do Lat. ciboriu; s. m., a parte mais alta que exteriormente remata ou cobre a cúpula das grandes igrejas ou dos edifícios monumentais. Este blog é, na sua grande maioria, partilha de videos e textos de diversos autores que recebo diariamente. Com a visão dos outros podemos ver mais alto, mais longe...
quinta-feira, 27 de dezembro de 2012
Ave poisada no ramo
Uma ave poisada no ramo
não tem medo de cair...
não porque confie no ramo,
mas sim porque confia nas suas asas.
quarta-feira, 26 de dezembro de 2012
Papa perdoa ex-mordomo
Bento XVI visitou hoje (22 Dez.) o seu antigo mordomo, Paolo Gabriele, para lhe conceder um indulto natalício à pena de prisão a que tinha sido condenado, por furto de documentos confidenciais.
"Esta manhã o Papa realizou uma visita, na prisão, a Paolo Gabriele, para lhe confirmar o seu próprio perdão", referiu aos jornalistas o porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi.
Segundo o sacerdote, a visita de Bento XVI demorou cerca de 15 minutos, na cela onde Gabriele estava detido, num "colóquio muito intenso".
O diretor da sala de imprensa da Santa Sé disse tratar-se de “um gesto paterno para com uma pessoa com a qual o Papa partilhou durante vários anos uma familiaridade quotidiana.”
O perdão de Bento XVI pode ser visto como o final de "um triste e doloroso capítulo", acrescentou.
Após o encontro como o Papa, Paolo Gabriele deixou a prisão, regressando a casa, mas não poderá retomar o seu trabalho anterior nem continuar a residir no Vaticano.
"A Santa Sé, confiando na sinceridade do arrependimento que manifestou, tenciona oferecer-lhe a possibilidade de retomar com serenidade a vida juntamente com a sua família", sendo-lhe oferecidos um outro emprego e uma habitação, refere uma nota da Secretaria de Estado do Vaticano.
Gabriele tinha sido detido em maio e foi condenado, em 6 de outubro, a 3 anos de reclusão, pena reduzida para ano e meio, por fruto agravado de documentos reservados.
terça-feira, 25 de dezembro de 2012
Para haver Natal este Natal
Para haver Natal este Natal
Talvez seja preciso reaprendermos
Coisas tão simples!
Que as mãos preocupadas com embrulhos
Esquecem outros gestos de amor,
Que os votos rotineiros que trocamos
Calam conversas que nos fariam melhor,
Que os símbolos apenas se amontoam
E soltam uma música triste
Quando já não dizem aquela verdade profunda!
Para haver Natal este Natal
Talvez seja preciso recordar
Que as vidas começam e recomeçam
E tudo isso é nascimento (logo, Natal)
Que as esperanças ganham sentido
Quando se tornam caminhos e passos.
Que para lá das janelas cerradas
Há estrelas que luzem
E há a imensidão do Céu.
Talvez nos bastem coisas
Afinal tão simples:
(1) O alento dos reencontros autênticos;
(2) A oração como confiança soletrada;
(3) A certeza de que Jesus nasce em cada ano
Para que o nosso natal, alguma vez, esta vez, seja Natal!
Pe. Tolentino Mendonça
segunda-feira, 24 de dezembro de 2012
domingo, 23 de dezembro de 2012
Falling Plates
Um filme sobre a vida e amor...
You. Look at your eyes.
Look at them.
Speckled.
Colorful.
Each one unique.
And I created every one of them.
I created everything...
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Estrela
"Que a Tua estrela nos encontre disponíveis
para a viagem
mesmo sem que percebamos tudo.
Que o seu brilho nos torne pacientes
com as coisas não resolvidas do nosso coração
e nos ajude a amar as difíceis questões
que por vezes a noite, por vezes o dia
segredam pelo tempo fora.
Que a Tua estrela nos faça reconhecer
que nunca é tarde
para que se tornem de novo ágeis e sonhadores
os nossos passos cansados
pois nós próprios nos tornamos em estrelas
quando arriscamos perpetuar
a Tua luz multiplicada".
