Meu Deus, não sei bem porque Te escrevo. Já me conheces e sabes melhor do que eu o que esperar de mim. Compreendes os meus defeitos, auxilias o meu trilho, beatificas as minhas virtudes. Será?
E se na verdade tudo isto forem idealizações do ser humano para se desculpar do seu comodismo? E se, de verdade, de verdade, Tu esperares mais de mim do que aquilo que eu julgo ser capaz de oferecer? E se Tu não esperares que eu me sinta numa tarde de Domingo com tudo e sem nada construído ou por edificar? Esperarás algo mais, meu Deus, do que aquilo que eu creio ter e ser, como suficientes?
Procuro serenidade. Tu nunca ma dás, ou pelo menos torna-la difícil de atingir. Mas se peço mais e anseio por mais, também não mo dás. Sim, talvez te devesse escrever em sinal de agradecimento, talvez esta carta devesse ser um símbolo de fé e gratidão. Talvez.
E, se eu exigir respostas? Não, já sei. Pergunta estúpida. E, se eu não me der por vencida e as procurar com minhas mãos? Sim, já sei. Resposta afirmativa. Mas há tanta coisa, meu Deus, tanta coisa que sei ir ficar sem resposta. Provavelmente, (sim, compreendo) a partir do exacto momento que tiver certezas o encanto diminuirá em 3\4. Então porque sinto este conflito interior que busca mais?
Este vento que não busca paz mas força. Serei mais. Prometo que serei mais. Agradeço o que fui. Orgulho-me do que sou e peço força. Suplico apenas que, em vez de comodismo ou conformismo me deixes ficar com esta descontracção que procuro guardar no bolso que trago ao peito. Obrigado pelo que sou. E obrigado pelo ser contigo.
Filipe Santos.
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ResponderEliminarProvavelmente, (sim, compreendo) a partir do exacto momento que tiver certezas o encanto diminuirá em 3\4.
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Aí é que está!
Por mais certezas que eu possa ter outras incertezas, mistérios sempre surgem e se desdobram e o encanto, o Mistério, cresce exponencialmente!
A certeza e a razão não são inimigas do Mistério e da Fé e ambos, certeza e Mistério, razão e Fé, crescem a par e têm uma génese histórica, ela mesma, comum.
É por isso que reafirmo e brado mais alto se possível o que Outros o disseram, que não tenhais medo (!), que deixai-Vos tocar e ser tocados, que não volteis as costas ao diálogo e que saibais contraditar porque à medida que se descobre o Mistério, Este, longe de definhar apenas cresce em Seu imenso esplendor.
Jaime Latino Ferreira
estoril, 6 de Maio de 2009
Obrigada Pe Nuno por me ajudar a abrir os olhos e a pensar.
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