terça-feira, 31 de julho de 2012

Oração pelas férias


Dá-nos, Senhor,
depois de todas as fadigas
um tempo verdadeiro de paz.

Dá-nos,
depois de tantas palavras
o dom do silêncio
que purifica e recria.

Dá-nos,
depois das insatisfações que travam
a alegria como um barco nítido.

Dá-nos,
a possibilidade de viver sem pressa,
deslumbrados com a surpresa
que os dias trazem pela mão.

Dá-nos
a capacidade de viver de olhos abertos,
de viver intensamente.

Dá-nos
de novo a graça do canto,
do assobio que imita
a felicidade aérea
dos pássaros,
das imagens reencontradas,
do riso partilhado.

Dá-nos
a força de impedir que a dura necessidade
esmague em nós o desejo
e a espuma branca dos sonhos
se dissipe.

Faz-nos
peregrinos que no visível
escutam a melodia secreta
do invisível.

José Tolentino Mendonça

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Obrigado!



Obrigado
Por este dia que passou
Pelos passos pelos voos
E pela vida que há em mim.

Obrigado
Por essa força ao olhar
Por essa chama que me queima
E pela vida que há em mim.

Obrigado
Por essa voz que em mim habita
Por essa mão que necessita
De outra mão que saiba amar e ser feliz.

Obrigado
Pela estrada percorrido
Pelos exemplos que dão vida
Obrigado pelos dons que recebi.

Obrigado
Pela amizade e confiança
Pela saudade e a lembrança
De tudo aquilo que nos marcou.

Obrigado
Pela presença que não passa
Pela esperança que abraça
E pelo amor que em nós ficou.

sábado, 28 de julho de 2012


Um dia perguntaram-me se eu acreditava em Deus.
Eu então respondi-lhes da maneira como eu pensava.
... Entre a lua e as estrelas num galope, num tropel,
Pisando nas nuvens brancas eu vi Deus passar no Céu.

Todo dia existe Deus...
No sorriso da criança, no canto dos passarinhos,
No olhar, na esperança...

Todo dia existe Deus...
Na harmonia das cores, na natureza esquecida,
Na fresca aragem da brisa, na própria essência da vida...

Todo dia existe Deus...
No regato cristalino, pequeno servo do mar,
Nas ondas lavando as praias, na clara luz do luar...

Todo dia existe Deus...
Na escuridão do infinito, todo ponteado de estrelas,
Na amplidão do universo, no simples prazer de vê-las...

Todo dia existe Deus...
Nos segredos desta vida, no germinar da semente,
Nos movimentos da Terra, que gira incessantemente...

Todo dia existe Deus...
No orvalho sobre a relva, na natureza que encanta,
No cheiro que vem da terra, e no sol que se levanta...

Todo dia existe Deus...
Nas flores que desabrocham perfumando a atmosfera,
Nas folhas novas que brotam anunciando a primavera...

Deus é capaz, Deus é paz,
Deus é a esperança, é o alento do aflito,
O Criador do Universo, da luz, do ar, da aliança...

Deus é a justiça perfeita, que emana do coração.
Ao perdoar quem ofende, Ele é o próprio perdão...

Será que tu não viste ainda o rosto de Deus
No colorido mais belo dos olhos dos filhos teus?

Deus é constante e perene, é Divino, de tal sorte
Que sendo a essência da vida é o descanso na morte...

Não há vida sem a volta e não há volta sem vida.
A morte não é a morte, é só a porta da vida...

Todo dia existe Deus...
No ciclo da natureza, neste ir e vir constante,
No broto que se renova, na vida que segue adiante,
Em quem semeia bondade, em quem ajuda o irmão
Colhendo felicidade, cumprindo a sua missão...

Todo dia existe Deus...
No suor de quem trabalha, no calo duro das mãos,
No homem que planta o trigo, no trigo que faz o pão,
Podes sentir Deus dentro do seu coração...

