sábado, 21 de fevereiro de 2015

Sereia ou baleia?



Uma academia colocou um outdoor em São Paulo que dizia o seguinte:

Neste verão, o que vc vai ser? Sereia ou Baleia?
Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail:

Ontem vi um outdoor com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase: Neste verão, o que vc vai ser? Sereia ou Baleia?
Respondo:
Baleias estão sempre cercadas de amigos. Baleias tem vida sexual ativa, engravidam e tem filhotinhos lindos. Baleias amamentam. Baleias andam por ai cortando os mares e conhecendo lugares maravilhosos, como a Antártida e os recifes de corais da Polinésia. Baleias tem amigos golfinhos. Baleias comem camarão. Baleias cantam muito bem. Baleias são resolvidas, lindas e amadas.
Sereias não existem!
Se existissem viveriam em crise existencial. Sou um peixe ou um ser humano? Não tem filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza. São lindas, mais triste e sempre solitárias...QUERIDA ACADEMIA, PREFIRO SER BALEIA.

A referida academia retirou o outdoor no mesmo dia.

Muitas vezes o ser humano se importa tanto com o exterior de uma pessoa (criticando a gordura), a posse de bens materiais, e esquece que o mais importante é o interior. Vamos valorizar mais o que somos e não o que os outros visualizam, cada um sabe como quer estar ou fazer de si. Só assim seremos felizes.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Rastejar até à meta


Hyvon Ngetich, de 29 anos, estava a escassos metros de ganhar a Maratona de Austin, EUA, este domingo, quando a força lhe abandonou o corpo e a fez colapsar. Sem conseguir sequer andar, a queniana foi auxiliada pela equipa médica no local, que lhe ofereceu uma cadeira de rodas... mas a atleta recusou a oferta e começou a rastejar até à meta.

A decisão de Ngetich em continuar a corrida apesar do colapso do seu corpo justificar o abandono da prova fez dela uma sensação online. Desde domingo que diversos vídeos do momento estão a ser partilhados nas redes sociais, acompanhados de mensagens de apoio e de elogios à persistência e coragem da atleta.

Apesar do contratempo, Ngetich ainda conseguiu, mesmo assim, terminar em terceiro lugar do pódio feminino. O organizador da prova ficou tão emocionado com a atitude da queniana, que a considerou "a pessoa mais forte deste planeta" e lhe aumentou o valor do prémio final. "Fizeste a corrida mais corajosa e o rastejar mais corajoso que alguma vez vi na vida", disse-lhe. "Mereces todas as honras".

Há, no entanto, quem lhe elogie a coragem, mas relembre que o esforço da atleta poderia ter sido fatal e que a equipa médica a deveria ter removido da corrida de imediato, pois os níveis de açúcar no sangue da queniana estavam perigosamente baixos.

A atleta, por sua vez, garante nem se recordar muito bem do final da corrida. "Não me consigo lembrar muito bem do que aconteceu e nem me lembro de ver a meta. Mal me lembro de colapsar ou rastejar", confessou à BBC Radio.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Grande é o mistério do amor



«Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. De facto, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo; pelo contrário, alimenta-o e cuida dele, como Cristo faz à Igreja; porque nós somos membros do seu Corpo. Por isso, o homem deixará o pai e a mãe, unir-se-á à sua mulher e serão os dois uma só carne.» (Efésios 5, 28b-32)

O amor dos maridos pelas esposas e vice-versa encontra a sua grandeza quando é referido a Cristo e à Igreja. É claro que a criatura humana já fora criada para se unir como casal (Adão e Eva), mas o modo como o casal se realiza em Cristo revela, ampliando-o, o horizonte da primeira criatura de Deus. Um horizonte que se perde em zonas misteriosas, nas quais dois podem fundir-se num só. Nas quais dois podem comunicar, conviver, serem uma comunhão.

Grande desafio, o de sair do individualismo, da avareza, do medo. É a derrota da solidão. Dar o salto para fora da velha casa paterna para morrer na carne de outra pessoa. Tomar a decisão. Extirpar os guetos de todo o tipo, superar a lógica das guerras religiosas para «ser uma só carne». Para lá das leis e das regras moralistas. É o ímpeto irresistível para a caridade e para as suas obras que faz dos dois um só corpo. Levando assim, em si próprios, o anúncio da paz e do fim do ódio, o anúncio dos perseguidos por causa da justiça. Dos puros de coração que «veem» a Deus. Por serem sua carne.

Maravilha do mistério de Cristo e da Igreja: a sua visibilidade é desconcerto e milagre. Deixemo-nos desconcertar e façamo-nos milagre!

Cristo cuida e nutre a sua carne, a Igreja. Do mesmo modo amem os maridos as suas esposas e as esposas os seus maridos: cuidem um do outro.

Sejam capazes de se surpreenderem com a delicadeza de gestos de respeito e com a gratuidade de atos de amor, para lá dos atos expetáveis no âmbito do que for hábito vazio e cínico.

