A esperança é a confiança no desejo de que um bem futuro se realizará. A paciência é a capacidade de sofrermos os fracassos e os males da existência, sem deixarmos de esperar.
A esperança confia no bem, a paciência desafia o mal.
A vida de cada um de nós está cheia de promessas. Quase sempre é preciso esperar. Por vezes, muito. E se há promessas que são meras ilusões, outras serão realidade mas apenas para quem as souber esperar.
Quem é paciente suporta as imperfeições, as suas, as dos outros e as do mundo… sem grandes queixas. A paciência é uma coragem que, sem pressas ou inquietações, se faz maior do que os desesperos e as angústias.
Esperança e paciência são escolhas. Não se nasce assim.
A esperança põe-se sempre em algo que não depende apenas da vontade de quem espera, mas de um conjunto alargado de circunstâncias e vontades alheias. Daí que a humildade seja essencial, no sentido de compreender que muito é o que nos ultrapassa, e que, afinal, tudo quanto podemos é esperar em paz pelo que não depende de nós… enquanto vamos fazendo a nossa parte.
Nesta nossa vida limitada, onde quase tudo é passageiro e provisório, há quem passe muito do seu tempo a navegar pelos mares do sofrimento… a paciência é a força que nos permite sofrer e suportar quase tudo sem nos precipitarmos na desistência do que somos, como se a existência não fizesse sentido.
A esperança nasce de uma sabedoria que permite ver para além das tristezas e tragédias, orientando-nos para lá dos nossos limites e fracassos. Há uma distância enorme entre o que somos e o que podemos ser. O futuro que se espera ilumina as decisões no presente. Só quem sabe do amanhã pode construir o caminho daqui para lá.
Somos limitados e devemos aceitar-nos como tal, a nós, aos outros e ao mundo. Sem grandes queixas. Não posso nunca aproximar-me do coração de alguém, sem antes aceitar as suas limitações. Sem antes o aceitar assim… tal como é... Devemos corrigir-nos para inspirar os outros a fazê-lo também. Sempre com a paciência de sorrir, apesar de tudo… sendo perfeitos, dentro das nossas limitações.
Paciência e esperança partilham-se. Há quem, mais do que ver as feridas do outro, sentindo-as como suas, sofrendo-as. Há também quem, com a sua forma inteira de sofrer e de ser, suporte as adversidades sem desanimar e nos dê, assim, sinal e prova de uma força que também nós podemos ter e ser.
A presunção e o desespero, movidos pelo medo, tornam impossível qualquer alegria, presente ou futura. Uma esperança simples é quanto basta para iluminar e aquecer uma noite inteira, por mais longa e fria que seja, sem nos perdermos… mas sempre sem certezas, pois a nossa vida é sempre incerta… sempre… para o melhor e para o pior.
Quem é paciente não enfrenta a vida encolhido. Sofre sem deixar de ser inteiro… numa vida inteira… que não vai acabar.
A paciência não é apenas uma forma de resistir, é também uma força que se opõe ao que me tenta destruir. Não é nada fazer. É sofrer a fim de ser feliz.
A esperança não é apenas uma certeza que me consola, é também uma chama que me estimula e incentiva. Não é ficar à espera. É fazer o que se espera.
A esperança e a paciência são âncoras que me garantem que, apesar de todas as dores, superficialidades e desassossegos, há uma terra firme... nessa terra construirei a minha casa… e nessa casa vai bater o meu coração.
Porque muito para além de toda a esperança razoável há um infinito que, de forma paciente, nos chama e espera por nós.
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