José Tolentino Mendonça
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
"...Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a Tua Palavra...
Lc 1, 26-38
...E assim começou a história da minha - da tua - salvação.
Por uma pequenissima frase.
Tudo o que é importante na Biblia,
é MUITO PEQUENINO porque MUITO GRANDE.
Aqui, um SIM inteiro, uma vida oferecida.
Maria disse SIM ao Senhor... e eu fui salvo.
Hoje, ontem, àmanhã,
todos os dias o anjo visita-me a mim - e a ti -
com recados e desafios do Céu.
"Eu, Senhor? É a mim, é desta miséria que precisas?
Se Te sirvo para algua coisa, se queres,
então, SIM, eu também quero.
SIM!
Teresa Olazabal
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Desafios de um cristianismo sapiencial
A importância do agora: os desafios de um cristianismo sapiencial.
Sobre o saborear devagar, aos poucos, sem querer desvendar o enigma de uma só vez, sabendo que é preciso regressar sempre:
«Uma história dos Padres do Deserto falava de u...m mestre de noviços que era calígrafo. Veio o noviço e o ancião passou-lhe a página para meditar. O noviço agarrou-a e foi para a sua cela, mas ao chegar ficou horrorizado porque o ancião tinha escrito só as consoantes. Voltou para junto dele e disse-lhe: "Mestre, talvez te tenhas enganado porque me deste um texto só escrito com consoantes". E o ancião responde-lhe: "Vai para a tua cela, medita nas consoantes, e depois vem para receberes as vogais.»
«Nós queremos tudo ao mesmo tempo: as consoantes e as vogais, o passado e o futuro, o ontem e o hoje, o que se vê e o que não se vê, a terra e a lua, porque achamos que só essa totalidade nos dá o sentido profundo das coisas. Mas, e isto é de uma grande sabedoria espiritual, nós temos o que precisamos.»
Sétima parte da conferência "A importância do agora: os desafios de um cristianismo sapiencial", proferida pelo padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, no âmbito do ciclo "Viver a Fé aqui e agora", organizado pelas Monjas Dominicanas do Lumiar (Lisboa).
Sobre o saborear devagar, aos poucos, sem querer desvendar o enigma de uma só vez, sabendo que é preciso regressar sempre:
«Uma história dos Padres do Deserto falava de u...m mestre de noviços que era calígrafo. Veio o noviço e o ancião passou-lhe a página para meditar. O noviço agarrou-a e foi para a sua cela, mas ao chegar ficou horrorizado porque o ancião tinha escrito só as consoantes. Voltou para junto dele e disse-lhe: "Mestre, talvez te tenhas enganado porque me deste um texto só escrito com consoantes". E o ancião responde-lhe: "Vai para a tua cela, medita nas consoantes, e depois vem para receberes as vogais.»
«Nós queremos tudo ao mesmo tempo: as consoantes e as vogais, o passado e o futuro, o ontem e o hoje, o que se vê e o que não se vê, a terra e a lua, porque achamos que só essa totalidade nos dá o sentido profundo das coisas. Mas, e isto é de uma grande sabedoria espiritual, nós temos o que precisamos.»
Sétima parte da conferência "A importância do agora: os desafios de um cristianismo sapiencial", proferida pelo padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, no âmbito do ciclo "Viver a Fé aqui e agora", organizado pelas Monjas Dominicanas do Lumiar (Lisboa).
terça-feira, 18 de dezembro de 2012
A Dança
Amas a dança, Senhor Deus!
Tu mesmo conduzes
o ballet das estrelas
e a dança
dos ventos e das nuvens.
Dançam
sob teu olhar complacente
as ondas do mar,
as aves, no azul do céu,
as árvores,
que parecem imóveis
e são exímias bailarinas.
Dançam
na mais bela de suas preces
os teus anjos.
És todo harmonia e ritmo!
Tu mesmo danças, Senhor!