Protejam-se reciprocamente, considerando que o outro é carne sua e que o destino de um está ligado ao do outro.

Saibam captar as respetivas necessidades no momento certo e encontrar as palavras e os gestos que lhes possam responder; sejam sensíveis aos sofrimentos e lutem por resgatar, nesses momentos, a liberdade e a paz recíprocas.

Defendam a comunhão como caminho de fecundidade, sem esmagarem ou desprezarem os carismas e as diferenças; façam desses carismas instrumento e tesouro para o casal crescer como família, onde cada qual tem a sua voz e a sua insubstituível riqueza.

Alimentem-se um ao outro com a consagração da própria vida, consagração essa que transcende todos os esquemas adolescentes de um compromisso tantas vezes meramente boémio.

Não é possível o casal sustentar-se se renunciar a viver em cheio e a amadurecer, isto é, sem a exigência adulta de se darem.

A nossa vida não é a vida de quem se poupa. Precisamos de nos gastarmos numa caridade feita diariamente de suor, cansaço e sacrifício. Não passar o tempo à espera de prémios, ou a lamentar as omissões do outro; há que cumprir o mandamento do amor que pede amor incondicional.

Precisamos de ter bondade, e também liberdade e distância em relação ao nosso ou à nossa consorte; alimentá-lo, portanto, de caridade e de profecia. Sem nos contentarmos com sermos uns tontos guardiães de muralhas ou de meras tradições.

«Grande é este mistério...», «... por isso o homem se unirá á sua mulher... grande é este mistério; mas eu interpreto-o em relação a Cristo e à Igreja.»
O matrimónio não é indispensável para se vivenciar o amor de Deus. Paulo dirá: «Desejaria que todos fossem como eu», que me fiz tudo para todos (cf. 1 Coríntios 7, 7). É indispensável fazer a experiência do amor. O cristianismo é uma religião eminentemente espiritual: teremos maridos, esposas, filhos e filhas no Espírito, pois a fecundidade do amor é um milagre sem fim.

Rosanna Virgili 
In "Os aposentos do amor", ed. Paulinas 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Amo-te!



Eu tive uma relação bastante boa com o Senhor. Pedia-lhe coisas, conversava com Ele, louvava-O, agradecia-Lhe...

Mas sempre tive a incómoda sensação de que Ele queria que eu O olhasse nos olhos... coisa que eu não fazia. Eu falava-Lhe, mas desviava o meu olhar quando sentia que Ele estava a olhar para mim. Olhava sempre para outro lado. E sabia porquê: tinha medo. Pensava que nos Seus olhos iria encontrar um olhar de reprovação por algum pecado do qual eu não me tivesse arrependido. Pensava que nos Seus olhos ia encontrar uma exigência; que havia alguma coisa que Ele queria de mim.

Por fim, um dia, reuni a suficiente coragem e olhei. Não havia nos Seus olhos reprovação nem exigência. Os Seus olhos limitavam-se a dizer: “Amo-te”. Fiquei a olhar fixamente durante muito tempo. E ali continuava a mesma mensagem: “Amo-te”. E, tal como Pedro, sai para fora e chorei”

Antony de Mello, El canto del pajaro, p. 148:

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Que é o homem para que Vos lembreis dele?



Como é admirável o vosso nome em toda a terra,
Senhor, nosso Deus!

Quando contemplo os céus, obra das vossas mãos,
a lua e as estrelas que lá colocastes,
Que é o homem para que Vos lembreis dele,
o filho do homem para dele Vos ocupardes?

Fizestes dele quase um ser divino,
de honra e glória o coroastes;
destes-lhe poder sobre a obra das vossas mãos,
tudo submetestes a seus pés:

Ovelhas e bois, todos os rebanhos,
e até os animais selvagens,
as aves do céu e os peixes do mar,
tudo o que se move nos oceanos.

Salmo 8, 2-9

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Olha para o lado



Na creche onde andava o Salvador ninguém gostava da mãe dele.

Todas as manhãs Maria do Carmo parava o Mercedes à porta do colégio e entrava para deixar o filho. Sempre elegante, bem vestida e cheirosa despedia-se dele à porta da sala com um longo abraço e muitos beijinhos e voltava a sair. Se encontrava a educadora era seca e breve na conversa e nunca se detinha em trocas de impressões com outras mães, que a consideravam pedante e antipática. A meio da tarde, fresca e linda como se o dia se tivesse esquecido de passar por ela, lá ia ela buscar o filho que corria para os seus braços assim que a via assomar à porta da sala. E saía no mesmo registo distante.

Arrogante, diziam umas. Tem a mania, diziam outras.

Nas festas da escola era quando o marido aparecia. Alto, engravatado, bem constituído, bonito e sorridente, encostava-se com a mulher num canto do salão e não trocavam uma palavra com ninguém, apenas um cochicho cúmplice e esporádico entre eles. A presença do casal suscitava sempre suspiros nas mulheres, pensamentos menos decentes nos homens e alguma inveja em todos eles.

