos sentiram também. Era para mim que ele olhava, era para cada um de nós que ele olhava pessoalmente. E era um olhar tão fundo que vi - num relâmpago - toda a minha história: de miséria, de negação, de infidelidade, de mentira, de orgulho, de vaidade, de injustiça, de maledicencia... e era espantoso porque todas as pessoas a quem eu tinha feito mal, de quem tinha pensado mal, a quem magoei, tinham todas SEMPRE a cara do anfitrião. Voltei a olhar para ele e reparei que me olhava com uma bondade e uma doçura que me trespassaram.
Havia um silêncio muito violento na sala que só se quebrou quando ele se levantou, pegou numa toalha e numa bacia e veio lavar os pés de cada um. Um burburinho cortou então aquele silêncio pesado. A minha primeira reacção foi dizer: “Não! Não Senhor... como posso deixar que me laves os pés?” Mas ele de joelhos, totalmente despojado, olhava-me humildemente como se aquilo fosse para ele a coisa mais importante do mundo: “Deixas? Posso? Por favor!” E voltei a ver o mesmo filme de há pouco: todas as vezes em que O ofendi, e troquei, e julguei, e esqueci, e fingi... em cada pessoa a quem o fiz... “Achas que não tens nada para lavar?” Deixei-me então lavar... perdoar... amar. A todos ele lavou os pés com um carinho incrível, e no fim, disse-nos com autoridade: “Assim como vos fiz, façam também vocês uns aos outros”.
Vim a pé para casa, devagar e pensativo. Precisava de arejar, tinha o coração aos saltos. Até que “VI”! Vi que aquele era O Senhor que eu procurava há tanto tempo, O Senhor a Quem queria amar e seguir... “O SENHOR” da minha vida. E percebi também que não Lhe interessa ser amado se O separar do meu irmão, daquele familiar, daquele amigo, daquele que me fez mal, daquele de quem não gosto, mas que é em cada um deles que Ele quer ser reconhecido e querido.
Disseram-me depois que no fim daquele jantar o tinham morto, mas não é verdade porque passados 3 dias voltei a encontrá-lO. Ía eu pela rua, e ao passar por um beco vi-O: estava deitado a dormir despido e cheio de chagas em cima de um cartão. E voltei a vê-lO quando fui a um lar de velhinhos, estava num canto só e triste. E vi-O também na televisão, num país de África, parecia cheio de fome, muito magro e com uma barriga enorme, e vi-O ainda num irmão desprezado e caluniado... Não morreu nada! ESTÁ VIVO! Vejo-O muitas vezes. Sempre que O vejo Ele volta a dizer-me ao ouvido: “Assim como te fiz, faz tu também aos outros...”

quarta-feira, 1 de abril de 2015

Tanta coisa que não preciso

O padre Arrupe, que foi superior-geral dos jesuítas, dizia, com muita graça e profundidade, que de vez em quando gostava de passear pelas ruas e parar diante de uma montra e começar a ver. "Ena!... Tanta coisa de que eu não preciso!" E começava a admirar, a contemplar tudo aquilo de que não precisava! É um exercício óptimo, seria um exercício muito útil se as pessoas se dispusessem a fazê-lo. Este devia ser o nosso antimarketing, ir a grandes superfícies ou a centros comerciais ver tudo aquilo de que não precisamos. A quantidade de coisas que lá estão de que não precisamos nada! O consumismo é uma cultura de criar falsas necessidades e com isso nos domina, infantiliza-nos.
Vasco P. Magalhães, sj
ONDE HÁ CRISE, HÁ ESPERANÇA

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...