Vamos retomar cada afirmativa da meditação... É ou não verdade que somente Deus pode conduzir o ballet dos astros pelas alturas, e a dança dos ventos e das nuvens?
São milhões, bilhões de mundos, diante dos quais a Terra fica pequenina, pequenina...
E quem, senão Deus, saberia lidar com as nuvens e os ventos, que parecem tão independentes e tão difíceis de controlar?
Há ou não uma dança autêntica no ir e vir das ondas do mar?... Dançam ou não as aves em pleno azul do céu? Basta pensar nas andorinhas... Se me permitem um exemplo de aparência grotesca: como podem os urubus, tão pouco dotados de beleza, desenvolver volteios tão belos que nos fazem esquecer os poucos dotes físicos do Irmão Urubu?
Quem não descobriu ainda que as árvores, que parecem profundamente presas ao chão, dançam e como dançam, através dos seus galhos, e com a participação de suas folhas, flores e às vezes frutas?...
Quem tem olhos de ver e ouvidos de ouvir percebe que o Criador e Pai imprime ritmo em tudo e em todos:
- quando marchamos descuidadamente há um ritmo natural em nosso braço e no movimento de nossas mãos...
- até quando uma folha se desprende de uma árvore, ela não cai de um modo qualquer... Ela, apesar de aparentemente morta, ainda guarda um resto de ritmo e vem para o chão dançando.
Se o Criador e Pai ama de tal modo o ritmo, a harmonia, longe de ser uma ofensa é homenagem carinhosa – e provavelmente uma verdade perfeita – concluir: “Tu mesmo danças, Senhor!”
D. Helder Câmara
UM OLHAR SOBRE A CIDADE, 3ª edição/2009-PAULUS
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
domingo, 16 de dezembro de 2012
Alegrai-vos sempre no Senhor
Irmãos: Alegrai-vos sempre no Senhor.
Novamente vos digo: alegrai-vos.
Seja de todos conhecida a vossa bondade.
O Senhor está próximo.
Não vos inquieteis com coisa alguma;
mas em todas as circunstâncias,
apresentai os vossos pedidos diante de Deus,
com orações, súplicas e acções de graças.
E a paz de Deus, que está acima de toda a inteligência,
guardará os vossos corações
e os vossos pensamentos em Cristo Jesus.
Filip 4, 4-7
sábado, 15 de dezembro de 2012
sexta-feira, 14 de dezembro de 2012
Aqui tens a tua Mãe!
(Jesus al ver a su madre
al pie de la cruz
y a su lado al discipulo amado
le dice a su madre
mujer, ahi tienes a tu hijo
luego voltea al discipulo
y le dice ahi tienes a tu madre)
si se acaba el vino en tu vida hoy
ahi tienes a tu madre
si solo hay tinajas pero no hay amor
ahi tienes a tu madre
si estas buscando acercarte a Dios
ahi tienes a tu madre
ahi tienes a tu madre
Ahi tienes a tu madre!
si no sabes como hacer una oracion
ahi tienes a tu madre
si la cruz te pesa para caminar
ahi tienes a tu madre
si no hay pentecostes en tu corazon
ahi tienes a tu madre
ahi tienes a tu madre
Ahi tienes a tu madre!
si estas padeciendo una enfermedad
ahi tienes a tu madre
si esta pidiendo fuerte a la hora del dolor
ahi tienes a tu madre
si te encuentras sumido en desesperacion
ahi tienes a tu madre
ahi tienes a tu madre
Ahi tienes a tu madre!
quinta-feira, 13 de dezembro de 2012
Os amigos são a forma de Deus cuidar de nós
Pela amizade que você me devota,
por meus defeitos que você nem nota...
Por meus valores que você aumenta,
por minha fé que você alimenta...
Por esta paz que nós nos transmitimos,
por este pão de amor que repartimos...
Pelo silêncio que diz quase tudo,
por este olhar que me reprova mudo...
Pela pureza dos seus sentimentos,
pela presença em todos os momentos...
