terça-feira, 2 de novembro de 2010

Deus de todas as manhãs



Deus de todas as manhãs,
Deus Santo e Inesgotável,
cuja proximidade faz experimentar a abundância da Presença e do Imenso…
Mistério…


Deus Bom, que desfolhas suavemente as páginas da Criação
e escreves com a caligrafia do vento
mensagens de Amor e Esperança entre as ramadas das árvores…
Por isso é que o Ser Humano te percebe mais sussurrante
sempre que procura a sombra do Silêncio, o espaço vastíssimo da solidão comungada.

Gostava de ter olhos capazes de ultrapassar toda a vulgaridade.
Gostava de ver para lá das pequenas anormalidades de cada dia
até conseguir assimilar verdadeiramente
que o normal é a Beleza, a Verdade e o Sentido.
Isso é que é o normal, o natural, o perene...
Por isso é que nos dá Paz!
Por isso é que o contrário nos desaloja, intranquiliza, aperta…


Chamamos “normal” ao que é contrário a nós mesmos,
chamamos “invulgar” àquilo para que fomos feitos…
andamos um bocado confusos, Senhor.

Toma conta de nós, por favor.
Ajuda-nos a estarmos mais abertos e atentos, mais capazes de darmos as mãos, de nos ouvirmos… 
Faz-nos chegar à sabedoria de nos reconhecermos uns aos outros como coisa sagrada 
 e, ao mesmo tempo, não nos levarmos assim tão a sério… 
Ensina-nos a amar de tal maneira as coisas amáveis 
que cheguemos ao ponto em que o velho jogo humano 
de ver quem é que tem razão deixe de ter interesse… 

Ai, meu Senhor e meu Dono, minha Paz, 
queria tanto que nos fosses revelando sempre os segredos 
 para nos tornarmos pessoas grandiosas, crescidas, 
até chegarmos à suprema maturidade de sermos simples, 
ao altíssimo tamanho de quem oferece às mancheias a própria vida…

Olha, Senhor, minha Vida, meu Amor maior,
farto-me de usar as “reticências”
porque as palavras são todas “curtas nas mangas”
quando têm que vestir as revelações mais verdadeiras do Coração…
Por isso, peço-te apenas que nos ensines a pedir como convém!

Pedir bem é bom…
Tu não precisas que Te peçamos nada: sabes o que nos faz falta
e és infinitamente leal e benfeitor.
Mas nós precisamos muito de aprender a pedir bem,
de saber pedir, quando falamos contigo,
porque pedir bem é sintonizar com aquilo que tu já nos deste…
por isso é que pedir bem é sinónimo de aprender a receber.
És tão Pai-Mãe
que usas truques que nós já conhecemos, em alguma medida, deles…

Adoro-te! Amo-te!
E sinto este amor em mim não como um sentimento ou uma pulsão,
mas como uma Fome insaciável de sorver luz e vida e gozo
e alegria e paz e esperança
e uma Sede desejosa de beber o céu às golfadas até explodir, eu mesmo,
e me tornar um universo pessoal
em infinita expansão dentro das Tuas infinitas desmedidas.
Ai se eu pudesse… Ai se deixasses…

MAS “a vida é feita de nadas”… e contam!

Rui Santiago
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