Era uma vez uma telha que se achava inútil e andava sempre triste por causa disso. Via-se assim, igual a todas as outras, alaranjada, imóvel... Enfim, inútil!
Então, chegou um dia em que ela quis tornar-se útil: decidiu "fazer-se à vida" sonhando com um telhado qualquer em que ela pudesse ser mesmo imprescindível!
Pegou nas trouxas que as telhas levam quando se "fazem à vida" e partiu, deixando lá no silencioso ("inútil!", dizia ela...) e alaranjado telhado o seu lugar.
Quando chegou o Inverno, quem vivia lá em casa teve que ir-se embora, porque era insuportável aguentar a chuva e as correntes de ar. Os quadros nas paredes, um a um, cairam todos, as paredes escureceram, os móveis apodreceram, o telhado começou todo a ceder e foi caindo.
Passado algum tempo, toda a casa estava no chão e enchia de um silêncio triste todos aqueles que passavam.
Entretanto, a telha continuava à procura do seu sonho.
Um dia havia de tornar-se útil e imprescindível para alguém em qualquer lado...
Dizia a si própria muitas vezes no seu íntimo: "Só tenho que estar atenta para não deixar passar a oportunidade certa..."
É que as telhas às vezes são muito distraídas.
Soube há uns dias que ainda anda à procura.
Oxalá encontre!
Se a encontrares por aí, diz-lhe que eu já aprendi que ninguém é feliz sozinho! Só somos "inteiros" quando somos Comunhão. Entre as pessoas, pelo menos, é assim: uma pessoa que se reduz a si própria, não chega a ser ela própria! Viver Humanamente é ConViver Amorosamente!
Ah! E diz-lhe também que não procure ser importante "para" ninguém... o que conta de verdade é ser importante "com" alguém, porque é na Comunhão que recebemos e realizamos o máximo das nossas possibilidades!
Diz-lhe. Pode ser que te escute...
Rui Santiago
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