quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Rita Levi Montalcini



Ela atravessou um século de conquistas e transformações, de horrores e grandes guerras e amanhã completa cem anos. Rita Levi Montalcini nasceu em 22 de Abril de 1909. Médica, professora, prémio Nobel em 1986 pela descoberta do Nerve Grown Factor.

Sobre ele ela diz: “Cheguei ao resultado com a sorte e a intuição. Encontrei o NGF porque o procurava com grande convicção. Tinha certeza de que existisse. Aquela descoberta derrubou a ideia que o sistema nervoso fosse estático e programado geneticamente.”

Confessa nunca ter-se apaixonado. “Tive grandes amizades, profundas, mas amores verdadeiros, nunca. Meu pai, um homem vitoriano, achava que eu e minhas irmãs deveríamos ser educadas para sermos mães e esposas. No fim permitiu que frequentasse a Universidade. Foi uma grande vitória!”

Sobre o mal afirma: “O mal é o desejo excessivo do próprio bem-estar e desinteresse pelo bem comum”.

Sobre o século XX: “Durante este século tivemos grandes sucessos científicos, sociais e também grandes horrores".

Sobre racismo e antisemitismo: “Não é a consequência de um destino genético, mas de desenvolvimentos epigeneticos, culturais. Tudo começa no período formativo, nos primeiros 5 anos de vida da criança, que recebe uma série de ensinamentos e informações do tipo: você é de raça superior (ou inferior), etc… Não existem raças, só racistas. E são estas superstições que podem (como já fizeram) levar a destruição de seis milhões de pessoas. Os seres humanos são influenciados culturalmente. É por isto que o verdadeiro remédio contra o racismo é a educação.” E continua com um paradoxo: “Não podemos nos dar nunca por vencidos. Eu mesma deveria agradecer as leis raciais por terem me rotulado de “raça inferior” e assim ter me obrigado a trabalhar segregada no meu quarto, onde tinha montado um pequeno laboratório e começado as pesquisas que me levaram ao Nobel".

Sobre sua idade: «Cem anos? É a idade ideal para fazer descobertas. Nunca aposente seu cérebro. Eu trabalho dia e noite com uma equipe extraordinária. No European Brain Research Institute (EBRI), eu e meus jovens colaboradores estamos aprofundando os estudos sobre o NGF que acompanha o desenvolvimento do ser humano do período pré-natal até a velhice. Estes trabalhos poderão ser úteis para combater as doenças neurodegenerativas e desenvolver um fármaco contra o mal de Alzheimer».

Rita Levi Montalcini sorri e comenta: «O segredo da minha vitalidade é que eu vivo continuamente ocupada na pesquisa científica e nos problemas sociais. Não tenho tempo de pensar em mim mesma.”
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2 comentários:

  1. Grande Mulher.
    Tão significativo exemplo de Vida.
    Enorme Coração...inteligente, gentil, atento, amigo...
    E cuja presença ficará para sempre em todos aqueles em cujo seu olhar se deteve.
    Ser humano notabilíssimo.

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  2. Muito obrigado por esta informação tão importante, tanto do ponto de vista científico, como humano. Muito obrigado também, Padre Nuno, por tão lindo exemplo de vida, trabalho, entrega e dedicação.

    Melhores cumprimentos,
    Manuel Filipe Santos.

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