sábado, 23 de janeiro de 2016

O amor é a morte da morte

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O que há depois da vida? Nada. A vida não tem depois.

A morte é temporária. Há um afastamento no tempo e no espaço... o amor permanece, mas talvez mais profundo do que em qualquer outro momento. Não faz sentido que algo possa separar o encontro de duas almas.

Só o egoísmo pode matar de forma irreversível. Quem julga encontrar em si mesmo o porquê e o para quê da sua vida, tomando os outros como meros instrumentos da sua satisfação, abandona-se a si mesmo, quebrando todas as possibilidades de que o seu coração cumpra aquilo para que foi criado: amar. Quem não ama perde-se, para sempre. Consome-se numa tal ânsia devoradora que só encontra fim no vazio.

Que sentido pode ter esta vida sem uma verdade que ultrapasse os limites do tempo? Como posso eu justificar a minha existência? Sou um acaso? Onde estaria a consciência que lê estas linhas se esse acaso não tivesse acontecido? No nada? Como pode alguém julgar que toda a beleza e harmonia do mundo são resultado apenas de uma explosão caótica?

Até que a morte nos separe? Não. Até que a morte nos leve... para onde a plenitude do amor se pode cumprir. Enquanto neste mundo alguém amar alguém não faltará sentido para a vida... nem para a morte.

A sombra que a morte lança sobre a vida é sinal de uma luz perfeita que nos ilumina o caminho, nos aquece e nos promete que não há nada depois do amor... porque o amor não tem fim.



José Luís Nunes Martins

23 de janeiro de 2016

Ilustração de Carlos Ribeiro

1 comentário:

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