Por ser presente, mesmo quando ausente,
por ser feliz quando me vê contente...
Por ficar triste, quando estou tristonha,
por rir comigo quando estou risonha...
Por repreender-me, quando estou errada,
por meu segredo, sempre bem guardado...
Por seu segredo, que só eu conheço,
e por achar que apenas eu mereço...
Por me apontar pra DEUS a todo o instante,
por esse amor fraterno tão constante...
Por tudo isso e muito mais eu digo
'DEUS TE ABENÇOE AMIGO!'
por meus defeitos que você nem nota...
Por meus valores que você aumenta,
por minha fé que você alimenta...
Por esta paz que nós nos transmitimos,
por este pão de amor que repartimos...
Pelo silêncio que diz quase tudo,
por este olhar que me reprova mudo...
Pela pureza dos seus sentimentos,
pela presença em todos os momentos...
Por ser presente, mesmo quando ausente,
por ser feliz quando me vê contente...
Por ficar triste, quando estou tristonha,
por rir comigo quando estou risonha...
Por repreender-me, quando estou errada,
por meu segredo, sempre bem guardado...
Por seu segredo, que só eu conheço,
e por achar que apenas eu mereço...
Por me apontar pra DEUS a todo o instante,
por esse amor fraterno tão constante...
Por tudo isso e muito mais eu digo
'DEUS TE ABENÇOE AMIGO!'
Autor desconhecido
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
Bento XVI no Twitter
"Queridos amigos, é com alegria que entro em contacto convosco via twitter. Obrigado pela resposta generosa. De coração vos abençoo a todos." Bento XVI
Este é o primeiro tweet do Papa em suas contas no Twitter (@pontifex_pt) Confira: http://bit.ly/UAGSlI
terça-feira, 11 de dezembro de 2012
Parabéns, Zimbórios!
Segundo consta, parece que o ZIMBORIOS fez ontem 4 anos de existência.
Obrigado aos 95 seguidores e aos cerca de 110.000 visitantes.
Todo este trabalho e dedicação ao longo destes anos
só foi possível graças à vossa visita e presença fiel
que se tornou um estímulo para continuar a partilhar
tanto material que me chega todos os dias
para que, enriquecidos com as dávidas de uns e de outros,
possamos ver mais alto e ir mais longe!
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Confiança sem limites
«Parece-me que o bom Deus lhe pede
um abandono e confiança sem limites
nas horas dolorosas
em que sente esses terríveis vazios.
Pense que, nessa altura,
Ele está a escavar na sua alma
maiores capacidades para O receber,
quer dizer, de algum modo infinitas como Ele mesmo.
Tente, então, pela vontade,
ficar inteiramente feliz,
mesmo sob a mão que a crucifica;
dir-lhe-ei até que encare cada sofrimento,
cada provação,
como uma “prova de amor”,
que lhe venha directamente da parte do bom Deus,
para se unir a Ele.»
B. Isabel da Trindade, Carta 249
Meu Pai, como é difícil
por um acto de “vontade
ficar inteiramente feliz”,
quando a minha realidade interior ou exterior é dolorosa!
Eu sei,
estou habituado a guiar-me pelo que sinto
e não pela vontade orientada pela razão.
Ajudai-me,
pois este é o único caminho
que me faz exercitar a fé:
iluminado pela razão
e agindo pela vontade,
procurarei, com a Vossa graça,
não ficar no que sinto,
no doloroso ou gozoso da vida,
mas desejo oferecer-Vos tudo
como um “sacrifício de louvor”.
domingo, 9 de dezembro de 2012
Restolho
Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário
Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração
Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda
Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar pra aprender a viver
e a vida não é existir sem mais nada
a vida não é dia sim, dia não
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração
sábado, 8 de dezembro de 2012
sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
A vida como um jogo
A despedida do presidente da Coca-Cola foi o menor discurso de Bryan Dyson, que disse ao cessar fuñções à frente desta empresa:
"Imagine a vida como um jogo em que você esteja fazendo malabarismos com cinco bolas no ar. Estas são: Trabalho - Família - Saúde - Amigos e a sua Vida Espiritual... e você terá de mantê-las todas no ar.