Certa tarde, quando regressava a casa, Maria do Carmo teve um acidente. Nada de grave. Numa rotunda, a carrinha à sua frente travou subitamente e ela, distraída que ia nos seus pensamentos, reagiu tarde demais. Depois de verificar que estava tudo bem com o filho e consigo, saiu do carro para verificar os danos e acertar os detalhes do seguro com o outro condutor. Estava muito nervosa e isso refletiu-se nos seus modos e nas ofensas que dirigiu ao senhor contra cujo carro tinha esbarrado.

O assunto resolveu-se, mas atrasou-a e acabaram por chegar a casa mais de uma hora depois do habitual. O Mercedes entrou no portão do condomínio, com os grandes pneus a fazerem estalar as pedrinhas do caminho de acesso à moradia, despertando a atenção do jardineiro, que um pouco adiante regava o relvado comum.

O carro do marido já lá estava. Sem acordar o filho, que dormia na cadeirinha no banco traseiro, Maria do Carmo estacionou em frente da garagem e entrou em casa. Ao vê-la passar, o jardineiro mirou-a e apreciou a sua beleza.

Pouco depois Maria do Carmo surgiu de novo. Vinha um passo atrás do marido, que parou em frente do carro e cruzou os braços enquanto avaliava a amolgadela perpetrada pela esposa. Visivelmente irritado, ele gesticulava e fazia perguntas, visivelmente nervosa ela acenava e respondia. A certa altura ele voltou-se para ela, avançou o passo que os afastava e, sem mais uma palavra, enfiou-lhe uma bofetada que lhe projetou a cabeça contra o muro. Avançou um passo mais e logo desferiu outra que a deixou caída no chão.

Perante aquilo, o jardineiro paralisou, sem conseguir desviar o olhar.

Ao lado do carro, no meio da rua, o marido, instigado por uma fúria descontrolada, apenas comparável, talvez, à fúria de um homem que vingasse a morte de um filho, desferia pontapés a eito sobre a mulher. Sobre o peito, pernas, cabeça e rosto da mulher.

Mas quanto mais o marido lhe batia, mais envergonhado o jardineiro se sentia por estar a olhar.

Sentia que estava a intrometer-se na intimidade conjugal, que aquilo era a vida deles, que não devia estar ali.

Um movimento dentro do Mercedes desviou-lhe a atenção. Preso à cadeirinha, o pequeno Salvador chorava e gritava sem que alguém o escutasse ou prestasse atenção.

Impotente, perturbado, sem saber o que fazer, o jardineiro afastou-se.

Nessa noite jantou com uns amigos e, enquanto contava esta história, chorou. Devia ter feito alguma coisa, devia ter ido lá, devia ter salvo aquela mulher e aquela criança. Devia ter morto aquele monstro. Mas não fez. Não foi. Não salvou. Não matou. Nem sequer chamou a polícia.

Nessa noite, o jardineiro não dormiu.

Assim que o dia nasceu o jardineiro preocupado plantou-se de novo a regar o relvado comum. Precisava de ver que estava tudo bem, que tinha ficado tudo bem. Esperou.

Às nove em ponto, bem vestida, bem cheirosa e bem maquilhada, Maria do Carmo entrou no Mercedes e foi levar o filho à escola.

Marta Elias

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Consolações



«Não posso dizer
que tenha recebido muitas vezes consolações
durante as minhas acções de graças;
é talvez o momento em que menos as tenho...
Acho muito natural,
já que me ofereci a Jesus,
não como uma pessoa
que deseja receber a Sua visita
para consolação própria,
mas, pelo contrário,
para dar prazer Àquele que se dá a mim.»

Santa Teresa do Menino Jesus | 1873 - 1897 
Manuscrito A, 79 vº

Senhor Jesus,
que eu procure mais
o Deus das consolações
do que as consolações de Deus.
As consolações não são a Tua Pessoa.
A Ti encontro-Te pela fé,
pela esperança e pelo Amor.
E quando nada sinta não devo desencorajar-me,
mas saber que Tu, Senhor,
és maior do que os meus sentidos,
não cais nos meus sentimentos,
mas manifestas-Te na minha vida
de forma insensível, mas eficaz.
Ajuda-me Senhor,
a saber sempre reconhecer-Te
quer sinta, quer não sinta,
quer compreenda ou não,
quer veja ou não veja…
Tu estás sempre para além dos meus sentidos
e é pela fé que Te reconheço em todas as coisas.
Ajuda-me, Senhor, a saber encontrar-Te.

Vê que interessante a quantidade dos nossos antepassados: Pais: 2 Avós: 4 Bisavós: 8 Trisavós: 16 Tetravós: 32 Pentavós: 64 Hexavós: 128 Hep...