quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Ser cristão no jogo da vida



"A vida é como um jogo. Quem nunca ouviu isto?
E ser cristão pode comparar-se a pertencer a uma equipa (de futebol, por exemplo).

A equipa em si é a comunidade da qual fazemos parte. Comunidade traduz comum unidade. E não é isso que se pretende numa equipa? Que sejam um, e trabalhem unidos para atingir o objectivo?
A equipa é como uma segunda (ou mesmo primeira) família dos jogadores, pois todos vivem as suas vitórias, empates e derrotas, e todos dão o seu contributo para o resultado final do jogo.

O treinador da nossa equipa é, indiscutivelmente, Jesus (não o Jorge, mas o Cristo, claro!). E como um treinador escolhe a sua equipa técnica, também Jesus chama os seus treinadores adjuntos, os seus fisioterapeutas, os seus preparadores físicos (neste caso, os seus espíritoterapeutas e os seus preparadores espirituais).
São estes aqueles que são chamados a seguir a vocação religiosa, para transmitir o legado do treinador. São eles que dizem “sim” a uma missão de grande responsabilidade, pois não é fácil orientar uma equipa com tantos jogadores, de diversos níveis. Mas uma boa equipa técnica, um bom treinador, é aquele que se adapta às situações e mantém a motivação dos seus atletas em alta.

Numa equipa de uma comunidade, o sacerdote é o treinador adjunto. É ele que orienta a equipa, os seus jogadores, conforme os objectivos, propósitos e indicações do treinador principal. É o treinador adjunto que, em conjunto com o treinador principal, motiva a equipa, prepara-a para o jogo do dia-a-dia, o jogo da vida, e dá aos jogadores as ferramentas necessárias para o sucesso destes em campo.

Os jogadores, vulgarmente chamados paroquianos, têm a missão nas mãos. Depende deles (nós) o sucesso no jogo da vida. São eles que com a sua garra, empenho, dedicação, energia e alegria põem em prática os ensinamentos dados pelos treinadores. Se não agirem, a sua equipa é derrotada pelos adversários. Se não estiverem unidos, rapidamente sofrem golos.

E a equipa adversária é uma equipa de peso. Nas suas camisolas estão escritos nomes de grandes “craques” do mal, como a inveja, o individualismo, a preguiça, o egoísmo, a ganância, a mentira…
Porém, acreditamos e seguimos o Nosso treinador, e Ele dá-nos tudo o que precisamos para derrotar os adversários, aparentemente invencíveis.

No campeonato da nossa vida temos várias jornadas; nos diversos jogos, os tradicionais 90 minutos são um pouco mais alongados, e há mais do que apenas um intervalo.
Por vezes, quando chegamos ao intervalo, estamos a perder (e com uma grande diferença). A equipa adversária consegue absorver a nossa força, a nossa motivação, ganhando, assim, vantagem sobre nós.

Mas é durante o intervalo que a equipa se reúne, que os treinadores dão as indicações necessárias para darmos a volta ao jogo. É preciso olhar e perceber quais estão a ser os nossos erros, ouvir o treinador e fazer de tudo para corrigi-los.
E voltamos a entrar em campo. O jogo não pára, a vida continua.

Há momentos em que parece que não aguentamos mais, a fadiga instalada é tão grande que só nos apetece desistir e oferecer a vitória à outra equipa. É nesses momentos que percebemos que fazemos parte de uma equipa, que não estamos sozinhos neste jogo. A equipa é formada por vários jogadores que estão lá para se apoiarem uns aos outros, para perceberem que só em conjunto conseguem ir mais além.
E quando tudo parece perdido e sem volta a dar ao resultado, o treinador principal mostra-nos a melhor táctica para o ataque. E não é um 4:4:2, um 4:3:3 ou ainda um 4:2:3:1. A melhor táctica a ser utilizada no jogo do cristão é a táctica do infinito, uma táctica de amor sem limites, que deve ser usada durante toda a partida.

Na defesa e no contra-ataque da equipa adversária aparecem muitas vezes as dificuldades, os grandes obstáculos, as tristezas, grandes muros que por vezes nos parecem intransponíveis.

Mas temos confiança no Nosso treinador. Se Ele nos convocou para o jogo é porque sabe que somos capazes de fintar, de ultrapassar e de derrotar a equipa adversária; que somos capazes de marcar golos, e de os festejar com toda a alegria, mesmo que por vezes o campo nos pareça enorme e o caminho até à baliza não seja tão fácil.
E mesmo quando o guarda-redes da equipa adversária é muito bom, não podemos desistir, pois só é golo quando a bola entra na baliza, e só nós é que a conseguimos lá pôr.

Tentamos mais uma vez, e outra, e mais outra… até conseguirmos!
Quando, na vida, marcamos golo e vemos a bola a passar para lá da linha final, enche-nos uma alegria contagiante, começamos a saborear a vitória, e apenas festejamos, mostrando aos outros a alegria de termos marcado um golo, graças aos ensinamentos dos treinadores, ao esforço da nossa equipa e à perseverança e resiliência de cada jogador.

À semelhança das competições desportivas, também nós temos o nosso objectivo e lutamos para ganhar o campeonato. Queremos sair vencedores e levar para casa a taça da felicidade plena e da vida abundante na eternidade. Uma taça que nos é dada pelo Nosso treinador; uma taça cheia, a transbordar.

Mas para lá chegarmos, temos de disputar todos os jogos do campeonato. De todas as vezes, temos de entrar em campo e suar a nossa camisola. E isso não se traduz em 100% de vitórias. Pelo contrário, a equipa que vence o campeonato tem no seu historial vitórias, empates e derrotas, pois são estes que nos fazem crescer e neles podemos ver os nossos erros, fazer de novo e aprender. Só conseguimos ser melhores numa próxima vez se tivermos consciência do que fizemos errado e estivermos dispostos a mudar.

O resultado do campeonato, por mais que queiramos, não o podemos saber já. Muitas voltas e reviravoltas podem acontecer, pois só acaba no apito final.

Até lá, resta-nos ser, como diz o Papa Francisco, atletas de Cristo, e dar o máximo de nós mesmos em campo, tentando marcar o maior número possível de golos, para os podermos festejar com toda a alegria, em conjunto com a nossa equipa e treinadores."

Helena Chaveiro

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