Logo você vai perceber que o Trabalho é como uma bola de borracha. Se soltá-la ela rebate e volta. Mas as outras quatro bolas: Família, Saúde, Amigos e Espírito, são frágeis como vidros. Se você soltar qualquer uma destas, ela ficará irremediavelmente lascada, marcada, com arranhões, ou mesmo quebradas, vale dizer, nunca mais será a mesma.
Deve entender isto: tem que apreciar e esforçar para conseguir cuidar do mais valioso. Trabalhe eficientemente no horário regular do escritório e deixe o trabalho no horário. Gaste o tempo requerido à tua família e aos seus amigos. Faça exercício, coma e descanse adequadamente. E sobre tudo... Cresça na sua vida interior, no espiritual, que é o mais transcendental, porque é eterno.
Shakespeare dizia: "Sempre me sinto feliz, sabes por quê? Porque não espero nada de ninguém. Esperar sempre dói. Os problemas não são eternos, sempre têm solução. O único que não se resolve é a morte. A vida é curta, por isso, ame-a! Viva intensamente e recorde:
Antes de falar... Escute!
Antes de escrever... Pense!
Antes de criticar... Examine!
Antes de ferir... Sente!
Antes de orar... Perdoe!
Antes de gastar... Ganhe!
Antes de render... Tente de novo!
ANTES DE MORRER... VIVA!"
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Conta comigo sempre
Conta comigo sempre. Desde a sílaba inicial até à última gota de sangue. Venho do silêncio incerto do poema e sou, umas vezes constelação e outras vezes árvore, tantas vezes equilíbrio, outras tantas tempestades. A nossa memória é um mistério, recordo-me de uma música maravilhosa que nunca ouvi, na qual consigo distinguir com clareza as flautas, os violinos, o oboé.
O sonho é, e será sempre e apenas, dos vivos, dos que mastigam o pão amadurecido da dúvida e a carne deslumbrada das pupilas. Estou entre vazios e plenitudes, encho as mãos com uma fragilidade que é um pássaro sábio e distraído que se aninha no coração e se alimenta de amor, esse amor acima do desejo, bem acima do sofrimento.
Conta comigo sempre. Piso as mesmas pedras que tu pisas, ergo-me da face da mesma moeda em que te reconheço, contigo quero festejar dias antigos e os dias que hão-de vir, contigo repartirei também a minha fome mas, e sobretudo, repartirei até o que é indivisível.
Tu sabes onde estou. Sabes como me chamo. Estarei presente quando já mais ninguém estiver contigo, quando chegar a hora decisiva e não encontrares mais esperança, quando a tua antiga coragem vacilar. Caminharei a teu lado. Haverá decerto algumas flores derrubadas, mas haverá igualmente um sol limpo que interrogará as tuas mãos e que te ajudará a encontrar, entre as respostas possíveis, as mais humildes, quero eu dizer, as mais sábias e as mais livres.
Conta comigo. Sempre.
Joaquim Pessoa
in ANO COMUM (Litexa, 2011)
segunda-feira, 3 de dezembro de 2012
Cadeira do encontro
O sacerdote foi chamado para orar por um homem muito enfermo. Quando o
sacerdote entrou no quarto, encontrou o pobre homem na cama com a cabeça
apoiada num par de almofadas. Havia uma cadeira ao lado da cama, fato que levou
o sacerdote a pensar que o homem estava aguardando a sua chegada.
- Suponho que estava me esperando?- disse o sacerdote.
- Não, quem é você? - respondeu o homem enfermo.
- Sou o sacerdote que a sua filha chamou para orar por você; quando entrei e vi a cadeira vazia ao lado da sua cama, imaginei que você soubesse que eu viria visitá-lo.- Ah sim, a cadeira! Entre e feche a porta.
