"Pus-me a circular por uma livraria só pela curiosidade de ver quantas bíblias iria conseguir encontrar. Tenho a certeza que não as vi todas, mas estas, pelo menos, passaram-me pelas mãos: a Bíblia da Vela, a Bíblia da Cozinha Oriental, a Bíblia dos carros de luxo, a Bíblia do Sexo Tântrico, a Bíblia do Prazer, a Bíblia do Benfica, a Bíblia do Sporting, a Bíblia do FCP, a Bíblia do Café, a Bíblia de Paris, a Bíblia de Londres, a Bíblia do Fado, a Bíblia do Marisco.
Isto mostra bem o que se tornou a Bíblia na cultura ocidental. O facto de chamar a todos estes manuais “Bíblia” revela como na cultura ocidental a Bíblia é vista como um Manual da Religião, o apanhado organizado de todas as coisas que é preciso fazer e saber para ser religioso. O que é agora notório nas estantes das livrarias está há séculos presente na mentalidade da cristandade ocidental.
Já escrevi tanto aqui no estaminé sobre a Bíblia que não vos maço agora com grandes reflexões. Mas dá-me pena – e experimento-o quotidianamente em missão por aí – que a Escritura Bíblica não seja conhecida nem usada como uma Grande História cheia de histórias e estórias que se entretecem numa Narrativa cheia de Sentido, povoada de espelhos e sinais apontadores, aprendizagens e pecado, esperanças e tentações. A Bíblia como Manual faz mal à Fé. Mas esta é uma mentalidade delicada de afrontar, como tenho experimentado amiúde. A Bíblia lida à letra dá uma palavra mal-dita que, muitas vezes, depois se diz ser “palavra de Deus”.
Rui Santiago
"Mas dá-me pena – e experimento-o quotidianamente em missão por aí – que a Escritura Bíblica não seja conhecida nem usada como uma Grande História cheia de histórias e estórias que se entretecem numa Narrativa cheia de Sentido, povoada de espelhos e sinais apontadores, aprendizagens e pecado, esperanças e tentações.."
ResponderEliminarComo me revejo nestas palavras..
Também eu gostava muito que a Bíblia fosse e significasse para todos nós um Encontro mais certo (coerente) na nossa vida, porque num maior comprometimento.
Mas para isso não chega um de nós.
Temos de ser mais a querer que os dias sejam melhores. E não só para nós. Mas para outros Irmãos que connosco se cruzam nos dias, nas horas, em muitos momentos.
Comprometermo-nos sériamente na aprendizagem do Perdão e em darmos um Abraço.
Será porventura pouco, mas será sempre um bom começo, numa esperança que importa persevere em cada um de nós.
Vou por aí..
dulce ac