segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

A coragem é a força do coração



São mais fortes do que os seus medos, apesar de tremerem. Na verdade, qualquer sacrifício é melhor que a vergonhosa cobardia de poder fazer o bem e... escolher fugir.
A coragem é um movimento do espírito pelo qual um coração grande se dá a conhecer. Não é uma força bruta da vontade, é uma decisão da consciência. É a capacidade de ser livre apesar do medo.

Só um bom coração reconhece o bem e tem de ser grande para lutar pelo melhor que há na vida.

O heroísmo dos grandes corações revela-se, não diante de enormes ameaças ou dos perigos mais assustadores, mas na vida comum de pessoas que nunca será reconhecida. Há muita gente que vive o seu amor ao bem de uma forma tão sublime quanto anónima. São os anjos que há na terra. Têm carne, ossos e problemas grandes e pequenos... tal como todos nós. Podemos ser nós!

Ter coragem dói. Os corações grandes têm muitas mágoas. Carregam as suas, aquelas de que ninguém suspeita, e as de outros... que não querem ou não podem levá-las sozinhos. Os corajosos encontram sempre forma de sofrer, mesmo quando estão bem. Sabem que não se pode ser feliz sozinho, nem, tão-pouco, com alguém a sofrer ali ao lado. São felizes, mas de uma forma muito estranha: é só lá muito no fundo.

A maior bravura destes corajosos é que dão mesmo o que não têm.

São mais fortes do que os seus medos, apesar de tremerem. Na verdade, qualquer sacrifício é melhor que a vergonhosa cobardia de poder fazer o bem e... escolher fugir.

Há gente que ousa o absoluto, apesar do absurdo. Pessoas com um coração tão grande que lá cabe a maior das esperanças, a de que, um dia, deixará de existir sofrimento e então poderemos todos ser felizes.

O coração corajoso que não tem medo do ridículo porque acredita mesmo que uma vida sem amor não tem valor.

É com fé no amor que se vence o medo paralisante, mas é com essa mesma fé que ficamos a saber que não podemos tudo e que sozinhos podemos ainda menos. A coragem é o ponto de equilíbrio entre os excessos do medo… e da confiança.

Por vezes, a coragem nasce do que resta da angústia e do desespero. Não há fundo de poço onde não haja um apelo à luz. Nas trevas vazias, a mais pequena das luzes ilumina muito. É uma estrela.

Os corações corajosos têm tristezas e trevas. São, aliás, os que mais as têm. Carregam-nas, mas encontram quase sempre uma forma de serem mais fortes do que elas. Quando caem e se perdem, é trágico, porque como são grandes e as mágoas que suportam são pesadas, caem ainda mais fundo e magoam-se muito. Mas, é uma questão de tempo até perceberem que não são da terra, mas do céu, e sem que se perceba como, levantam-se... e seguem o seu caminho.

A coragem implica uma solidão. Profunda. Não é uma loucura momentânea que torna valoroso um homem que não o é. A coragem é uma decisão dos que sabem o que estão a fazer e conhecem os riscos que correm. Eis a raiz do seu heroísmo: a lucidez do discernimento. A presença da razão em cada passo. Seria bem mais simples que entrássemos numa euforia de emoções e que só déssemos conta depois do fim... mas isso não é coragem!

Ninguém nasce corajoso. Aprende-se a ser forte. Aprende-se a viver a verdade. Aprende-se a amar.

Enfrenta-se mil futilidades, sorri-se apesar da perda e da doença, trabalha-se no que não se gosta, chora-se... mas vive-se, inteiro, uma vida inteira.

Falhas, fraquezas, trevas e tristezas... não são o que somos. São o que não somos... nem vamos ser, nunca! Assim saibamos ser a coragem que nos falta a nós e a que falta aos outros.

José Luís Nunes Martins
in http://www.ionline.pt/iopiniao/coragem-forca-coracao/pag/-1

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