sexta-feira, 9 de março de 2012

«Rezai, pois, assim: 'Pai Nosso'»


Fora do serviço divino, que sou muito indigna de recitar, não tenho coragem para me obrigar a procurar nos livros belas orações; isso faz-me doer acabeça, há tantas..., e todas tão belas, tanto umas como as outras...

Não quereria, contudo, a minha Madre, que pensásseis que recito sem devoção as orações feitas em comum no coro ou nas ermidas. Pelo contrário, gosto muito das orações em comum, pois Jesus prometeu estar no meio daqueles que se reúnem em Seu nome (Mt 18,19-20). Sei que então o fervor das minhas irmãs faz as vezes do meu; mas rezar o terço sozinha (envergonho-me de o confessar) custa-me mais do que pôr um instrumento de penitência... Reconheço que o rezo tão mal! Por mais que me esforce por meditar os mistérios do rosário, não consigo concentrar a atenção... Durante muito tempo desolei-me por essa falta de devoção que me surpreendia, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil rezar em sua honra orações que lhe são agradáveis. Agora desolo-me menos, pois penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, verá a minha boa vontade e contentar-se com ela.

Algumas vezes, quando o meu espírito está numa secura tão grande que me é impossível arrancar-lhe algum pensamento para me unir a Deus, recito muito devagarinho um Pai Nosso e depois a saudação angélica [«Salve, ó cheia de graça, o Senhor está contigo.» Lc 1,28]. Então estas orações encantam-me, alimentam muito mais a minha alma do que se as tivesse recitado precipitadamente uma centena de vezes...»

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja
Manuscrito autobiográfico C, 25 r°-v°

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