sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Pão do coração



«Ofereço-vos este sorriso sem nada vos pedir em troca, só para o prazer, a alegria de estar convosco, de partilhar este instante de vida que nos é oferecido gratuitamente. Ofereço-vos este sorriso, sim, só para o prazer. Sabei que o sorriso é o pão do coração e que o mundo está faminto de sorriso e espera o vosso para melhor fazer bater o seu coração» (Anónimo).

«Quando estava na Bélgica e ia visitar uma catedral, encontrei este folheto no espaço onde habitualmente se colocam orações, pensamentos e reflexões espirituais.» Assim me escrevia uma irmã, enviando-me uma pequena folha amarelecida com um elogio do sorriso, escrito em francês.

Agrada-me aquela definição: «pão do coração». O que sustenta a nossa intimidade não é, com efeito, o alimento que tomamos ou a alegria confusa que nos envolve. É a serenidade, a doçura de se sentir amado, não esquecido e isolado. E o caminho para oferecer este dom de proximidade e afeto é o sorriso.

Basta só um instante para sorrir, e é como se a vida fosse atravessada por um raio de sol. Muitas vezes a nossa existência corre entre tensões e confrontos; o amuo é a atitude mais comum. Mesmo a anedota que diverte transformou-se em escárnio feroz e até em agressividade.

Há algum tempo, o filho de amigos meus embatucou na palavra "rapace", e perguntou-me o significado. Expliquei-lhe que é uma imagem extraída das aves de rapina e predadores, e que significa feroz, ameaçador, de rosto sombrio.

O rapaz concluiu: «Tal e qual como os grandes quando andam na rua». Sim, nós, adultos, já não conseguimos rir, mesmo que seja «só para o prazer» de viver.

P. (Card.) Gianfranco Ravasi 
Trad.: Rui Jorge Martins 

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