Rita Pando

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Desiderata



Caminha serenamente por entre o barulho e a agitação,
e lembra-te da paz que pode haver no silêncio.
Tanto quanto possível sem capitulares,
mantém-te em boas relações com todos.
Diz a tua verdade com calma e clareza, e escuta os outros
ainda que menos dotados e ignorantes;
também eles têm a sua história.
Evita as pessoas ruidosas e agressivas:
elas são uma mortificação para o espírito.
Se te comparas com os outros, podes tornar-te vaidoso e amargo;
pois haverá sempre pessoas superiores e inferiores a ti.
Alegra-te com as tuas realizações e com os teus planos.
Aprecia a tua carreira, por modesta que seja: é um bem real,
entre os sucessos mutáveis do tempo.
Sê prudente nos teus empreendimentos!
O mundo está cheio de astúcia.
Mas que isto não te cegue a ponto de não veres virtude onde ela exista.
Muita gente luta por altos ideais e em toda a parte a vida está cheia de heroísmo.
Sê tu mesmo. Especialmente, não simules amizade.
Nem sejas cínico em relação ao amor, pois,
sob a aparência de secura e desencanto, ele é perene como a relva.
Acolhe de bom grado o conselho dos anos,
e abandona com dignidade as coisas da juventude.
Alimenta a fortaleza de espírito a fim de poderes suportar alguma súbita desgraça.
Mas não te angusties com imaginações.
Muitos temores são filhos do cansaço e da solidão.
Para além de uma disciplina salutar, trata-se com delicadeza.
És filho do universo, nada menos que as árvores e as estrelas; tens o direito de o habitar.
Seja isto claro ou não para ti, não há dúvida que o universo vai evoluindo como deve.
Por isso, procura a paz com Deus, seja qual for a tua ideia que d'Ele fazes.
Sejam quais forem as tuas lutas e aspirações,
conserva a paz contigo mesmo no meio do bulício da vida.
Não obstante a mentira, o cansaço e os sonhos desfeitos, este mundo é maravilhoso.
Tem cautela. Esforça-te por ser feliz!


Max Ehrmann (1927).
Tradução de João Valente Cabral, feita em Moçambique, talvez em 1972.

sábado, 21 de julho de 2012

Fé no sacerdócio



No 25º aniversário da sua ordenação sacerdotal, Karl Rahner foi a um Seminário Maior. Convidou os seminaristas a “arriscarem” e a terem “fé no sacerdócio”. 

“Sois homens iguais a mim. Eu que me atrevi e não me lamento. Porque não haveis vós de vos atrever também? Quando comecei, não estavam os tempos mais claros que agora. E Deus concedeu-me a graça, realmente ditosa, do Sacerdócio. Por isso, também vós podeis arriscar, inclusive nesta época. Eu era débil, pecador e continuo a sê-lo. Levo, no Sacerdócio, o peso da minha herança, do meu pecado, dos meus talentos ou falta deles, a debilidade que há no meu ser, no meu carácter e tenho podido comprovar que a graça de Deus é mais forte e poderosa que a nossa debilidade. Porquê não haveis vós de arriscar? Tenho notado cada vez mais, que o cargo e o peso são grandes. Mas Deus tem sido bom e fiel. Então, porque razão não haveis vós de vos atrever?

Fostes chamados ao mais grande que se pode dar: testemunhar a verdade de Deus nas trevas deste mundo, anunciar o Reino de Deus no meio da confusão desta época, distribuir a graça de Deus a um povo não santo, representar a Igreja de Deus no meio deste mundo, para que realmente seja o sinal de que veio a graça de Deus e se concluiu a aliança eterna entre Deus e os Homens, a que se apoia na fidelidade inquebrantável de Deus e não na capacidade do homem. Haveis de ir aos homens e dizer-lhes que não são homens daquela época, mas da eternidade. Haveis de assistir ao começo e ao final da vida destes homens, ali onde ao morrer um, se escorrem os outros e não sabem já que dizer. Haveis de bendizer, haveis de perdoar, haveis de ter o valor em dizer uma e outra vez a Palavra de Deus, oportuna e inoportunamente.

