Se eu pudesse voltar a viver a minha vida,
da próxima vez gostava de errar mais vezes.
Era sinal de que tinha arriscado mais…
Descontraía.
Faria mais disparates.
É enorme a quantidade de coisas que levaria menos a sério!
Corria mais riscos.
Acreditava mais…
Não teria dado espaço a tantos medos,
não estaria sempre a perguntar-me se tinha feito bem ou feito mal!
Levaria até ao fim as minhas escolhas.
Sim, acho que me libertava do medo de me enganar.
Subia mais montanhas e nadava em mais rios…
Convidava os meus amigos lá a casa,
mesmo que tivesse nódoas na carpete;
usava aquela vela em forma de rosa
antes de ela se ter estragado no armário da sala;
sentava-me na relva com os meus filhos
sem me preocupar com as manchas verdes na roupa.
Tinha rido e chorado menos em frente da televisão
e mais em frente da vida.
Tinha contado mais anedotas e visto o lado cómico das coisas.
Tinha descoberto menos dramas em cada esquina,
e inventado mais aventuras.
Se calhar, tinha mais problemas reais,
mas menos problemas imaginários.
É que, sabem,
sou uma dessas pessoas que vive com sensibilidade e sanidade
hora após hora, dia após dia.
Oh, também tive os meus momentos…
e se pudesse fazer tudo de novo, outra vez, tinha muitos mais.
De facto, não tentaria ter mais nada se não aquilo que me fizesse feliz.
Deixaria de viver tantos anos à frente de cada dia.
Sou dessas pessoas que nunca foi a lado nenhum sem termómetro,
botija de água quente, casaco para a chuva e pára-quedas.
Se pudesse fazer tudo outra vez, viajava mais leve do que viajei.
Se tivesse a minha vida para viver de novo,
começava mais cedo a andar descalça na Primavera,
e ficava sempre assim, mesmo mais tarde, enquanto o Outono deixasse.
Ia a mais bailes.
Cantava muitas mais canções.
Diria muitos mais “Amo-te!” e “Desculpa…”
E apanharia mais papoilas.
Sim, adoro papoilas!
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