quarta-feira, 28 de outubro de 2020

Escuta e prontidão



Há um refrão que Jesus repete muitas vezes, no final de uma parábola ou de um ensinamento, de tal maneira que se tornou uma expressão típica do seu falar: «Quem tem ouvidos para ouvir, oiça».

Teremos nós ouvidos para ouvir? Podemos dizer que sabemos escutar verdadeiramente? E realmente escutar Jesus? Grande desafio interior, o de nos pormos à escuta. Comporta uma autêntica conversão, uma espécie de renascimento da nossa alma.

O sentido da escuta tem a ver com a prontidão. Estar pronto para. Uma boa imagem da escuta espiritual é a dos atletas no início de uma corrida, recolhidos na expetativa do sinal de partida.

Quem escuta cria dentro de si uma vigilância, uma atenção que lhe permite agir com diligência e fidelidade em cada circunstância, sem exceções. A qualidade da escuta interior determina a qualidade da resposta.

Mesmo sem nos darmos conta, a cada momento estamos a responder, dizendo sim ou refutando, abrimos o nosso coração a Jesus ou barramos-lhe a porta. Olha que Eu estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, Eu entrarei na sua casa e cearei com ele, e ele comigo» (Apocalipse 3,20).

Card. José Tolentino Mendonça, in Avvenire

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