segunda-feira, 25 de março de 2019

Não é preciso cansarmo-nos excessivamente.



Parece-me que deveríeis decidir-vos a fazer calmamente o que podeis.
Não vos inquieteis com tudo o resto, mas deixai nas mãos da divina Providência o que não podeis cumprir por vós mesmos.
São agradáveis a Deus a solicitude e o cuidado que, com razoabilidade, pomos nas tarefas que nos cumprem, para conseguirmos concretizá-las da melhor maneira.
Não lhe são agradáveis a ansiedade e a inquietação do espírito: o Senhor quer que os nossos limites e fraquezas encontrem apoio na Sua fortaleza e omnipotência, quer que tenhamos confiança em que a Sua bondade suprirá a imperfeição dos nossos meios.
Os que se ocupam com muitos assuntos, mesmo se com boas intenções o fazem, devem resolver-se a fazer apenas o que está ao seu alcance.
Se tivermos de deixar de lado certas coisas, há que ter paciência, e não pensar que Deus espera de nós o que não podemos fazer.
Ele não quer que o homem se atormente com as próprias limitações humanas; não é preciso cansarmo-nos excessivamente.
Quando de facto nos esforçámos por dar o melhor de nós, podemos deixar o resto nas mãos d'Aquele que tem o poder de realizar tudo o que quer.
Que a bondade divina nos comunique sempre a luz da sabedoria, para que possamos ver com clareza e realizar os Seus bons desejos com profunda convicção, em nós e nos outros, para que das Suas mãos aceitemos o que nos envia, considerando o que é de maior importância: a paciência, a humildade, a obediência e a caridade.

Carta de Santo Inácio de Loiola a Jerónimo Vignes 
17/11/1555            

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