sexta-feira, 15 de maio de 2009

Nada era d'Ele



Disse um poeta um dia,
fazendo referência ao mestre amado:
"O berço que Ele usou na estrebaria,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E o manso jumentinho,
em que, em Jerusalém, chegou montado e
palmas recebeu pelo caminho,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E o pão - o suave pão
que foi, por seu amor, multiplicado,
alimentando toda a multidão,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E os peixes que comeu,
junto ao lago e ficou alimentado,
esse prato era seu?
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E o famoso barquinho?
aquele barco em que ficou sentado,
mostrando à multidão qual o caminho,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E o quarto em que ceou
ao lado dos discípulos,
ao lado de Judas, que o traiu,
de Pedro, que o negou,
por acaso era dEle?
- Era emprestado!

E o local tumular,
que depois do calvário, foi usado
e de onde havia de ressuscitar,
o túmulo era dEle?
- Era emprestado!

Enfim, nada era dEle!

Mas, a coroa que Ele usou na cruz
e a cruz que carregou.. e onde morreu,
essas eram, de fato, de Jesus!"

Isso disse um poeta, certo dia,
numa hora de busca da verdade,
mas, não aceito essa filosofia
que contraria a própria realidade....

o berço, o jumentinho, o suave pão,
os peixes, o barquinho, o quarto e a sepultura,
eram dEle a partir da criação,
"Ele os criou" - assim diz a Escritura....

Mas a cruz que Ele usou
a rude cruz, a cruz negra e mesquinha
onde meus crimes todos expiou,
essa não era dEle,

Essa cruz era minha!
.

2 comentários:

  1. SOMBRA E LUZ


    O lado sombrio da cruz e da coroa, não são só teus, são nossos e sendo nossos e por nós todos partilhados porque não há como fugir a isso na morte que ambas simbolizam, mais fáceis se tornam de carregar já que, ao contrário do que é vulgo dizer-se, não morremos sózinhos.

    Por outro lado, o lado luminoso de ambas, esse, aquele que se revê na Ressurreição e nas encruzilhadas que nós próprios vamos vencendo e que a Arte como autêntico retrato da epopeia humana canta, mais ainda, assim o saibamos fazer, nos alivia o caminho.

    Dele, teu, meu ou nosso, assim as saibamos carregar como Ele o fez na nossa própria expiação.


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 15 de Maio de 2009

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  2. NADA


    E se nada era d'Ele, nada já é tanto ...!


    Jaime Latino Ferreira
    Estoril, 15 de Maio de 2009

    ResponderEliminar

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