do Lat. ciboriu; s. m., a parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes igrejas ou dos edifícios monumentais. Este blog é, na sua grande maioria, partilha de videos e textos de diversos autores que recebo diariamente. Com a visão dos outros podemos ver mais alto, mais longe...
quarta-feira, 22 de julho de 2015
A pastoral do abraço do Papa Francisco
Por Pastoral entende-se o cuidado dos fiéis cristãos, por parte dos seus pastores, para encaminhá-los à plena salvação do Reino de Deus, por isso, podemos falar de diversos métodos pastorais. Em primeiro lugar, é preciso destacar a importância da palavra, oral ou escrita, para anunciar o evangelho do Senhor.
Porém, à palavra é preciso acrescentar as imagens e os sinais sacramentais que falam aos sentidos. E não podemos esquecer a música e os modernos meios de comunicação com todas as variedades informáticas recentes.
No entanto, o Papa Francisco acrescentou a estes métodos pastorais um caminho pastoral novo: a pastoral dos gestos significativos e, concretamente, a pastoral do abraço.
Desde o início do seu pontificado, Francisco realizou gestos muito significativos (não residir nos Palácios apostólicos vaticanos, vestir e viajar de forma simples, ir a Lampedusa...), mas, principalmente, abraçando crianças e doentes, anciãos e mendigos, gente com diferentes capacidades físicas, imigrantes africanos e asiáticos…
Na sua recente viagem à América Latina também abraçou homens e mulheres privados de liberdade e a todos os que se aproximaram dele para lhe manifestar o seu testemunho e os seus pedidos. São abraços ternos e fortes ao mesmo tempo, sem palavras, como os abraços de Jesus nas crianças da Palestina, ou como o abraço do pai, da parábola, ao seu filho que chegava a casa destroçado e dolorido.
A Igreja quer-se manifestar deste modo, como uma mãe carinhosa, não como uma governanta rabugenta que com o seu dedo erguido ameaça todos os que se desviaram do bom caminho... Como disse João XXIII, na inauguração do Concílio Vaticano II, neste nosso tempo a Igreja prefere usar a medicina da misericórdia, mais do que a da severidade.
Não há que ser especialmente culto ou profissional para descobrir que o abraço expressa proximidade, afeto, carinho, solidariedade, empatia, amor. O abraço é, sem dúvida, algo comum na família e na sociedade, mas quando acontece no âmbito religioso expressa com gestos concretos o amor e a benevolência de Deus Pai para com os seus filhos e filhas, seja qual for a sua situação física, cultural, social ou moral. É um abraço que antecipa o abraço eterno do Pai em suas criaturas, no final dos tempos.
Por isso, Francisco não se limita a falar dos pobres ou a optar por eles, mas, sim, aproxima-se dos pobres e abraça-os. Não é simplesmente um abraço pastoral, é algo mais profundo, a pastoral do abraço. É um abraço que tem um profundo sentido profético de denúncia de um sistema que descarta e exclui. Por isso, Francisco abraça especialmente aqueles que não têm quem os abrace, os solitários, os marginalizados, os descartados, os feridos do caminho. E a estes manifesta a ternura e o carinho de Deus.
Certamente, a pastoral do abraço precisa ser complementada com outras mediações pastorais, mas é com segurança o caminho pastoral mais impactante, em muitos casos o mais necessário e o único possível quando as palavras e os gestos são incapazes de expressar algo muito profundo. Os setores populares são aqueles que melhor captam este tipo de pastoral. Ao contrário, o irmão mais velho da parábola não compreendeu a razão pela qual o seu pai abraçava o filho desviado.
O abraço pastoral faz parte da dimensão de encarnação da salvação e da graça. Deus não nos acessa através de uma espécie de fluidos etéreos e invisíveis, mas, ao contrário, através de mediações sensíveis, físicas, corporais, sacramentais. O abraço pastoral é como um sacramento que expressa a dignidade de cada pessoa e o amor misericordioso do Pai, que se revelou a nós em Jesus e que o Espírito atualiza na história.
E por isso não basta o abraço litúrgico da paz na eucaristia, é preciso ir à rua e abraçar o pobre, o enfermo, a mulher abandonada, o ancião desamparado, o privado de liberdade. Como afirma o Papa Francisco, no abraço ao pobre estamos a abrçar a carne de Cristo.
Francisco, na sua recente viagem pela América Latina, intensificou os seus abraços e através desta pastoral do abraço aproximou-nos da presença e ternura de Deus. Com os seus abraços, manifestou-nos e expressou o abraço de Deus ao seu povo. E abriu-nos um caminho pastoral para que façamos o mesmo: a pastoral do abraço. Seremos capazes de segui-la?
(iMissio.net)
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