sexta-feira, 5 de junho de 2020

Não conseguimos dizer para onde caminhamos

Outono Caminho Paisagem - Foto gratuita no Pixabay

Talvez estejamos apenas numa encruzilhada, a agulha da bússula ainda não se tenha estabilizado na indicação de um norte e tudo isto seja normal. Talvez seja só uma questão de tempo e daqui a nada vejamos mais claro. Contudo, seria equívoco não reconhecer até que ponto vivemos um daqueles momentos em que não conseguimos dizer ao certo para onde caminhamos -- nem como sociedades, nem como indivíduos. E, no aglomerado intrincado dos problemas que fazem parte da equação, sobressai, de forma cada vez mais nítida, o uso das tecnologias e o custo humano que lhe está associado, sobre os quais ainda refletimos pouco.

O diagnóstico é bem patente: a par dos elementos, indiscutivelmente, positivos que a comunicação digital permite (incremento da comunicação humana, agilização dos processos de trabalho, possibilidade de nos conectarmos em qualquer lado e em qualquer momento ...), descobrimo-nos a viver entre uma dependência forçada e uma hipnose, exaustos, mas incapazes de desconectar, capturados pela rede, devorados pela obsidiante solicitação da única verdadeira cidade que nunca dorme. O e-mail, o WhatsApp, o Facebook, o Twitter, o Instagram, alteraram de tal maneira os nossos quotidianos, tornaram-se de tal modo preponderantes e invasivos que a pergunta que se coloca é se não estarão também a alterar-nos a nós mesmos.

José Tolentino de Mendonça
O PEQUENO CAMINHO DAS GRANDES PERGUNTAS

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