terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Se alguém te perguntasse «onde vives?»



Se alguém te perguntasse «onde vives?», «que há de interessante na tua vida?», como responderias?

O evangelista João interessou-se especialmente em indicar aos seus leitores como começou o pequeno grupo de seguidores de Jesus. O Batista fixa-se em Jesus, que passava nas proximidades, e diz aos discípulos que a acompanham: «Eis o Cordeiro de Deus».

Os discípulos, provavelmente, não entenderam grande coisa, mas começam a «seguir Jesus». Durante algum tempo caminham em silêncio. Não houve ainda um verdadeiro contacto com Ele. Seguem um desconhecido e não sabem exatamente porquê nem para quê.

Jesus rompe o silêncio com uma pergunta: que procurais? Que esperais de mim? Quereis orientar a vossa vida na direção do meu rumo? São dúvidas que é preciso esclarecer bem.

Os discípulos dizem-lhe: «Mestre, onde vives?». Qual é o segredo da tua vida? O que é viver, para ti? Aparentemente, não procuram conhecer novas doutrinas. Querem aprender de Jesus um modo diferente de viver. Querem viver como Ele.

Jesus responde-lhes diretamente: «Vinde e vereis». Fazei vós mesmos a experiência. Não procureis informação de fora. Vinde viver comigo e descobrireis como vivo, de onde oriento a minha vida, a quem me dedico, porque vivo assim.

Este é o passo decisivo que precisamos de dar hoje para inaugurar uma fase nova na história do cristianismo. Milhões de pessoas dizem-se cristãs mas não experimentaram um verdadeiro contacto com Jesus. Não sabem como viveu, ignoram o seu projeto. Dele não aprendem nada de especial.

Entretanto, nas nossas igrejas não temos capacidade de gerar novos crentes. A nossa palavra já não é atrativa nem credível. Aparentemente, o cristianismo, tal como nós o entendemos e vivemos, interessa cada vez menos.

Se alguém se aproximasse de nós e nos perguntasse «onde viveis?», «que há de interessante nas vossas vidas?», como responderíamos?

É urgente que os cristãos se reúnam em pequenos grupos para aprender a viver ao estilo de Jesus, escutando juntos o Evangelho. Ele é mais atrativo e credível que todos nós. Pode gerar novos seguidores, pois ensina a viver de maneira diferente e interessante.


José Antonio Pagola 
In "Periodista digital" 
Trad. / edição: Rui Jorge Martins 
Publicado em 12.01.2015

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