- Sou o sacerdote que a sua filha chamou para orar por você; quando entrei e vi a cadeira vazia ao lado da sua cama, imaginei que você soubesse que eu viria visitá-lo.- Ah sim, a cadeira! Entre e feche a porta.
Então o homem
enfermo lhe disse:
- Nunca contei para ninguém, mas passei toda a minha vida sem ter aprendido
orar. Não sabia direito como se deve orar. E nunca dei muita importância para a
ração. Pensava que Deus estava muito distante de mim.
Assim sendo, há muito tempo abandonei por completo a ideia de falar com
Deus. Até que um amigo me disse: “José, orar é muito simples. Orar é conversar
com Jesus, e isto eu sugiro que você nunca deixe de fazer...você se senta numa
cadeira e coloca outra cadeira vazia na sua frente. Em seguida, com muita fé, você
imagina que Jesus está sentado ali, bem diante de você. Afinal Jesus mesmo
disse: “Eu estarei sempre com vocês”. Portanto, você pode falar com Ele e
escutá-lo, da mesma maneira como está fazendo comigo agora.
- Pois assim eu procedi e me adaptei à ideia. Desde então, tenho conversado
com Jesus durante umas duas horas diárias. Tenho sempre muito cuidado para que
a minha filha não me veja pois me internaria num manicômio imediatamente. O
sacerdote sentiu uma grande emoção ao ouvir aquilo, e disse a José que era
muito bom o que estava fazendo e que não deixasse nunca de fazê-lo.
Em seguida orou com ele e foi embora. Dois dias mais tarde, a filha de José
comunicou ao sacerdote que seu pai havia falecido. O sacerdote então perguntou:
- Ele faleceu em paz?
- Sim, quando eu estava me preparando para sair, ele me chamou ao seu
quarto. Ele disse que me amava muito e me deu um beijo. Quando eu voltei das
compras, uma hora mais tarde, já o encontrei morto. Porém há algo de estranho
em relação à sua morte, pois aparentemente, antes de morrer, chegou perto da cadeira
que estava ao lado da cama e encostou a cabeça nela. Foi assim que eu o
encontrei. Porque será isto? – perguntou a filha.
O sacerdote, profundamente emocionado, enxugou as lágrimas e respondeu:
- Ele partiu nos braços do seu melhor amigo.
domingo, 2 de dezembro de 2012
Porque devem os pais pôr os filhos a chorar?
A ideia de fazer tudo para que os filhos sejam felizes, evitando que chorem, está ultrapassada. A teoria de disciplinar sem que a criança chore está desactualizada, diz Gordon Neufeld, psicólogo clínico canadiano que esteve em Portugal no final da semana.
“As crianças precisam da tristeza, da tragédia para crescerem. Precisam de ter as suas lágrimas”, defende. Nos primeiros meses e anos de vida, o “não” dito pelos pais ajuda a disciplinar, em vez de estragar a criança. “Estamos a perder isso na nossa sociedade, não admira que as crianças estejam estragadas com mimos. Afinal, elas são sempre as vencedoras”, continua o investigador que esteve em Lisboa a convite da empresa BeFamily, do Fórum Europeu das Mulheres, da Associação Portuguesa de Famílias Numerosas e da Associação Portuguesa de Imprensa.
Na conferência sob o lema “Vínculos Fortes, Filhos Felizes”, Neufeld defende que só se atinge o bem-estar através da educação e que esta deve estar a cargo das famílias e não do Estado. E para garantir o bem-estar de qualquer ser humano ou sociedade é necessário preencher seis necessidades.
A primeira é o “aprender a crescer” e para isso há que chorar, é preciso que a criança seja confrontada, que viva conflitos, de maneira a amadurecer, a tornar-se resiliente, a saber viver em sociedade.