É preciso ter fé no sacerdócio e realizá-lo de novo, dia-a-dia, pois nos é dado de uma forma tal, que é impossível perdê-lo. Tão pouco é possível abraçá-lo de forma que não possa resultar pesada a solidão, nem que um escape sempre à impressão de que está a pregar a ouvidos surdos e dizendo palavras que o próprio corre o risco de não entender.
É preciso conquistar o Sacerdócio dia após dia, com todas as energias do próprio coração e, mais ainda, com a Graça de Deus. Perante isto, digo-vos: arriscai! Exigirá muito de vós, mas é Deus, a Sua graça, a Sua fidelidade e o seu ditoso chamamento, que o exige.

Não o lamento. Com plena confiança volto a tomar sobre mim o Sacerdócio, inclusive depois de vinte cinco anos e o digo a vós, queridos irmãos: arriscai, vale a pena, pois é Deus quem nos move a Ele, e se o faz, chegará a cumprir-se plenamente, não ficará num bom começo. Ele, a quem se deve o começo e o meio, nos dará forças, a mim e a vós, da eterna realização do Sacerdócio e da vida na sua Graça que não sabe o que é o arrependimento.”

KARL RAHNER


Karl Rahner (Friburgo em Brisgóvia, 5 de março de 1904 — Innsbruck, 30 de março de 1984) foi um sacerdote católico jesuíta de origem germânica e um dos mais influentes teólogos do século XX. Participou como teólogo do Concílio Vaticano II. Criou a revista Concilium. Escreveu mais de 800 artigos e ensaios.

Na casa do meu Pai há muitas moradas...



Fecha os olhos depois de leres estas linhas, pode ser?
Clicas no “play” do leitor que está em baixo e fechas os olhos.
É a sinfonia nº 40 de Mozart, só o primeiro andamento.
Imagina-te a andar de divisão em divisão numa casa enorme,
até despertares pelo tamanho da casa para o tamanho do amor do tal Pai...
Sobe escadas, vai a terraços, passa pelo jardim,
vai de sala em sala, de quarto em quarto, enormes, atravessa os salões,
cheira o convite que vem de todas as mesas e canta em todas as línguas que ouvires.
Enche os olhos de todas as diferenças que encontrares
e deixa-te remexer pelo desejo de conhecer um Pai com filhos tão diferentes.
Sorve o segredo de cada conversa
e interpreta por dentro as infinitas afinidades em que todos, afinal, afinam.
E aprende a não julgar, apesar de sentires com todas as ganas,
pelo menos as mesmas com que perdoas!
Porque na Casa do Pai nosso há muitas moradas,
e nós ainda estamos no hall da Vida.
Rui Santiago, in Derrotar Montanhas

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Mudar o mundo



Quando eu era jovem e a minha imaginação não tinha limites, eu sonhava mudar o mundo.
Quando fiquei mais velho e mais sábio, descobri que o mundo não mudaria: então restringi um pouco as minhas ambições e resolvi mudar apenas o meu país.
Mas o país também me parecia imutável.
No ocaso da vida, numa última e desesperada tentativa, quis mudar a minha família. Mas eles não se interessaram nada, afirmando que eu repeti sempre os mesmos erros.
No meu leito de morte descobri por fim que se eu tivesse começado por corrigir os meus erros e mudar a mim mesmo, então o meu exemplo poderia transformar a minha família.
O exemplo da minha família talvez contagiasse a vizinhança e assim eu teria sido capaz de melhorar o meu bairro, a minha cidade, o país e, quem sabe, mudar o mundo...
Palavras escritas no túmulo de um bispo anglicano, numa catedral na Inglaterra.

quarta-feira, 18 de julho de 2012




Oh, Lord, hear my prayer!
Oh, Lord, hear my prayer!
When I call, answer me!

Oh, Lord, hear my prayer!
Oh, Lord, hear my prayer!
Come and listen to me!


Oh, Senhor, ouve a minha oração!
Oh, Senhor, ouve a minha oração!

Quando te invoco, responde-me!

Oh, Senhor, ouve a minha oração!
Oh, Senhor, ouve a minha oração!

Vem e escuta-me!

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A vida faz-me andar!


A vida faz-me andar! Com os pés posso caminhar e estes, o que dizem de cada um? Podem ser bonitos, feios, assim-assim, porventura grandes, quiçá pequenos. De uma forma ou de outra fazem parte de nós. Curiosamente, em cada pé contam-se nada mais, nada menos, do que vinte e nove ossos, perfazendo cinquenta e oito na sua totalidade.

