Falamos de mais. Damos, tantas vezes, a nossa opinião mesmo quando ninguém a pediu, mesmo quando talvez ninguém se possa interessar por ela. Como se o silêncio fosse pior... na verdade, as nossas palavras prendem-nos. Por falarmos mais do que devemos, acabamos por nos tornarmos em quem não queríamos ser. Há quem pareça gostar tanto da sua voz que aproveita o tempo em que devia escutar os outros para pensar no que lhes dizer depois... não escutam. Falam apenas. De mais. Como pode saber falar, quem não sabe calar?
No silêncio há mais paz. Mais liberdade. Escutam-se melhor tudo o que está à nossa volta. O que dizem os outros e o que não dizem. Até se vê muito melhor.
A praça pública é ruidosa e indiferente. Curiosa, quer saber muito, mas tudo esquece e bem depressa.
Importa que sejamos capazes de guardar para nós e para quem nos pede as nossas palavras, até mesmo quando sejam as mais acertadas, devem apenas ser ditas se alguém as quiser escutar... caso contrário, o melhor será sempre o silêncio. Até porque ter razões não é ter razão.
O silêncio é o lugar do amor. A verdade não se diz, faz-se. Cumpre-se. Em gestos tão simples como escutar, sofrer, contemplar, perdoar e agradecer.
Afinal o ponto mais elevado da nossa existência está no mais profundo de nós. O silêncio é a luz para lá chegarmos.
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