quinta-feira, 12 de março de 2009

Chocolate quente

Um grupo de jovens licenciados, todos bem sucedidos nas carreiras, decidiu fazer uma visita a um velho professor, agora reformado. Durante a visita, a conversa dos jovens alongou-se em lamentos sobre o imenso stress que tinha tomado conta das suas vidas e do seu trabalho.

O professor não fez qualquer comentário sobre isso e perguntou se gostariam de tomar uma chávena de chocolate quente. Todos se mostraram interessados e o professor dirigiu-se à cozinha, de onde regressou vários minutos depois com uma grande chaleira e uma grande quantidade de chávenas, todas diferentes - de fina porcelana e de rústico barro, de simples vidro e de cristal, umas com aspecto vulgar e outras caríssimas. Apenas disse aos jovens para se servirem à vontade. Quando já todos tinham uma chávena de chocolate quente na mão, disse-lhes:

- Reparem como todos procuraram escolher as chávenas mais bonitas e dispendiosas, deixando ficar as mais vulgares e baratas... Embora seja normal que cada um pretenda para si o melhor, é isso a origem dos vossos problemas e stress. A chávena por onde estais a beber não acrescenta nada à qualidade do chocolate quente. Na maioria dos casos é apenas uma chávena mais requintada e algumas nem deixam ver o que estais a beber. O que vós realmente queríeis era o chocolate quente, não a chávena; mas fostes conscientemente para as chávenas melhores...

Enquanto todos confirmavam, mais ou menos embaraçados, a observação do professor, este continuou:

- Considerai agora o seguinte: a vida é o chocolate quente; o dinheiro e a posição social são as chávenas. Estas são apenas meios de conter e servir a vida. A chávena que cada um possui não define nem altera a qualidade da vossa vida. Por vezes, ao concentrarmo-nos apenas na chávena acabamos por nem apreciar o chocolate quente que Deus nos ofereceu. As pessoas mais felizes nem sempre têm o melhor de tudo, apenas sabem aproveitar ao máximo tudo o que têm. Vivei com simplicidade. Amai generosamente. Ajudai-vos uns aos outros com empenho. Falai com gentileza... e apreciai o vosso chocolate quente.
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2 comentários:

  1. FORMA E CONTEÚDO

    O que é que é mais importante, a forma ou o conteúdo?

    Dir-me-eis que uma boa forma concorre para que se saboreie, devidamente, o que nela se contém e até poderei não discordar de Vós mas é preciso saber discernir:

    Assim, dentro desta caixa a que vulgo se chama de comentários mas que eu prefiro chamar de reflexões, pouco se pode fazer pela forma, não há formatação possível nem escolha do tipo de letra, alinhamento tão pouco e recobrir tudo isto com ilustrações ou anexos torna-se ainda menos possível.

    Há, no entanto, o texto que se deixa cruamente escrito, assim e pronto!

    Sem refúgio para a forma, completamente exposto ao conteúdo que tenha ou não.

    E, então, vale, por isso, menos!?

    É claro que se a este texto o podesse alindar, chamaria as atenções para o seu conteúdo, ao encontro daquilo a que o meu Amigo Padre Nuno nos alerta!

    E, nesse sentido, a forma não deixa de ter a sua importância.

    Mas o que é que conta mais:

    Uma bonita forma sem conteúdo ou um conteúdo despido dessa forma?

    É claro que numa bonita forma, algum conteúdo se espelha já ...!

    Mas de que é que me serviria uma bonita chávena se com ela não podesse beber chocolate!?

    Ao contemplá-la, é certo, já ganharia alguma coisa ...

    Não poderia contudo sorver, plenamente, a vida.


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 12 de Março de 2009

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  2. O Bom Professor e o Chocolate Quente

    Tinha sido decerto um bom professor, para estes jovens já licenciados e que ainda o visitavam com carinho.

    Tinham sido também bons alunos pois o sucesso nas carreiras é referido.

    E o velho professor continuava a ter ainda muito que ensinar, partilhando com eles, não apenas um reconfortante chocolate quente, mas toda a sua filosofia de vida.

    Pudessem todos os jovens encontrar nas suas vidas um professor assim, amigo e mestre e não seriam tantas as manhãs sangrentas que pontualmente encharcam de sangue as escolas, onde jovens de coração ferido, com um ódio por si próprios e pelos outros, espalham a morte onde seria suposto cantar a vida.

    Manuela Baptista

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