Os nossos pés acompanham e fazem parte da nossa narrativa pessoal. Há até, histórias curiosas relacionadas com estes membros. Por exemplo, o caso em que uma pessoa se apaixona por outra porque desajeitadamente lhe calcou o pé enquanto dançava, ou ainda, o ter caído mesmo aos pés de alguém, o ter tropeçado numa simples pedra. Há várias e diferentes sendo algumas, de facto, histórias engraçadas e bonitas.

Porventura, não há bela sem senão. Também temos o outro lado da moeda. Ora, pelos pés, 42.000 pessoas morreram no Vietnam ao pisar minas e projéteis. Muitas outras ficaram feridas e sem membros. Igualmente lamentável e devido ao mesmo motivo, é o facto de muitos meninos e meninas inocentes, na África ocidental e Austral, não poderem andar, dependem de outros. Além de 5500 crianças morrerem diariamente desnutridos, enfraquecidos pelas enfermidades e doenças. Em relação a esta questão, o que realmente deve pesar, é que estas mortes e acidentes poderiam ter sido, todos evitados.

Independentemente do tempo e lugar, cada pessoa tem a sua história e seja ela qual for, é igualmente digna de respeito e dignidade. Assim, a existência de cada pessoa, que é única e irrepetível, tem os seus trilhos e contrastes pelos quais, cada um vai pelos seus próprios pés. O que podemos fazer para não nos perdermos, nesta caminhada que é a nossa vida? Não nos devemos nunca esquecer do essencial: Deus é o que me cinge de força e aperfeiçoa o meu caminho. (Salmo 18, 32).

É de notar que, o que de facto importa não é tanto para onde nos levam os nossos pés ou para onde cada um aponta a sua direção. É sim, o sentido que damos a essa caminhada. Daí o sentido da frase: Como são belos os pés dos que anunciam boas novas! (Romanos 10, 15).

Assim sendo, será que já nos questionamos sobre a as crenças que nos levam a caminhar em determinado sentido? Serão estas seguras e construtivas ou então, serão algo que me deixará sem sentido num caso de crise ou desolação? Deste modo, saber porquê e, no dizer de Vasco Pinto Magalhães, para quê acreditamos num certo ideal, não só dá sentido à caminhada como também nos consola em momentos de maior desolação, como ainda, confirma a alegria quando nos sentimos alegres, em paz e serenidade. Mas, acima de tudo, e em todas as circunstâncias, dá-nos a segurança e a alegria interior de estarmos a caminhar em direção à luz, sem as sombras da caverna de quais fala Platão, mas sim fora dela e, por isso, conhecendo o que verdadeiramente nos constrói.

Assim, que saibamos indicar aos nossos pés o caminho que devem trilhar para que não sofram as consequências de caminhos ilusórios sem fim à vista ou de caminhos fáceis e curtos e, por isso, não têm a profundidade que eles merecem. Outra verdade, é que não se caminha sozinho por isso, será necessário o repouso e a partilha, como o diz o verdadeiro mestre: Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. (João 13, 14), seja esse lava-pés uma simples palavra, um escutar um desabafo ou até o levantar de uma pequena ou grande queda. Seja o que for, tudo se constrói, tudo está em constante dinamismo portanto, a caminhada é um “sempre a fazer”, envolve escolhas constantes, as quais podem ter como pano de fundo um ideal que lhes dê sentido. Assim, aproveitando as palavras de António Machado, façamos o caminho:

Caminhante, não há caminho,
Faz-se caminho ao andar.
Ao andar faz-se o caminho,
E ao olhar-se para trás
vê-se a senda que jamais
se há-de voltar a pisar.
Caminhante, não há caminho,
Somente sulcos no mar.

Deolinda Silva e Carlos Rodrigues, in o Pátio dos gentios.

sábado, 14 de julho de 2012

O sentido trágico do amor

O sentido trágico do amor - coluna filosofias

Todo o homem tende naturalmente para o amor. Acontece que o conceito comum de amor corresponde de forma quase universal a uma ideia genérica, ambivalente e, tantas vezes, errada, porque tão irreal.

