Neste número duplo do Mensageiro queremos acolher no coração e viver em festa duas celebrações marianas: a «Assunção de Nossa Senhora» e a «Senhora das Dores», a primeira celebrada a 15 de Agosto e a última a 15 de Setembro. Nas duas celebrações é Maria, a Senhora e Mãe, a Virgem fiel, a Senhora do Sim, que está diante dos nossos olhos e no nosso coração. Um fio condutor, invisível, une as duas festas, pois é a mesma Senhora que nos é apresentada como Mãe das Dores, Mãe do Crucificado, de pé junto à Cruz de seu Filho, e como Senhora da Assunção, entrando na glória, elevada ao Céu em corpo e alma.
N’Ela, em Maria, a criatura em que o próprio Deus Se revê, graças ao dom da sua isenção do pecado original, toda bela, santa e pura, toda mergulhada no amor trinitário, toda em plenitude de santidade, contemplamos a Senhora que vive a comunhão mais perfeita com a Trindade, pois é a Filha dilecta de Deus Pai, a Mãe de Deus Filho e a Esposa de Deus Espírito. N’Ela, em Maria de Nazaré, está a humanidade toda junto à Cruz, onde a Senhora nos aceita como Mãe, mas também n’Ela, a Senhora do triunfo jubiloso, está o futuro da humanidade que partilhará a glória, a bem-aventurança, a graça da ressurreição de Jesus, que Maria já vive em plenitude.
A Senhora assume em amor e com amor a paixão de Jesus e participa na glória da sua ressurreição. Mergulha na dor e na cruz para depois poder viver em triunfo o gozo, o júbilo, a transformação em mulher dignamente glorificada, elevada em corpo e alma. Da cruz à glória, da dor ao júbilo, da paixão ao triunfo. E este caminho que Maria percorreu deve ser o nosso, tem de ser o nosso. Participar com fé e confiança, com audácia e encanto, com tenacidade e fortaleza na paixão de Jesus, para, com Ele e com Maria, participarmos da glória da ressurreição. Caminhamos para essa glória, vivendo-a já em gérmen. «Somos o Céu a caminho do Céu». Esse caminho, sempre difícil, porque é estreito e participa da cruz, é o caminho de cada um de nós, como foi o de Jesus e de Maria, até chegarmos ao divino triunfo, às glórias eternas, à festa que nunca mais terá fim.
Mergulhar em Jesus nossos trabalhos e canseiras, nossas dores e tristezas, nossas alegria e gozos, nosso coração e nossa vida, mergulhar em Jesus, como Maria, nossa cruz, nosso martírio quotidiano, tudo o que sofremos e vivemos, trabalhamos e rezamos. Ele nos assumirá e nos transportará à glória, como fez com Maria, nos purificará e libertará de nosso pecado e fragilidades, nos mergulhará em seu sangue redentor, que lava e purifica, e nos preparará, com seu infinito amor, com o fogo divino de seu Coração, para nos fazer participar, na eternidade, com a Senhora da Assunção, da sua vida plena, do seu gozo eterno, da sua glória de Ressuscitado. Como é maravilhoso o plano de Deus revelado em Maria e continuado em nós. Como é algo de sublime para a nossa humanidade tão frágil e pecadora, mas que Ele ama infinitamente. Se sofrermos com Ele, com Ele ressuscitaremos e entraremos na glória.
Como baptizados, somos mediadores, somos pontífices, devemos fazer tudo para que todos, ou pelo menos o maior número possível trilhe este caminho sublime que conduz a humanidade à glória. Saibamos acolher com as mãos e com o coração as dores, os sofrimentos, as angústias da humanidade, saibamos acolher seus anseios, suas alegrias, seus desejos, para os oferecer a Jesus pelas mãos e pelo coração da Mãe. Sejamos intercessores, sejamos mediadores com Cristo, no caminho glorioso desta sublime humanidade, em cuja carne Ele mesmo participou e viveu. Colaboremos, com audácia e entusiasmo, com fé e esperança, com o coração repleto de amor, no triunfo glorioso da humanidade. Maria já está glorificada com seu Filho. Nós, um dia, com Eles seremos glorificados. Jesus já venceu o Maligno. Maria já calcou a cabeça da serpente. Nós, com Eles, seremos vencedores da batalha e entraremos no gozo eterno, quando Jesus for tudo em todos.
Grandiosa deve ser a humanidade, apesar de fraquezas e pecados, para Jesus querer tomar nossa carne e Maria ser a pessoa humana que mais mergulhou no divino e foi arrebatada ao Céu em corpo e alma. Rejubilemos, cantemos o triunfo da Mãe, associemo-nos a suas dores de Mãe desolada, e Deus, com seu amor infinito, rasgará os Céus, para nos acolher em gozo eterno. O futuro sublime da humanidade já está traçado, já é vivido pela «cheia de graça».
Dário Pedroso
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