A segunda necessidade é a de a criança criar vínculos profundos com os adultos, estabelecer relações fortes. Como é que se faz? “Ganhando o coração dos filhos. É preciso amarmos e eles amarem-nos. Temos de ter o seu coração, mas perdemos essa noção”, lamenta o especialista que conta que, quando lhe entram na consulta pais preocupados com o comportamento violento dos filhos, a primeira pergunta que faz é: “Tem o coração do seu filho?”, uma questão que poucos compreendem, confidencia.
E dá um exemplo: Qual é a principal preocupação dos pais quanto à escola? Não é saber qual a formação do professor ou se este é competente. O que os pais querem saber é se a criança gosta do docente e vice-versa. “E esta relação permite prever o sucesso académico da criança”, sublinha Neufeld, reforçando a importância de “estabelecer ligações”.
E esta ligação deve ser contínua – a terceira necessidade –, de maneira a evitar problemas. Neufeld recorda que o maior medo das crianças é o da separação. Quando estão longe dos pais, as crianças começam a ficar ansiosas e esse sentimento pode crescer com elas, daí a permanente procura de contacto, por exemplo, entre os adolescentes com as mensagens enviadas por telemóvel ou nas redes sociais, muitas vezes, ligando-se a pessoas que nem conhecem, alerta o especialista.
O canadiano recomenda que os pais estabeleçam pontes com os seus filhos. Quando a hora da separação se aproxima, há que assegurar que o reencontro vai acontecer. Antes de sair da escola, dizer “até logo”; à hora de deitar, prometer “vou sonhar contigo”.
Mas a separação não é só física, há palavras que separam como “tu és a minha morte” ou “tu és a minha vergonha”. Mesmo quando há problemas graves para resolver, a frase “não te preocupes, serei sempre teu pai” ajuda a lembrar que a relação entre pai e filho é mais importante do que o problema. Hold on to your kids é o nome do livro que escreveu e onde defende esta teoria.
As crianças precisam que os pais assumam a responsabilidade da relação, que mantenham e alimentem a relação, de modo a que elas possam descansar e, nesse período, desenvolver outras competências. Uma criança que está ansiosa pela atenção dos pais não está atenta na escola, por exemplo.
Brincar é a quinta necessidade a suprir. Não há mamífero que não brinque e é nesse contexto que se desenvolve, aponta Neufeld. E brincar não é estar à frente de uma consola ou de um computador; é “movimentar-se livremente num espaço limitado”, não é algo que se aprenda ou que se ensine. E, neste ponto, Neufeld critica o facto de as crianças irem cada vez mais cedo para a escola, o que não promove o desenvolvimento da brincadeira. “Os ecrãs estão a sufocar a brincadeira e as crianças não têm tempo suficiente para brincarem”, nota o psicólogo clínico que, nas últimas semanas, fez um périplo por vários países europeus, tendo sido ouvido no Parlamento Europeu, em Bruxelas sobre “qualidade na infância”.
Por fim, a sexta necessidade é a de ter capacidade de sentir as emoções, de ter um “coração sensível”. “Estamos tão focados em questões de comportamento, de aprendizagem, de educação; em definir o que são traumas; que nos esquecemos do que são os sentimentos. As crianças estão a perder os sentimentos quando dizem ‘não quero saber’, ‘isso não me interessa’, estão a perder os seus corações sensíveis”, diz Neufeld.
Em resumo, é necessário que os pais criem uma forte relação emocional com os filhos, de maneira a que estes sejam saudáveis. Os pais são os primeiros e são insubstituíveis na educação dos filhos e são eles que devem ser responsáveis pelo seu desenvolvimento integral e felicidade. Se assim for, estarão também a contribuir para o bem-estar da sociedade.
Na conferência sob o lema “Vínculos Fortes, Filhos Felizes”, Neufeld defende que só se atinge o bem-estar através da educação e que esta deve estar a cargo das famílias e não do Estado. E para garantir o bem-estar de qualquer ser humano ou sociedade é necessário preencher seis necessidades.
A primeira é o “aprender a crescer” e para isso há que chorar, é preciso que a criança seja confrontada, que viva conflitos, de maneira a amadurecer, a tornar-se resiliente, a saber viver em sociedade.