Amar é dar-se. Entregar a própria essência a um outro, lutando em favor dele. De forma pura e gratuita, sem esperar outra recompensa senão a de saber que se conseguirá ser o que se é. Amar, ao contrário do que julgam muitos, não é uma fonte de satisfação... Amar é algo sério, arrebatador e tremendamente desagradável. Quem ama sabe que isso mais se parece com uma espécie de maldição do que com narrativas infantis de final invariavelmente feliz...

Cavaleiros valentes e princesas encantadas são, no entanto, excelentes metáforas que pretendem passar a ideia da coragem e da nobreza de carácter essenciais a quem ama. Ama-se quando se é capaz de se ser quem é, verdadeiramente.

Esta luta heróica pelo valor da essência do outro não está ao alcance de todos. A maior parte das pessoas são egocêntricas, alegram-se a entrançar os seus egoísmos em figuras improvisadas de resultado sempre disforme a que teimam chamar amor. Talvez porque assim consigam disfarçar o vazio que é a prova de quão frustrante, frívola e inútil é a sua passagem por este mundo.

Quando alguém ama verdadeiramente, perde-se. A busca por uma felicidade própria não faz sentido. Sem tempo nem espaço para pousar a cabeça, aquele que ama oferece-se generosamente ao outro num caminho por onde quase nunca é de manhã. O sofrimento aparece como a ponte por onde se deve entrar num mundo onde a felicidade não tem nada em comum com os amores daqui.
Amar é cumprir uma vida com força, sentido e valor. A paz que serve de base ao amor nasce e alimenta-se da certeza que a vida que vivemos não é nossa, foi-nos oferecida com a condição e o propósito de amarmos.

Quando se ama, caminha-se por cima do nada. Mas se, a qualquer instante, se deixa de acreditar e se busca a firmeza de um chão, cai-se imediatamente no abismo por cima do qual antes se voava, num milagre que a inteligência não consegue nem conceber nem abarcar. O amor não é racional, não é humano. É a verdade pura que não se apreende com a inteligência comum. As palavras pouco dizem, pouco ensinam, entretém quem não quer viver... é preciso uma grande humildade para se compreender que nem tudo pode ser compreendido. Acreditar no amor, com o coração, é sentir a força de uma mão intangível, que nos traz, nos leva e, por vezes, nos alenta... outras nos testa pela dor profunda.

Amar é escolher um caminho por entre infinitas encruzilhadas. A eleição de um é a renúncia de todos e de cada um dos demais, através de uma fé que é substância da esperança e tem forma do sonho. Amar é escolher um caminho e fazê-lo... a partir do nada.

Só pela angústia do amor é que o espírito humano se torna digno de se assenhorear de si mesmo. A raiz do mal está na inércia dos espíritos que tentam bastar-se a si mesmos... na preguiça – que é o maior de todos os pecados, porque faz com que o homem se contente com o que tem, deixando de querer ser o que é. Amar é dar a própria vida. De braços estendidos. Numa atitude perante o mundo semelhante à de um mendigo que estende a sua mão à caridade do estranho que passa... a solidão profunda de quem sente a terra tremer-lhe por baixo da alma que lhe segura os pés.

Eis a maior de todas as riquezas: Ser-se pobre por se ter dado tudo. Amar apesar da vontade de ser feliz.

Investigador. Escreve ao sábado

sexta-feira, 13 de julho de 2012

A mais terna das mães



«A Santíssima Virgem
nunca deixa de me proteger logo que a invoco.
Se me vem uma inquietação, uma dificuldade,
volto-me depressa para ela
e, como a mais terna das mães,
encarrega-se sempre dos meus interesses.
Quantas vezes aconteceu, ao falar às noviças,
invocá-la e sentir os benefícios da sua maternal protecção».

Santa Teresa do Menino Jesus, História de uma Alma, C 26

quinta-feira, 12 de julho de 2012

A história de Panyee FC



A TMB lançou a campanha "faz a diferença", gravando um filme para inspirar as pessoas a começar a pensar de forma diferente, na esperança de que podem fazer a diferença no seu próprio mundo. Essa atitude não tem que ser grande. Basta um pouco para criar mudanças positivas.

