do Lat. ciboriu; s. m., a parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes igrejas ou dos edifícios monumentais. Este blog é, na sua grande maioria, partilha de videos e textos de diversos autores que recebo diariamente. Com a visão dos outros podemos ver mais alto, mais longe...
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Esse barco que na tempestade transmite serenidade e salvação
Esse barco que na tempestade transmite serenidade e salvação
Estamos todos no mesmo barco, crentes e não crentes, portugueses e estrangeiros, ricos e pobres, cultos e incultos, estamos todos no mesmo mar e navegamos à mercê de quantos tomam o leme; portanto, o pensamento de poucos incide sobre o destino de muitos. Que o mar Mediterrâneo esteja em tempestade, que toda a Europa navegue em más águas, é evidente para todos, mas o que pode ser feito para evitar o naufrágio, ninguém sabe.
Envolvida em tais pensamentos, observava uma bela imagem de Bradi Barth (1922-2007), artista suíça de olhos vivíssimos que morreu na Bélgica aos 85 anos. Dedicou a vida à arte, abrindo no ano 2000 uma fundação com o objetivo de divulgar, através das suas obras, o espírito de evangelização, a unidade com o papa e a união a Cristo sob a proteção da Virgem Maria. Palavras fora de moda, hoje, palavras de outros tempos que emergem com prepotência das suas pinturas, conhecidas em todo o mundo e capazes, em chave delicada e poética, de encantar todas as categorias de pessoas.
Na obra de "Maria Mãe da Igreja", um barco navega num mar de águas agitadas, o céu é noturno, mas brilha ao alto, à esquerda, um sol misterioso, semelhante a uma grande Eucaristia. O contraste entre o mar furioso e a paz que reina na embarcação é evidente. A serenidade da Virgem Mãe, de Pedro, das ovelhas quietamente alojadas no casco, faz inveja a quem, como nós, olha tantas vezes para o mar de agitação geral.
Sim, encontrei aqui a fenda que atravessa os nossos desejos neste mês mariano, denso de festividades cristãs, como o Pentecostes e o Corpo de Deus, mas também grávido, infelizmente, de tragédias humanas e políticas que nem sempre são fáceis de interpretar.
No Pentecostes, agora às portas, a Igreja celebra a certeza de ser apoiada e guiada por Deus nas turbulências do mundo. Como poderemos redescobrir esta certeza da fé, capaz de dominar o mau humor, as contrariedades, a desconfiança geral em quem governa, seja político ou religioso?
Hoje vence a perplexidade, procura-se quase morbidamente o escândalo e a fraude. As notícias sobre crimes vencem nas audiências todas as outras dimensões do conhecimento. É verdade que o mal existe, mas o bem supera-o. Boa coisa é o protesto, mas de nada vale sem a proposta séria. É importante rejeitar a corrupção, mas só se acompanhada de um projeto adequado, dirigido, não para atacar o adversário mas para promover o bem comum.
O apóstolo Pedro de Bradi Barth conforta-me porque não está satisfeito com o seu cuidado pastoral, mas abraça a cruz, esse sinal pelo qual se vence. Olha para uma vela, vermelha do sangue dos mártires, mas enfunada pelo vento do Espírito. Como no antigo sonho de S. João Bosco, a calmaria do rebanho e a estabilidade daquele barco encontrarão força na Virgem Maria e na Eucaristia.
Gloria Riva
In Avvenire
Trad. / edição: SNPC
Imagem: Bradi Barth | D.R.
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