do Lat. ciboriu; s. m., a parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes igrejas ou dos edifícios monumentais. Este blog é, na sua grande maioria, partilha de videos e textos de diversos autores que recebo diariamente. Com a visão dos outros podemos ver mais alto, mais longe...
sábado, 7 de maio de 2016
A solidão do amor
Ele trazia sempre na carteira a fotografia dela. Era um tesouro que admirava várias vezes ao dia. Uma prova concreta de que ela existira e existia, de que não era uma mentira ou ilusão.
Na fotografia, ela estava lindíssima, com um sorriso acolhedor e um olhar cheio de luz que iluminava tudo... embora os nadas que ia enchendo fossem cada vez maiores.
Aquele homem sentia o seu amor despedaçar-se a cada dia, a cada hora... a cada agora! Como uma cascata sobre um abismo. Mas amava-a, nunca deixou de a amar, mesmo quando a morte o fazia deixar de acreditar. O seu coração parecia ter sido o lugar escolhido pelo bem e pelo mal, para nele se medirem as forças da luz e das trevas.
À noite, em casa, a saudade batia-lhe à porta, até a arrombar... logo que entrava, uma dor profunda seguia-lhe todos os passos e pesava, a cada um, mais e mais. Quando o sono chegava para lhe silenciar a tristeza, a saudade enchia o quarto e deitava-se na cama antes dele, esperando-o com o seu abraço frio. Era uma solidão tão concreta que, só, ele a podia ver e ouvir.
Queria tanto que ela, do lado de lá da morte, pudesse vê-lo...
A certeza de que o paraíso não faria sentido sem ela aquecia-lhe, por momentos, aquela noite imensa, ainda mais imensa quando ele perdia a esperança... e, apesar de não poder sentir a sua amada, ela dava-lhe sentido.
Desejava que a mesma morte que a havia levado, o levasse também a ele... ou para junto dela, ou para um nada qualquer onde já não houvesse dor. Mas não queria ser cemitério. Havia de honrar o que lhe prometera: conquistar, neste mundo, a vida eterna!
Sabia bem, muito bem, que uma das piores partes da batalha é a espera, mas estava certo da felicidade... desde o dia em que decidiram amar-se, perdoar-se e esperar um pelo outro.
O homem morreu num dia triste de chuva.
Morreu... e foi logo ajoelhar-se à cabeceira da cama onde ela esperava por ele, há tanto tempo...
O que ela não esperava foi o beijo quente com que ele a acordou, para sempre.
JOSÉ LUÍS NUNES MARTINS
(Ilustração de Carlos Ribeiro)
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