Este filme é baseado numa história real. Em 1986 uma equipa de futebol que vivia numa pequena ilha no sul da Tailândia chamado "Koh Panyee". É uma aldeia flutuante no meio do mar que não tem um centímetro de solo. Os rapazes gostavam de ver futebol, mas não tinham onde jogar. Mas isso não os impediu. Eles desafiaram os limites e se tornaram-se uma grande inspiração para as novas gerações na ilha.

terça-feira, 10 de julho de 2012



Os celebrant singers vão dar o seu último concerto em Portugal logo à noite, às 21h30, em São Julião da Barra. Não falte!


HERE I AM LORD

I, the Lord of sea and sky,
I have heard My people cry.
All who dwell in dark and sin,
My hand will save.
I who made the stars of night,
I will make their darkness bright.
Who will bear My light to them?
Whom shall I send?

Here I am, Lord. Is it I, Lord?
I have heard You calling in the night.
I will go Lord, if You lead me.
I will hold Your people in my heart.

I, the Lord of snow and rain,
I have borne my people’s pain.
I have wept for love of them,
They turn away.
I will break their hearts of stone,
Give them hearts for love alone.
I will speak My word to them,
Whom shall I send?

I, the Lord of wind and flame,
I will tend the poor and lame.
I will set a feast for them,
My hand will save
Finest bread I will provide,
till their hearts be satisfied.
I will give My life to them,
Whom shall I send?


EIS-ME AQUI, SENHOR

Eu, o Senhor do mar e do céu
Tenho ouvido o Meu povo chorar
Todos os que estão presos na escuridão e no pecado
A Minha mão os salvará
Eu que criei as estrelas da noite
Eu farei a sua escuridão brilhar
Quem lhes levará a Minha luz?
Quem lhes enviarei?

Aqui estou eu, Senhor. Serei eu, Senhor?
Ouvi o Teu chamamento na noite.
Eu irei, Senhor, se Tu me guiares.
Eu acolherei o Teu povo no meu coração.


Eu, o Senhor da neve e da chuva,
Tenho carregado a dor do Meu povo.
Tenho chorado por amor a eles,
Eles viram-me as costas.
Amaciarei seus corações de pedra,
Dar-lhes-ei corações só de amor.
Dar-lhes-ei a minha Palavra,
Quem lhes enviarei?

Eu, o Senhor do vento e da chama,
Eu cuidarei dos pobres e dos coxos.
Prepararei um banquete para eles,
A minha mão os salvará.
O melhor pão lhes darei
Até que seus corações estejam satisfeitos.
Dar-lhes-ei a minha vida.
Quem lhes enviarei?

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Ficar em silêncio é benéfico para a saúde

Já ficou em silêncio hoje? Não se está a falar do acto de não falar, e, sim, do silêncio interno, aquele que é capaz de descansar a mente, melhorar a concentração, trazer bem-estar e organizar os pensamentos. «Este exercício ainda coloca as pessoas em contacto com mudanças positivas e renovadoras, abre espaços para novos processos criativos e desacelera o organismo, que passa a funcionar melhor», diz a fonoaudióloga e terapeuta corporal Andréa Bomfim Perdigão, de São Paulo, autora do livro «Sobre o Silêncio».

Segundo o neurocirurgião Koshiro Nishikuni, do Hospital Santa Cruz, em São Paulo, e membro da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia (SBN), os efeitos benéficos do silenciar podem ser comprovados através de uma ressonância magnética.

«Notamos que enquanto a pessoa está em silêncio, concentrada na respiração e sem pensar em nada, há um aumento do córtex cerebral, o que melhora, principalmente, as funções do hipocampo, que está directamente envolvido com a aprendizagem, a memória e a emoção. Por outro lado, há uma diminuição dos neurónios na região da amígdala cerebral, que está relacionada com a ansiedade e stress», afirma o médico.

