terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Aprender a ir mais longe



A Susana Réfega atualmente é paroquiana em São Julião da Barra e mãe de uma menina da catequese. Vale a pena ler!


Aprender a ir mais longe, a ser mais pessoa e a crescer na fé!

Foi no seio da sua família que Susana Réfega despertou para a fé, “de forma natural” pois a sua família era “comprometida com a Igreja, nomeadamente na vida paroquial na Paróquia de Nossa Senhora da Purificação, em Oeiras”.

Despertar para a fé no seio da família

A sua mãe sempre esteve muito envolvida nas atividades paroquiais e foi catequista e coordenadora da Catequese durante muitos anos. “Do meu pai recebi ao longo de toda a sua vida um testemunho de vida, muitas vezes silencioso e sem excessivas palavras, mas de simplicidade e coerência nas atitudes”, diz-nos. Também a sua irmã mais velha foi um exemplo “importante de como ser jovem e crescer na sociedade mantendo uma coerência de valores e escolhas”.

“Bebendo” de várias correntes e espiritualidades

Durante a sua infância, adolescência e juventude teve vários exemplos e espiritualidades a marcar o seu caminho, optando sempre por não se integrar em nenhum movimento ou grupo. “Assim, fui "bebendo" e sendo inspirada por várias correntes e espiritualidades”, conta. Em criança, recorda que os Missionários Combonianos a marcaram através dos seus testemunhos nas missas dominicais, principalmente pela sua “radicalidade, ousadia e paixão pela missão e por África”. Diz-nos que foram talvez os primeiros a despertar o seu “imaginário africano”. Já no liceu, partilha que “a beleza da liturgia e da oração de Taizé ensinaram uma outra forma de rezar, feita de poucas palavras”. Já na Universidade, dois “universos” cruzaram os seus dias e a marcaram: “Por um lado a espiritualidade inaciana, através do CUPAV, onde encontrei uma grande liberdade de pensamento e horizontes onde se cruzavam a fé, a ciência e a procura da justiça. Em simultâneo, através de um livro, conheci a vida de Charles Foucault e, mais tarde, vi esse sonho materializado ao conhecer as fraternidades das Irmãzinhas de Jesus onde encontrei uma alegria indizível e uma verdadeira pobreza.” Ao longo do seu percurso, afirma que sempre gostou de “cruzar diversos ambientes, contextos, pessoas e o meu grupo de amigos próximos sempre contou com ateus e agnósticos que me ensinaram a ir mais longe, a ser mais pessoa e (talvez sem o saberem) a crescer na fé”.

A missão desperta na sua vida

Partilha a sua primeira experiência de missão: “Diria que a minha primeira "experiência de missão" foi curiosamente fora da Igreja. Ainda no liceu integrei um grupo local da Amnistia Internacional e encontrei, na luta pelos Direitos Humanos, um terreno de missão que me ensinou a assumir responsabilidades (algumas bem áridas como escrever à mão cartas e cartas para decisores políticos espalhados pelo mundo!), a não esperar resultados imediatos, a compreender que cada pequeno gesto conta, mas também que a missão passa por compreender a(s) realidade(s) de forma mais profunda.” No Verão de 1992, após um ano de preparação com o GAS’África da Universidade Católica para partir para Luanda, o grupo teve de ficar em Portugal por questões de segurança. Passaram o verão no Bairro da Serafina, mas afirma que “a experiência não poderia ter sido mais marcante.” Os seus dias foram “assentes em fortes momentos de oração” e pôde descobrir uma realidade social que desconhecia e que considera “dura e heroica” As suas missões ao longo da vida tiveram sempre estas duas experiências como base. Em 1997 partiu para Benguela (Angola) com os Leigos para o Desenvolvimento. Deixou família e namorado (atualmente seu marido) e partiu “cheia de entusiasmo, pois tinha chegado enfim o momento esperado, sonhado, rezado ao longo de uma vida”. Esteve quase dois anos em missão, ainda num contexto de guerra civil em Angola, considera que descobriu a fé “daqueles que, tendo perdido tudo, mantinham a esperança e estranhamente a alegria. No encontro com o outro e com uma cultura, que desde o primeiro momento me apaixonou, descobri as minhas fragilidades, as minhas limitações mas também um verdadeiro sentido de missão na procura da justiça social.” Voltou à Europa e sentiu-se perdida, sem saber que direção tomar. Regressou à sua formação de origem (Medicina Veterinária) e já em Paris (onde se encontrou com o seu namorado), concluiu o doutoramento em parasitologia. No entanto, diz-nos com emoção que não conseguiu mais calar dentro de si “esta paixão pelo trabalho em prol do desenvolvimento nos países mais pobres e em particular em África.” Deixou a Veterinária e começou a trabalhar em organizações não governamentais internacionais e a acompanhar projetos em vários países africanos. “Primeiro, tendo como base Paris e, mais tarde, durante cinco anos em Londres, onde trabalhei na CAFOD (Caritas Inglaterra) e aprendi muito do que hoje sou profissionalmente”, diz-nos.

Sonho de uma vida entregue à missão

Ao terminar a nossa conversa conclui que “hoje, passados alguns anos, já casada e mãe de três filhos, enquanto Diretora da FEC, continuo a perseguir o sonho de uma vida entregue à missão, ao desenvolvimento e à justiça. Com uma fantástica equipa de mulheres e homens, comprometidos e profissionais, todos os dias, passo a passo, com projetos sérios e ambiciosos procuramos gerar mudança. A mudança que o Evangelho nos propõe e de que todos somos responsáveis”.

texto por Catarina António, FEC – Fundação Fé e Cooperação

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