do Lat. ciboriu; s. m., a parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes igrejas ou dos edifícios monumentais. Este blog é, na sua grande maioria, partilha de videos e textos de diversos autores que recebo diariamente. Com a visão dos outros podemos ver mais alto, mais longe...
quarta-feira, 25 de abril de 2018
A oferta de um gelado:
A oferta de um gelado: Francisco e o bem das pequenas coisas
O papa, por ocasião do seu onomástico, ofereceu três mil gelados aos pobres de Roma (e arredores). Quem criticar Francisco inclusive por este pequeno gesto - poucos, mas certamente não faltarão - esquece que se não se pode fazer as coisas grandes, deve fazer-se as pequenas.
Se não tens instrumentos para construir "corredores humanitários" (porque só te é dado orar, encontrares-te com os poderosos, apoiar quantos têm a coragem de os iniciar), podes ir ao encontro daquela pergunta que todos pronunciámos quando éramos crianças - «papá, compras-me um gelado?» -, com os olhos reluzentes diante das cores, dos sabores e dos movimentos mágicos do vendedor de gelados. Que nesse momento se torna, inexoravelmente, o melhor homem do mundo. E se o papá nos oferece o gelado «porque hoje é o dia do santo com o meu nome», imprime-se dentro de nós, no nosso coração, que o nosso onomástico é algo de importante.
Não é secundário que a nossa vida tenha a ver com a de um santo. O aniversário recorda-nos que pertencemos ao tempo, o onomástico que estamos ligados a um santo; recorda-nos que o nosso sangue cristão é o mesmo que corre nas veias dos santos, e de um em particular: aquele de quem levamos o nome desde que fomos batizados. Para o papa é Jorge, para mim é Mauro (e se não se tem o nome de um santo, convido-a a escolher um, agora, como amigo).
Foram esbanjados alguns milhares de euros de esmola papal em gelados? Podiam gastar-se melhor? Creio que não. Talvez por ser alérgico aos discursos de quem quereria alugar a Praça de S. Pedro aos migrantes ou transformar a praça em frente num acampamento para ciganos, «visto que o papa é tão favorável aos migrantes, faça ele também qualquer coisa, já que no Vaticano não se faz nada pelos refugiados e só se conversa». Em primeiro lugar, sei que não é verdade que não se faça nada, mas sobretudo creio que a tarefa mais importante de cada um de nós não é mudar o mundo, mas mudar-nos a nós próprios.
Lamentar-se por aquilo que os outros não fazem, sobretudo se se trata de criticar as pessoas famosas, tem a grande vantagem de calar por um instante a nossa má consciência. Essa que atiçamos dizendo-lhe que um gelado dado a uma criança não resolve nem o problema da sua fome nem o da sua integração nem o das tensões Norte-Sul do mundo. Mas tem a desvantagem de não nos tornar melhores: porque, não o esqueçamos, a única maneira de ser bom é fazer boas ações, mesmo que pequenas.
Mauro Leonardi
In Avvenire
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