A segunda necessidade é a de a criança criar vínculos profundos com os adultos, estabelecer relações fortes. Como é que se faz? “Ganhando o coração dos filhos. É preciso amarmos e eles amarem-nos. Temos de ter o seu coração, mas perdemos essa noção”, lamenta o especialista que conta que, quando lhe entram na consulta pais preocupados com o comportamento violento dos filhos, a primeira pergunta que faz é: “Tem o coração do seu filho?”, uma questão que poucos compreendem, confidencia.
E dá um exemplo: Qual é a principal preocupação dos pais quanto à escola? Não é saber qual a formação do professor ou se este é competente. O que os pais querem saber é se a criança gosta do docente e vice-versa. “E esta relação permite prever o sucesso académico da criança”, sublinha Neufeld, reforçando a importância de “estabelecer ligações”.
E esta ligação deve ser contínua – a terceira necessidade –, de maneira a evitar problemas. Neufeld recorda que o maior medo das crianças é o da separação. Quando estão longe dos pais, as crianças começam a ficar ansiosas e esse sentimento pode crescer com elas, daí a permanente procura de contacto, por exemplo, entre os adolescentes com as mensagens enviadas por telemóvel ou nas redes sociais, muitas vezes, ligando-se a pessoas que nem conhecem, alerta o especialista.
O canadiano recomenda que os pais estabeleçam pontes com os seus filhos. Quando a hora da separação se aproxima, há que assegurar que o reencontro vai acontecer. Antes de sair da escola, dizer “até logo”; à hora de deitar, prometer “vou sonhar contigo”.
Mas a separação não é só física, há palavras que separam como “tu és a minha morte” ou “tu és a minha vergonha”. Mesmo quando há problemas graves para resolver, a frase “não te preocupes, serei sempre teu pai” ajuda a lembrar que a relação entre pai e filho é mais importante do que o problema. Hold on to your kids é o nome do livro que escreveu e onde defende esta teoria.
A importância de brincar
A quarta necessidade a ter em conta para garantir o bem-estar dos filhos é a necessidade de descansar. Cabe aos adultos providenciar o descanso e este passa por os pais serem pessoas seguras e que assegurem a relação com os filhos.As crianças precisam que os pais assumam a responsabilidade da relação, que mantenham e alimentem a relação, de modo a que elas possam descansar e, nesse período, desenvolver outras competências. Uma criança que está ansiosa pela atenção dos pais não está atenta na escola, por exemplo.
Brincar é a quinta necessidade a suprir. Não há mamífero que não brinque e é nesse contexto que se desenvolve, aponta Neufeld. E brincar não é estar à frente de uma consola ou de um computador; é “movimentar-se livremente num espaço limitado”, não é algo que se aprenda ou que se ensine. E, neste ponto, Neufeld critica o facto de as crianças irem cada vez mais cedo para a escola, o que não promove o desenvolvimento da brincadeira. “Os ecrãs estão a sufocar a brincadeira e as crianças não têm tempo suficiente para brincarem”, nota o psicólogo clínico que, nas últimas semanas, fez um périplo por vários países europeus, tendo sido ouvido no Parlamento Europeu, em Bruxelas sobre “qualidade na infância”.
Por fim, a sexta necessidade é a de ter capacidade de sentir as emoções, de ter um “coração sensível”. “Estamos tão focados em questões de comportamento, de aprendizagem, de educação; em definir o que são traumas; que nos esquecemos do que são os sentimentos. As crianças estão a perder os sentimentos quando dizem ‘não quero saber’, ‘isso não me interessa’, estão a perder os seus corações sensíveis”, diz Neufeld.
Em resumo, é necessário que os pais criem uma forte relação emocional com os filhos, de maneira a que estes sejam saudáveis. Os pais são os primeiros e são insubstituíveis na educação dos filhos e são eles que devem ser responsáveis pelo seu desenvolvimento integral e felicidade. Se assim for, estarão também a contribuir para o bem-estar da sociedade.
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