Por último, mas não menos importante, o silêncio também é uma forma de demonstrar respeito e interesse pelo ponto de vista do próximo. «Aprendemos a ouvir-nos e a ouvir o outro, além de escolher o momento certo de falar e o que falar, evitando o desperdício das palavras e valorizando gestos como um sorriso, um toque ou olhar mais profundo», completa a psicóloga e psicanalista Blenda de Oliveira, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo (SBPSP).

Estar num ambiente calmo e com poucos ruídos ajuda na hora de encontrar o silêncio, mas, segundo os especialistas, isso não significa que quem mora nos centros urbanos não vai alcançar a quietude interna. «Qualquer pessoa pode chegar lá e experimentar todos esses benefícios desde que sinta a necessidade de ficar em silêncio», diz a psicóloga Blenda de Oliveira.

Para quem não está acostumado a ficar quieto, a terapeuta Andréa Perdigão sugere treinar diariamente, por dez minutos. «No início, um turbilhão de pensamentos vai passar pela sua cabeça, mas assim que eles se forem acalmando, vai experimentar a serenidade. É comum também relacionar a ausência de som à solidão e a momentos tristes, mas, se conseguir superar essa etapa sem ligar a televisão ou o rádio, vai perceber o quanto é recompensador inserir períodos silenciosos na rotina», afirma a especialista.

in Diário Digital

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Oração a Maria pelos filhos



Maria, invocamos-te como nossa Mãe.
A Ti que apresentas-te o Teu Divino Filho no tempo,
também nós apresentamos os filhos que Deus nos quis dar.
Pela graça do Batismo que os aproximou de Jesus,
tornaste-te sua Mãe, por isso nós os confiamos aos Teus cuidados,
à Tua ternura, à Tua protecção.
Protege-os no seu corpo, dando-lhes saúde.
Protege-os na sua alma, guardandos-o do pecado.
Se eles se afastarem do caminho certo,
acompanha-os com o Teu amor e trá-los de volta para que, reencontrem Jesus.
A nós, pais, ajuda-nos na nossa missão junto dos nossos filhos.
Fortalece-nos com a Tua bondade e o Teu amor.
Permanece junto de nós nos dias indecisos e difíceis da suas vidas
Ensina-nos a ouvi-los, a acompanhá-lo,
a ajudá-los pouco a pouco a assumir as suas responsabilidades,
segundo a sua vocação e não, segundo os nossos desejos.
Ensina-nos também a abrir-lhes os olhos para tudo o que é belo,
o espírito para tudo o que é verdadeiro,
o coração para tudo o que é bom.
Permite que nos apaguemos discretamente
quando, para os nossos filhos,
chegar a hora de agarrarem as suas vidas com ambas as mãos.
E quando já cá não estivermos para os rodear com o nosso amor,
permanece Tu junto deles, guardando-os pela vida fora,
para que um dia nos possamos reunir todos na casa do nosso Pai.

quarta-feira, 4 de julho de 2012



Senhor, que és o céu e a terra, que és a vida e a morte! O sol és tu e a lua és tu e o vento és tu! Tu és os nossos corpos e as nossas almas e o nosso amor és tu também. Onde nada está tu habitas e onde tudo está — (o teu templo) — eis o teu corpo.

Dá-me alma para te servir e alma para te amar. Dá-me vista para te ver sempre no céu e na terra, ouvidos para te ouvir no vento e no mar, e mãos para trabalhar em teu nome.

Torna-me puro como a água e alto como o céu. Que não haja lama nas estradas dos meus pensamentos nem folhas mortas nas lagoas dos meus propósitos. Faze com que eu saiba amar os outros como irmãos e servir-te como a um pai.

Minha vida seja digna da tua presença. Meu corpo seja digno da terra, tua cama. Minha alma possa aparecer diante de ti como um filho que volta ao lar.

Torna-me grande como o sol, para que eu te possa adorar em mim; e torna-me puro como a lua, para que eu te possa rezar em mim; e torna-me claro como o dia para que eu te possa ver sempre em mim e rezar-te e adorar-te.

Senhor, protege-me e ampara-me. Dá-me que eu me sinta teu. Senhor, livra-me de mim.


Fernando Pessoa, Páginas Íntimas e de Auto-interpretação, Ática,  Lisboa.

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...